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domingo, 7 de junho de 2009

O rio amarelo



Em um reino muito distante existiam duas famílias muito diferentes que reinavam cada qual em seu espaço, separadas por um rio amarelo. Não se comunicavam, não sabiam a cor nem o odor do outro lado do rio. A vida era calma, cada qual fazia o que achava certo, divertia-se a sua maneira e assim a vida ia passando.
A família que vivia do lado direito do rio conservava pelos campos floridos muitas árvores e rios de águas límpidas, o céu era sempre azul, com o pôr-do-sol mais belo que já se viu. As pessoas adoravam deitar na relva e observar os pássaros que viviam livres, agradeciam dia-a-dia por tanta beleza. As crianças brincavam nos jardins, jogavam bola e soltavam pipa em dias de brisa fresca.
Do outro lado do rio os campos existiam também, mas serviam para o plantio de cana-de-açúcar ou pastagem de gado, as flores eram raras. Os rios eram largos, já não tinham peixes e cheiravam mal, mas abasteciam grandes indústrias que tornavam este lado do rio muito rico. As crianças quando desenhavam na escola pintavam o céu de cinza, afinal, céu azul só do lado direito do rio e lá elas nunca tinham ido, nem sabiam que cor era essa, aliás, poucas cores pintavam as casas e a vida desses moradores.
Em uma tarde fresca de verão a filha mais nova da família do lado direito do rio estava perambulando pelos limites do seu espaço, quando observou do outro lado do rio amarelo o filho mais novo daquela família. Os dois que nunca haviam se visto se olharam profundamente, a garota sentou-se na margem com os pés no rio amarelo e o garoto sentou-se à sua frente, olhavam-se incessantemente, tentando matar aquela absurda curiosidade, quantas diferenças, pensavam, foi então que ela disse:
- Olá, qual seu nome?
- Olá! Sou Romeu Poluição e você?
- Sou Julieta Todo Ambiente, você mora ai?
- Sim, moro desde que nasci. E você?
- Também, nunca sai do lado direito do rio. Você gosta de morar do outro lado?
- Gosto muito, aqui é bem divertido, cada dia há uma nova invenção tecnológica, uma nova comida, um novo perfume, hoje mesmo ganhei um novo jogo. E você gosta do lado direito?
- Sim, gosto muito, as flores nascem cada dia com uma cor, as árvores ganham novas folhas a cada primavera e eu adoro correr pelos campos, brincar, cantar, mas do que mais gosto mesmo é de uma pipa!
- Pipa? O que é isso? É de comer?
- Você não conhece uma pipa? É um brinquedo, você pode fazê-lo da cor que quiser e levá-lo até o céu, como se fosse um pássaro.
- Nossa! Parece bem legal, posso ver?
- Claro, vou buscar a minha preferida e já volto.
Julieta Todo Ambiente correu para casa e escolheu sua pipa preferida, era toda colorida, no céu parecia uma borboleta, levou também uma outra, afinal, soltar pipa com um amigo era bem mais divertido. Chegou até o rio amarelo e levou sua pipa para o alto de uma montanha, soltou a linha e veio correndo, chegando à beira do rio gritava irradiante ao novo amigo para que olhasse no céu.
Romeu Poluição ficou encantado com o que vira, nunca havia visto tantas cores, nem um céu tão azul, chegou a sentir um cheiro estranho, mas muito agradável que mais tarde veio saber que era de rosas de um campo ali próximo. Romeu Poluição sorriu, admirou-se com tanta beleza, sentiu uma paz tão grande e pensou: "que vontade de sentir-me assim para sempre!".
- Julieta Todo Ambiente será que posso tentar?
- Claro! Trouxe uma pipa para você! Venha para o lado direito do rio, aqui temos bons ventos!
- Será que devo? Meu pai sempre me proibiu de atravessar o rio amarelo, disse que sua família considerava a minha uma maldição!
- Já ouvi essa história também, mas que maldição um garoto como você poderia nos trazer? Você agora é meu amigo!
- Está bem!
É um, é dois, é três e já! Romeu Poluição deu um salto bem grande e atravessou o rio amarelo, apaixonado por toda aquela cor, pelo brilho do céu e pela luz dos olhos de Julieta Todo Ambiente.
Naquele mesmo instante o rio amarelo se secou, juntando os dois lados do reino, a família Poluição passou a freqüentar com grande periodicidade o espaço dos Todo Ambiente. As famílias nunca se entenderam muito bem, mas acabaram acostumando-se com a presença dos vizinhos. Um dia era uma árvore cortada ali, uma fumaça aqui, um campo de flores desfeito por plantações acolá e assim o reino foi se transformando, em nome desse amor proibido entre Romeu e Julieta.
Desde então a Poluição faz parte da vida de Todo Ambiente. O triste desta história é que com o passar dos anos, Romeu Poluição esqueceu-se do que lhe causara amor, esqueceu-se das cores, da brisa e do céu azul. Precisa, agora, ser lembrado do que lhe despertou paz uma vez na vida, para que possa educar com sabedoria seus trigêmeos com Julieta Todo Ambiente: os garotos Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, e a garotinha Responsabilidade Social.
O problema é que ele está muito confuso com tantas mudanças, talvez precise de ajuda para salvar este relacionamento e neste caso, em briga de marido e mulher se mete a colher sim. Dar uma nova cor a este casamento depende tanto de mim quanto de você. E então? Vamos pensar em uma forma de tornar este casamento sustentável?

2 comentários:

Taline Libanio disse...

Dia 05 de junho: Dia Mundial do Meio Ambiente!

Vamos preservar o que nos faz viver!

Marly Meyre disse...

que rio heim?

duas realidades que separadas sabem a diferença do que é viver .
grande beijo