Felizmente para alguns e para a tristeza de tantos outros os ponteiros adiantaram-se uma hora na última semana e o horário brasileiro de verão começou nas regiões sul, sudeste, centro-oeste e no estado da Bahia que neste ano também aderiu à ideia. Para quem gosta do período, neste ano o deleite será longo: cento e trinta e três dias (o período mais longo desde 1985) que poderão significar a economia de até cem milhões de reais para o país devido à possibilidade de se poupar energia nos dias de luz estendida.
Contudo, escutei muitas pessoas
reclamando esta semana sobre a mudança do horário de verão. Foram inúmeras
reclamações de atraso, de acordar de madrugada e dormir com o sol a pino. Além
da dificuldade de se acostumar com o novo fuso horário foram incansáveis as
reclamações sobre o dia estar mais curto. Escutei isso no ônibus, na academia,
na fila da padaria e até no consultório médico.
Sinceramente não consigo entender
essa dificuldade de se adaptar ao horário de verão. Particularmente adoro esse
período e ao contrário de muitos, acho que meus dias ficam mais longos, mais
produtivos e me sinto bem mais disposta.
O fato é que se adiantamos uma
hora no relógio não quer dizer que perdemos um dia. Foi só uma hora, quantas
vezes você não teve que acordar uma hora mais cedo do que o programado? Foi apenas
isso, dormimos no sábado certos de que acordaríamos uma hora mais cedo no
domingo, só isso nada mais.
É claro que com isso o dia demora
um pouco mais para despertar, o sol preguiçoso começa a dar sua cara um pouco
mais tarde do que de costume, mas nada comparado ao exagero dito por alguns que
afirmam que se acordarem às sete da manhã terão que andar com uma lanterna acesa
pela rua.
Além do que, a recompensa do dia
tardio vem rápida, bem ali no final da tarde, quando o sol se estende até quase
oito da noite, num colorido gostoso. Permiti-me mudar até o percurso que faço
para ir ao trabalho e voltar da academia nesses dias, descobri na luz do dia
lugares que nem cogitava imaginar bem ali no meio do meu caminho.
Acho inclusive que os dias ficam
mais longos com o horário de verão. Pode ser pelo fato de me caracterizar como
alguém de hábitos diurnos que não funciona muito bem à noite, mas tenho
conseguido fazer um monte de coisa que antes estavam esquecidas, pois a elas
nunca sobrava tempo.
A única dificuldade que tenho é
de adaptar-me a este dia iluminado estendido, frequentemente me perco nos
ponteiros do horário de verão e quando dou conta já passou da hora de dormir.
Mas não vejo isso como algo negativo, é um bom sinal, não ver o tempo passar é
sinônimo de realização.
Quando estamos nos dedicando a
algo importante, ou ao lado de uma companhia agradável dificilmente lembramos
do relógio. O tempo parece passar apressado, mas na verdade o que acontece é
que ele foi bem aproveitado, só isso.
Já ficou ocioso por um longo
período? Creio que apenas o ócio é capaz de nos mostrar quanto tempo temos. O
que nos falta é coragem para administrá-lo. E digo coragem e não sabedoria,
pois a maioria de nós sabe exatamente com o quê deve gastar mais tempo, mas
geralmente não o faz por medo, pela rotina ou pela pressão do senso comum.
Se pudesse dizer algo a todos que
reclamaram do horário de verão nesta semana seria justamente isso, não importa
se é horário de verão, de primavera, outono ou inverno. Não importa se o dia é
mais longo ou curto ou se a noite invade o dia madrugada afora, muito menos se
perdemos uma hora. O dia continua tendo suas vinte e quatro horas, todas ali,
cravadas, cabe a nós fazer deste tempo um tempinho ou um tempão. Aliás, fica
aqui a sugestão, ao invés de horário de verão, acho que poderíamos chamá-lo de
horário de tempão, ou melhor: Horário de tempo bom!
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