"Eu ouvi você
me dizer que sim
mas era silêncio o que havia
quando dei por mim..."
me dizer que sim
mas era silêncio o que havia
quando dei por mim..."
(Adriana Calcanhotto)
Já faz alguns dias que tenho
vivenciado uma sensação estranha e que tem me causado inquietude. Acordo, vivo
e durmo com uma sensação de nostalgia que não sei explicar. É uma saudade
doída, intensa e sem dono.
Por vezes tenho a sensação de ser
saudade de algo que ainda não vivi, ou já vivi em uma outra existência, outro
plano, como se buscasse a cada segundo do dia um reencontro, uma vivência que
tem me causado ansiedade e tristeza em alguns momentos.
É a sensação constante de que a
qualquer momento essa saudade vai ser saciada, seja em um esbarrão ao virar a
esquina, ou em uma conversa no elevador. É como se quando menos se esperasse o
motivo de tanta nostalgia se apresentasse com forma e nome definido bem na
minha frente, me fazendo entender o porquê de tanta ansiedade.
Acontece que enquanto isso não
ocorre, fico brigando com meus sentimentos, com medo de estar enlouquecendo a
cada dia que vou me deitar e penso em alguém que não existe. E penso com tanta
propriedade que é como se ele estivesse apenas viajando e em breve retornará,
entrando pela porta da frente com um sorriso nos lábios.
Já tive sonhos incríveis com esse
alguém, em uma única vez consegui observar bem seu rosto, mas ao acordar a
fisionomia foi desaparecendo e a saudade que antes tinha cara, hoje não tem
lenço, nem documento, só tamanho e este tem aumentado a cada dia.
O problema maior, é que não
existe ninguém que se enquadre nessa saudade. Não é saudade de família, de
amigos, de um amor, não é saudade de um lugar, de uma coisa, de um momento. É
uma vontade de viver algo que eu nem sei o que é. Não gosto de me sentir assim,
não gosto de nada que foge do meu controle, que me faz mais insegura, além do
que já sou costumeiramente.
Ontem passei boa parte da noite
pensando nisso, tentando identificar a quem esse sentimento pertence. Tentei
fazer ligações com pessoas do passado, do presente, mas descobri que esse
sentimento é meu e de mais ninguém.
É uma vontade de viver algo intenso,
é a necessidade de um toque, de um afago, de uma palavra que não pode ser
substituída, que não pode ser teatralizada, pois ainda não foi inventada, não aconteceu.
Será que alguém já sentiu isso
antes? É como se eu morresse de saudade, um pouquinho a cada dia, do que era
para me fazer viver.
A verdade é que tem um espaço
aberto, vazio e que parece estar longe de ser preenchido. Creio que apenas uma
pessoa chegou bem perto de fazer deste seu espaço cativo, as demais rodearam aqui
e ali, mas não permiti que entrassem, não demonstraram vontade, nem interesse
em viver o que é muito maior que um simples enredo de romance.
Hoje, neste momento, eu desejo
que esta saudade passe. Desejo não ter mais saudade sem motivo, sem ter em quem
pensar, ou do que lembrar por que isso além de muito estranho, é triste.
Espero que esta saudade vá embora
rápido, galopando, espero que ela suma de vez, de preferência substituída por
momentos reais que podem até se tornar lembranças futuramente, mas neste caso,
a saudade que pode aparecer virá acompanhada de cor, cheiro, cara, nome e sobrenome,
e desta saudade eu até sinto saudade...
O problema mesmo é quando
permanece essa saudade sem que, nem por quê...Esta saudade não sei de que...
2 comentários:
Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo/SP, no dia 28/04/12. Aguardo comentários!
Fantástico Taline... Conheço bem esse sentimento... Já o vivi antes... Por diversas vezes até... Que bom saber que não é uma "loucura exclusiva" rs A minha reaparece no outono... E em alguns anos custa a ir embora...
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