“Para conquistarmos algo na vida não é
necessário, apenas força ou talento, é preciso, acima de tudo, ter vivido um
grande amor”.
Arnaldo Jabor
Dia dos namorados. Data
especialíssima para os comerciantes que adoram expor suas promoções e ganhar
dinheiro até falar chega. Data inesquecível para o primeiro beijo, o pedido de
casamento ou a chegada ao altar. Dia perfeito para receber flores, passear de
mãos dadas e observar a lua.
Isso tudo é claro para os casais
que já estão apaixonados e já se encontraram. No meu caso, até poderia me
enquadrar na parte dos apaixonados, pois vivo embasbacada por ai, até por quem
não devo, mas ainda não encontrei alguém para fazer par comigo no “modo” casal,
então o dia dos namorados, neste ano teve um outro significado.
Confesso que cheguei a esquecer
por algumas horas que era dia dos namorados. Mas bastou sair para ver faixas de
promoções enfatizando a data, carros de som, casais se despedindo mais
demoradamente, conversas no ônibus sobre o quanto se gastou com o presente do
namorado enfim...
Aliás, queria abrir um parêntese
sobre o quesito presente do dia dos namorados. Confesso que cansei, cansei
mesmo de ouvir mulheres e homens reclamando do quanto tinham gastado no presente
do companheiro, parecia que estavam pagando a conta de água do vizinho de tanta
indignação, então eu pergunto: Se não é de coração, se não fez bem, se vai te
deixar amargurado e com raiva do vendedor, da fatura do cartão de crédito e até
do namorado que pode retribuir com algo bem mais barato, por que comprar? Hein?
Ah sim, claro...Como pude
esquecer do fato de que o que importa mesmo na sociedade de hoje é o ter e não
o ser. Desculpe a pergunta, foi força do hábito.
Enfim... A verdade é que as coisas
de maior importância, de maior valor, não custam nada, mas algumas pessoas
custam a entender isso, não me conformo! Já desejei presentes maravilhosos de dia dos
namorados e ganhei muitos incríveis que nunca custaram mais do que dez reais...
Um cartão, uma declaração, uma flor roubada no jardim, um sorriso, uma visita
surpresa, um jantar em casa, um bilhetinho escondido, coisas simples... Compreende?
Mas voltando ao dia dos
namorados, além da algazarra do comércio tenho que admitir que a data provocou
um verdadeiro clima de paixão por onde eu andava. Não sei se o foco do meu
olhar já era esse, mas contei pelo menos 15 casais apaixonados no trajeto da
academia até em casa. Sem contar os 5 vasos e os 3 buquês de rosas vermelhas
que observei serem vendidos em um stand
no shopping enquanto me exercitava.
Encontrei com casais de todos os
sexos, tipos e gostos. Mas o casal que mais me chamou a atenção, não andava de
mãos dadas, nem tão pouco trazia presentes nas mãos. Era um casal jovem que
caminhava devagar, enquanto riam e conversavam. Às vezes ela arrumava o cabelo
e batia de leve nas costas dele e ele retribuía o afeto com um sorriso largo.
Era um casal que estava em formação, eram quase namorados, poderiam vir a ser
nesta noite ou quem sabe nunca serão, caso não tenham coragem de se declarar,
mas para mim estava claro: o amor estava no ar.
Gostei de observar aquela cena,
me trouxe lembranças boas. Lembrei-me de tempos em que era mais ingênua, mais
crente de certas coisas, mais sonhadora, quiçá um pouco mais feliz. Muita coisa
mudou de lá para cá, muitos sentimentos novos se instalaram, muitos deles nada
agradáveis, mas diria com toda a certeza, que nenhuma decepção foi capaz de
apagar a lembrança das conquistas que vivi.
O melhor do dia dos namorados, a
melhor parte de todo namoro, o que faz dele importante e essencial é a
conquista. Por isso que os primeiros meses de namoro são os melhores e é por
isso que os casais não deveriam nunca se esquecer de que a arte da conquista
deveria ser diária (e eterna).
Afinal estamos em constante
mudança, nós, o mundo, nossos sentimentos, nossas crenças, não é errado dizer
que a cada dia somos uma nova mulher, um novo homem e talvez para aquela pessoa
que acordou no dia 5 seja preciso uma conquista diferente daquela que foi dormir
no dia 13 ou 20, entende?
Creio que isso nada mais é do que
aceitar a diferença e aprender a respeitá-la, conviver dia-a-dia com o que se
tem de melhor e pior... E para suportar alguns dias difíceis e repletos de mau
humor, sei que só o amor não é suficiente, então... Dá-lhe conquista!
Foto de: Murilo Mendes.
2 comentários:
Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo/SP, no dia 23/06/12.
Foto de Murilo Mendes.
Aguardo comentários!
Parabéns pelo texto! Mais uma vez, muito bom! Gostei da parte que vc citou o "ter" ao invés de "ser"... Bem colocado! Beijos!
Postar um comentário