“Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha (...)”
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha (...)”
(Lua
Adversa – Cecília Meireles)
Fazia tempo que não me deparava
com uma cena digna de ser imortalizada em um texto. Os dias tem sido monótonos
na grande cidade. A rotina tomou conta das minhas manhãs e tardes e a noite
pouco tem sido observada ultimamente.
Vou dormir cansada, sem tempo de
olhar pela janela e avistar as poucas estrelas que pintam o céu daqui. Acordo
atrasada, com pouca disposição para me deparar com o sol que insiste em me
cegar e o dia transcorre assim, sem muita cor, sem muitos detalhes.
Mas na última semana fui
presenteada por três acontecimentos incríveis, que juntos mereciam um enredo de
cinema.
O primeiro deles foi a “Super lua”
que pintou o céu e desenhou a lua em sua melhor e maior forma. Brilhante,
cheia, capaz de fazer suspirar até o pior dos rabugentos. Uma lua que exalava
poesia pintou o céu e clareou a noite me fazendo passar não um minuto, mas
várias horas com os olhos fixos nela.
Mas a surpresa maior veio no dia
seguinte, quando ao abrir a janela perto das seis horas da manhã, fui brindada
com um amanhecer enluarado, o mais incrível de todos os tempos. O sol nascia
tímido, clareando os prédios aos poucos e fazendo sombra por onde passava. E a
lua ali, imponente, nem se importava com a presença do astro rei, continuava
enorme, linda e sorrindo para mim, como se dissesse: Bom dia, isso é o suficiente para colocar fim na sua monotonia?
A mim, restou aplaudir. De pé.
Por minutos fiquei ali, esperando o sol chegar inteiro e me cegar, enquanto
admirava aquela bola cheia que tanto me inspira, aquela lua brilhante, naquele
dia toda ensolarada.
E depois de olhar para aquela
cena, que jamais sairá da minha lembrança, fiz uma longa oração e pedi que meus
olhos se abrissem para novos horizontes, para as pequenas e melhores coisas
desta vida, para aqueles detalhes que fazem toda a diferença.
E naquele mesmo dia minhas
orações foram atendidas... Ao sair do prédio escutei um som suave e que
destoava da imagem gélida do centro da cidade, com todo seu concreto e grades.
Era uma música simples, mas que chegava até a alma. Procurei a origem daquela
canção e avistei um homem sentado na frente de uma loja, ainda fechada, aguardando
o início do dia, tocando uma flauta doce.
Minha vontade era ficar ali,
parada, escutando aquele som, que me deu a sensação de estar mesmo em um enredo
de filme. O homem de quarenta e poucos anos, moreno, bem agasalhado e com uma
mochila nas costas, tocava o instrumento com os olhos fechados, sem se importar
com os olhares e a atenção que se voltava para ele.
Logo eu que tenho uma dificuldade
tremenda de despertar cedo, me vi extasiada por uma cena que poderia ter
passado despercebida, não fosse pela lua ensolarada que ainda pintava o céu e
me lembrava de que tudo o que preciso está aqui, dentro de mim, no meu olhar,
ele é único e capaz de transformar uma selva de pedra em um cenário de hollywood.
Sei que fui trabalhar com aquela
música na cabeça... Nunca mais vi aquele flautista por aqui, mas as manhãs
nunca mais foram as mesmas, pois sempre que coloco o pé na rua, tenho a
esperança de ouvir aquela música novamente e quando não a ouço, puxo pela
lembrança e vou cantarolando baixinho, enquanto vejo o dia nascer e a cidade
enlouquecer bem na frente dos meus olhos...
5 comentários:
Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo/SP, no dia 19/05/12.
Aguardo comentários! ;)
Olá Taline,
É tão bom ter dias assim...
Daqueles dias que ficam para o resto de nossas vidas na memória, não importanto o que aconteça, tal estará lá, sempre, para nos lembrar de que a vida vale a pena!
=)...lindo texto, acho q a sua lua doce adoçou meu dia!espero ver uma noite dessas um dia desses rs
bjos amiga!
Tamara
pessoas com a sua sensibilidade, conseguem passar em palavras e deixar o que é Divino, mais perfeito ainda....agora entendo cada vez mais pq o luar pertence aos poetas......
nossa! sem comentários... que lindo!
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