Ainda tento recordar o que levou ao início dessa prosa. O fato é que sete pessoas e ½ na mesa de uma lanchonete, após cinco horas na mesa de um bar, em pleno sábado pós-carnaval, embriagados por sucos de pêssego, laranja, acerola e a requintada limonada suíça, poderiam naquele momento se reportar a qualquer assunto, inclusive a este: o Saci.
- Mas e você? Acredita em saci?
- Eu acredito, desde criança. Já vi o Saci dar nó na crina de cavalos da noite para o dia, até trança ele deixava.
- Trança? Ah! Sua avó é que fazia os nós e te dizia que era o saci.
- Você já viu um saci?
- Ver? Bem, ver, ver, eu nunca vi, mas que ele existe, ele existe.
- O que é um saci?
Pausa e início de explicação ao espanhol do grupo. Começando pela palavra folclore e em seguida pela descrição do ser da natureza.
- Você conhece gnomo?
- Gnomo? Não, o que é?
- Duende?
- Ah sim, conheço.
- Então, o saci é um duende brasileiro, só que com uma perna só e negro.
- Ele também fuma cachimbo e usa uma touca vermelha, como o papai-noel, e não usa roupa. Não é “o coisa ruim” não viu? É só o Saci.
Olhos arregalados e um “hum” bem longo, imaginação a todo vapor.
Acreditando que a explicação tinha sido suficientemente clara voltamos à discussão, desta vez com seis pessoas e outras duas ½ pessoas na conversa, visto que o espanhol preferiu assistir TV, a tentar acompanhar a conversa que até piada já tinha virado:
- Então, estava lá o saci com a saci no rala - e - rola, quando ele vira para ela e diz: amor, fica de três!
Risos, gargalhadas, espasmos musculares até que surge a dúvida:
- Mas existe “a” saci?
- Claro! Você acha que eles se reproduzem como? Botam um ovo e chocam?
- Eles não têm que se reproduzir, são seres da natureza, apenas nascem e puf! Pronto!
- Não acho não, todo ser, inclusive da natureza, se reproduz, até o saci.
- Vai ver que ele tira seu sucessor da touca, vai saber...
Risos, dúvidas, até que o espanhol volta à conversa – sete pessoas e ½, já que o ½ continua desligado, com a antena em outra estação, sono ou desilusão o fato é que ele perdeu toda esta riqueza cultural.
- Mas o que faz o saci?
- O saci não faz maldade grande, mas não existe maldade pequena que ele não faça! Adora uma arte, esconde coisas, bagunça gavetas, gosta de criar confusão e ver o circo pegar fogo.
- Mas ele ajuda a achar coisas perdidas também, quando perco coisas peço para o saci achar.
- Ah não, ele é concorrente de São Longuinho então?
- Podem ser da mesma família, porque estamos falando do Saci legítimo, o Saci-pererê, mas pode ser que exista o Saci-longuinho, o Saci-magaiver, o Saci-norris, podem ser todos da mesma espécie.
- Ou talvez sejam sócios, um esconde e o outro acha.
- É mesmo e os pulinhos pagos a São Longuinho pelo achado são divididos com o Saci que economiza os dele.
Risos, mais risos e a mão na consciência.
- Cada assunto minha gente!
Risos e silêncio.
- Acho que passou um saci.
Risos e a conta garçon, por favor!
- Mas e você? Acredita em saci?
- Eu acredito, desde criança. Já vi o Saci dar nó na crina de cavalos da noite para o dia, até trança ele deixava.
- Trança? Ah! Sua avó é que fazia os nós e te dizia que era o saci.
- Você já viu um saci?
- Ver? Bem, ver, ver, eu nunca vi, mas que ele existe, ele existe.
- O que é um saci?
Pausa e início de explicação ao espanhol do grupo. Começando pela palavra folclore e em seguida pela descrição do ser da natureza.
- Você conhece gnomo?
- Gnomo? Não, o que é?
- Duende?
- Ah sim, conheço.
- Então, o saci é um duende brasileiro, só que com uma perna só e negro.
- Ele também fuma cachimbo e usa uma touca vermelha, como o papai-noel, e não usa roupa. Não é “o coisa ruim” não viu? É só o Saci.
Olhos arregalados e um “hum” bem longo, imaginação a todo vapor.
Acreditando que a explicação tinha sido suficientemente clara voltamos à discussão, desta vez com seis pessoas e outras duas ½ pessoas na conversa, visto que o espanhol preferiu assistir TV, a tentar acompanhar a conversa que até piada já tinha virado:
- Então, estava lá o saci com a saci no rala - e - rola, quando ele vira para ela e diz: amor, fica de três!
Risos, gargalhadas, espasmos musculares até que surge a dúvida:
- Mas existe “a” saci?
- Claro! Você acha que eles se reproduzem como? Botam um ovo e chocam?
- Eles não têm que se reproduzir, são seres da natureza, apenas nascem e puf! Pronto!
- Não acho não, todo ser, inclusive da natureza, se reproduz, até o saci.
- Vai ver que ele tira seu sucessor da touca, vai saber...
Risos, dúvidas, até que o espanhol volta à conversa – sete pessoas e ½, já que o ½ continua desligado, com a antena em outra estação, sono ou desilusão o fato é que ele perdeu toda esta riqueza cultural.
- Mas o que faz o saci?
- O saci não faz maldade grande, mas não existe maldade pequena que ele não faça! Adora uma arte, esconde coisas, bagunça gavetas, gosta de criar confusão e ver o circo pegar fogo.
- Mas ele ajuda a achar coisas perdidas também, quando perco coisas peço para o saci achar.
- Ah não, ele é concorrente de São Longuinho então?
- Podem ser da mesma família, porque estamos falando do Saci legítimo, o Saci-pererê, mas pode ser que exista o Saci-longuinho, o Saci-magaiver, o Saci-norris, podem ser todos da mesma espécie.
- Ou talvez sejam sócios, um esconde e o outro acha.
- É mesmo e os pulinhos pagos a São Longuinho pelo achado são divididos com o Saci que economiza os dele.
Risos, mais risos e a mão na consciência.
- Cada assunto minha gente!
Risos e silêncio.
- Acho que passou um saci.
Risos e a conta garçon, por favor!
Ilustração de: Gabriel Vicente.
4 comentários:
Em homenagem aos meus queridos amigos que colorem minha vida, especialmente para meu irmão querido, Xandy, aí está meu presente de aniversário para vocÊ! Felicidades meu querido, amo vocÊ!;)
Muito bom Tá, se me perguntarem o que sei sobre o saci respondo que a mulher mais feliz do mundo é a do Saci,pq se levar um pé-na-bunda quem cai é ele.
Drica Lupianhes
Obrigado querida, um presente mto especial. Deixa o "espanhol" ler isso....hahaha
Simplesmente maravilhosa, qtas risadas nesse dia nao è mesmo?
Obrigado pela cronica, pelos parabens e por fazer parte de minha vida. Amo vc.
uhauha, por entre Saci's e outros assuntos, sempre nas mesas dos bares, não tem há papo melhoR!
Saudades da Família Bebum, e da idéia de fazer camisetas com o brasão da família, do narguilé (?!) e tantas outras coisas....
Saber falar da vida assim desse jeito tão especial, é uma dádiva só sua!
love you girl!
abraços e bjinhos Tamara
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