Já tinham me dito uma vez que
algumas coisas só conseguem entrar nas nossas vidas na hora certa. Se ainda não
é a hora, provavelmente não terá sentido ou importância e é assim que muitas
coisas que são incríveis para algumas pessoas não tem sentido nenhum para
outras.
Recebi das mãos de uma grande
amiga um livro há uns 3 anos atrás, cujo conteúdo, ela dizia, era
impressionante e tinha feito muito sentido para sua vida. Fiquei com aquele
livro na minha cabeceira por meses, começava a lê-lo e adormecia, insistia em
folhear as páginas e alguma coisa me desviava a atenção, tentei até ler
capítulos soltos, mas faziam menos sentido ainda, então o guardei.
Tirei o livro da minha vista e
segui minha vida sem ele. Muitas coisas aconteceram neste período, mudança de
rotina, de casa, pessoas que entraram e saíram da minha história, sentimentos
nobres e alguns bem desagradáveis invadindo minha vida e o livro guardado na
gaveta.
No mês passado conclui a leitura
de um livro que estava no meu criado-mudo há quase um ano e pensei: E agora? O
que vou ler?
Tenho livros novinhos, lacrados
na minha estante que nunca consegui abrir, mas naquele dia nem me lembrei
deles. Pensei logo no livro guardado há 3 anos e que havia sido considerado
impossível de ler.
Peguei o livro, li sua crítica, observei
os detalhes da capa e comecei a lê-lo. Era uma leitura fácil, gostosa, que
fluía sem pressão. Não podia acreditar que antes não havia conseguido passar
nem do primeiro capítulo. Um livro que hoje me fazia tanto sentido. Devorei
cada página e em menos de uma semana a leitura havia sido concluída.
Sincronizado com o ponto final, meu olhar havia se ampliado tanto quanto as
letras que cristalizavam as ideias do autor e meus pensamentos nas noites insones.
Não era um livro de ficção
científica, tão pouco falava sobre teoria ou dava lições de moral. Alguns o
rotulariam como um livro de autoajuda, mas para mim caiu mais como um livro de
autoconhecimento. Era um livro simples, curto e o que mais me interessou é que
não contava um conto de fadas, mas uma história real. Sim, era um livro real.
Era um livro que falava sobre pessoas,
sobre amor, sobre o amor real e sobre o encontro de almas gêmeas. Aliás,
descrevia principalmente o significado destes encontros em nossas vidas. E
quanto mais o lia, menos me sentia sozinha. E a cada página virada uma nova
perspectiva se formava. A cada palavra lida uma pessoa insistia em fixar-se em
meu pensamento... Mas que coisa! Três anos engavetado e agora me trazendo tanta
transformação, tanta descoberta, tanto sentido.
Descobri durante o vai e vem das
palavras que estava totalmente enganada sobre meu conceito de alma gêmea, diria
até que havia me enganado sobre meu conceito de amor. Ainda tinha a visão
infantil e ingênua do amor ideal, de contos de fadas que se cristalizaria no
altar ao lado da pessoa amada, da alma gêmea.
E confesso que busquei isso por
muito tempo, me sentindo sozinha por tantas vezes, desacreditando do amor e das
pessoas em tantas ocasiões e pedindo ao destino um encontro inesperado, um
esbarrão na saída do prédio, um olhar longo que me fizesse perder o fôlego e
ter a certeza de ter encontrado minha alma gêmea. E como isso não acontecia fui
me entregando a solidão, perdendo a crença no amor e desacreditando do encontro
das almas.
Mas depois que li esse livro
entendi que o amor está acima do encontro entre duas pessoas, vai além do
encontro físico, ele é a essência de tudo o que se constrói, de tudo o que se
vive e para recebê-lo é preciso estar pronto, é preciso doar-se.
Mas a lição mais importante que
encontrei foi a de que o amor é eterno e estará sempre presente no encontro de
almas gêmeas (e até em seus desencontros). Descobri que existe mais de uma alma
gêmea em cada existência, por vezes duas ou até quatro e que estão ao nosso
redor no abraço de mãe, no colo de um amigo, na confiança de um irmão. Não é
preciso encontrar o homem da sua vida para ter um encontro com sua alma gêmea.
Até por que pode ser que tenham escolhido não se encontrar nesta existência, ou
tenham escolhido casar-se com uma alma afim para poder desenvolver qualidades
que ainda não possui.
Descobri que sou uma pessoa
privilegiada e que já encontrei, nesta curta existência, pelo menos duas almas
gêmeas. Não, não vou me casar com nenhuma delas, mas isso não me preocupa, nem
entristece, pelo contrário, me alegra, pois sei que nosso laço é eterno! Depois
que compreendi a essência do encontro de almas gêmeas, descobri que não tenho o
direito de me sentir sozinha, porque já tive o prazer de encontrar almas gêmeas,
almas amigas e ainda tenho muito tempo para concretizar novos reencontros.
Creio que meu maior presente
durante esta leitura foi o encontro com minha alma. Nela pude descobrir meu
medo de amar, minha busca pelo amor surreal e consegui, depois de muitas
páginas, colocar as afinidades acima das promessas, o amor real sobre as
ilusões, identificando assim minhas almas gêmeas.
O livro que me trouxe esta
reflexão foi: Só o amor é real, de
Brian Weiss. É um livro lindo. Eu recomendo e desejo que ao lê-lo, encontre o
amor em cada página e no amor possa encontrar-se com suas verdadeiras almas
gêmeas...
“Para cada um de nós,
existe uma pessoa especial. Muitas vezes, existem duas, três ou mesmo quatro.
Todas vêm de gerações diferentes. Atravessam oceanos de tempo para estarem
conosco novamente. Podem parecer diferentes, mas nosso coração as reconhece.
O reconhecimento da
alma pode ser sutil e lento. O toque que nos desperta pode ser de um filho, de
um pai, de uma mãe, de um irmão ou de um amigo leal. Ou pode ser da pessoa
amada, que atravessa séculos para nos beijar mais uma vez”. Brian Weiss
Foto de: Murilo Mendes.
2 comentários:
Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo/SP, no dia 30/06/12.
Foto de: Murilo Mendes.
Trecho do livro: Só o Amor é real, de Brian Weiss.
Aguardo comentários!!
sei lá... acho que ainda estou no prezino...
lindo texto, me faz pensar.
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