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domingo, 13 de maio de 2012

Perguntinha complicada...











“O tempo é o melhor autor, sempre encontra um final perfeito”
(Charlie Chaplin)

- Taline?
- Oi.
- Como termina um relacionamento?
Foi assim que começou uma conversa e com ela uma tempestade de pensamentos e lembranças que me fizeram correr para a folha em branco e escrever.
Perguntinha difícil essa, especialmente para ser respondida em uma segunda-feira perto das onze horas da noite... Existem coisas que não são passiveis de definição, muito menos de esclarecimentos objetivos como uma conta matemática.
- Quanto é 2 +2?
Não... Com os sentimentos as coisas não começam assim e muito menos terminam. A conta nunca é exata, sempre tem um resto, um zero a mais, uma dízima que parece não ter fim. Relacionamentos, creio eu, devem terminar do mesmo jeito que começaram, com a certeza de que a decisão a ser tomada é aquela, que é única e sem espaço para arrependimentos.
A mesma certeza que impulsionou o primeiro beijo, o frio na espinha no primeiro encontro, a ansiedade de esperar por um telefonema, a vontade de estar por perto o tempo todo, enfim... Toda aquela certeza deve estar presente no final de um relacionamento, com a mesma força e intensidade, pois se ela não estiver, provavelmente ainda não é o fim.
É por isso que muitos relacionamentos se arrastam, muitas vezes por anos, mesmo com o insucesso já anunciado. Aposto que você conhece alguém, ou já ouviu alguma história de um relacionamento que durou 5, 8, 10, 12 anos e por fim acabou bem longe do altar.
Pois é... Para se terminar um relacionamento é preciso resgatar a certeza de que não se quer mais aquele beijo, é preciso não sentir mais um frio na barriga quando encontra a outra pessoa e ter a convicção de que não quer mais aquela companhia o tempo todo, caso contrário pode estar tomando uma atitude precipitada, e quando o assunto é amor...Ah! Precipitação é sinônimo de confusão e arrependimento.
 O mais complicado, é que neste impasse, temos que admitir que sentimentos são volúveis e frequentemente nos pregam peças. Por vezes é possível acreditar que o amor acabou, que já não se sente mais nada, que nunca mais quer ver o fulano na sua frente, nem pintado de ouro. Mas pode em poucas horas e até mesmo em alguns minutos descobrir que tinha sido apenas raiva, tristeza, falta de motivação ou decepção e conforme o rancor vai passando, reabre espaço para aquela certeza do “felizes para sempre” e o fim fica para depois, ou não fica.
O risco maior está na acomodação. Essa incerteza do talvez, do “já passou” pode frequentemente gerar um sentimento que muitos casais compartilharam antes do fatídico ponto final, aquele medo de não saber mais como é estar sozinho. Aquela angustia só de pensar em recomeçar, a aflição de saber que o outro pode ser feliz ao lado de alguém que não seja você. E isso tudo, acaba deixando que a raiva, a tristeza e a decepção se acumulem, fiquem ali adormecidas, como se um manto acalmasse os ânimos só para que não houvesse a necessidade de fazer o que, ao meu ver, é uma das coisas mais difíceis da vida: tomar uma decisão.
Só nos esquecemos de que o que fica adormecido, acumulado, não resolvido, uma hora reaparece e o que tinha tudo para ser um simples obstáculo torna-se o início de discussões sem fim, culminando por vezes na falta de respeito e na incompatibilidade relatada no final de muitos relacionamentos.
Acho que podemos sintetizar relacionamentos em um ciclo, que em nossas vidas devem ter um único ponto de partida e chegada: a certeza. Se você tem certeza: comece! Se você tem certeza: termine! Mas nunca use o talvez, pois quando o assunto é coração...Ah! Melhor não tentar explicar o que é tão relativo que não cabe no talvez e ao mesmo tempo é tão exato que se encaixa perfeitamente em um simples sim ou não.
Em suma, diria que não existe receita para o fim, assim como ninguém prevê ou escolhe o começo. Não existe a melhor maneira, nem um jeito certo de se fechar ciclos. Creio que seja apenas preciso, em todas as fases e aspectos de nossas vidas e, principalmente para se efetivar esse ponto final, muita certeza, pois diferente da matemática que é real e exata, os sentimentos, se não estiverem respaldados pela certeza, acabarão por nos deixar eternamente presos em uma crise, alimentada diariamente pela dúvida do não saber...

Ilustração de: Carlos Ruas. Disponível em: http://www.umsabadoqualquer.com/ 

4 comentários:

Taline Libanio disse...

Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo/SP, no dia 12/05/2012. Aguardo comentários!

A Magia de ser Você!!!! disse...

Como sempre arrrassssaaaannnndooo!
Vdd, deveria existir uma fórmula, para terminar um relacionamento...doeria menos e recomeçaríamos as nossas vidas mais rápido e com menos culpa e menos tudo!!!
Parabéns

Lu Bombach disse...

Ainda bem que tanto a vida como os relacionamentos não obedecem à lógica matemática... caso contrário teríamos ao invés de poetas e filósofos, apenas engenheiros e físicos! rs Parabéns pelo texto! bjs

Anônimo disse...

Taline obrigada por mais uma vez nos proporcionar reflexões em torno desse tema tão complicado que é o relacionamento humano, em suas mais variadas dimensões.
Quanto a pergunta não acho complicado, mas a resposta demais....
Parafraseando Amyr Klink lembro "que o maior perigo de uma viagem é não partir". Assim, vamos continarmos inciando e se necessário terminando relacionamentos, ou quem sabe apenas transformando esses relacionamentos, quem sabe essa é a saída para não precisar terminar..............

Beijos, continue sempre buscando nos (re)começos...........