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domingo, 28 de outubro de 2012

Quem muito escolhe...


Andei pensando no significado de um ditado que me acompanhou por grande parte da vida nos últimos anos: “Quem muito escolhe, acaba escolhido”.
Cansei de ouvir isso da minha mãe e da minha avó, especialmente quando demonstrava insegurança sobre o início de um relacionamento, ou medo da pessoa não ser tudo aquilo que eu imaginava ou desejava que fosse.
Lembro-me bem de ouvir minha avó dizendo: Você é exigente demais. Desse jeito vai acabar sozinha.
Era essa, uma cobrança tão constante que ecoava nos meus ouvidos todas as vezes que chegava à casa dela. Antes mesmo de me abraçar já ouvia a fatídica pergunta: Já arrumou um namorado?
Confesso que sempre levei na brincadeira e por vezes dizia a ela que um não, mas que tinha alguns em vista e permitia que a cobrança se tornasse parte de uma piada, de uma conversa gostosa que sempre acabava em risadas.
Isso quando tinha lá meus dezoito, vinte anos, parecia divertido. Hoje com quase trinta, escutar essa pergunta todas as vezes que nos encontramos chega a me causar mal estar. Não por ela, claro que não, minha avó é um doce, aliás, tenho as melhores avós do mundo, mas é que a cobrança que antes era externa, agora é minha.
Tenho me perguntado nos últimos dias porque as coisas parecem tão difíceis quando se trata de relacionamentos. Fiz uma retrospectiva dos últimos encontros que vivi e do quanto os desencontros que lhes colocaram fim foram responsabilidade minha.
Talvez minha avó tenha razão, devo ser muito exigente mesmo e na certa vou acabar sozinha. Mas sabe de uma coisa? Acho que tenho preferido a solidão a brincar de castelo de areia em mundos cor-de-rosa.
É muito mais fácil encarar a cama vazia ao acordar, a cadeira vazia ao tomar café, a ausência de objetos espalhados pela casa e de uma escova de dente extra no banheiro, do que fingir que se está realizada quando não está.
Hoje, sei o que quero para a minha vida. E sei bem também o que não desejo. Eu não quero um namoro de aparências, não quero alguém só para constar no status de relacionamento. Não quero alguém só para colocar no currículo como mais uma experiência vivida ou objetivo alcançado.
Eu quero um companheiro.
Eu quero alguém que esteja disponível, que tenha disposição para fazer parte do meu mundo e me deixe entrar no dele, sem medo, sem restrições. Eu quero alguém para conversar nas tardes de domingo e ir ao cinema no meio da semana. Alguém que não se importe de cochilar depois do almoço, mas tenha disposição para sair nas sextas-feiras à noite.
Acontece que sempre me frustro quando tento me relacionar. E o que mais me incomoda no meio de toda essa desilusão é o fato de ter que chegar novamente na terra natal, olhar bem para a vovó e responder quando ela perguntar: Onde está o namorado? – que o namorado não existe, nem em forma real, nem virtual ou imaginária.
Então terei que respirar fundo ao ouvi-la me “criticar” pela minha seriedade, rigidez, exigência e tudo mais que segundo ela afasta os homens de mim.
A verdade é que eu só quero ser feliz. E hoje tenho me sentido muito frustrada, de um jeito que não me sentia há tempos. Não pela solidão que volta a me rondar, mas pela certeza de que podia ter sido real, podia ter ganhado cor, mas faltou empenho.
Sei que não sou mestre em relacionamentos e por vezes sou muito desastrada, além de ansiosa e insegura, mas uma coisa eu garanto: nunca deixei de tentar. Sempre me joguei fundo, de cabeça, de corpo, alma e coração e se hoje assumo que a solidão é novamente minha companheira, foi depois de tentar insistentemente no que acreditava ser o melhor.
Acontece que o que é o melhor para mim, nem sempre é para o outro e então retomo o início desse texto e tomo a liberdade de mudar o ditado ao afirmar que: “Quem muito escolhe, acaba sozinho”. E sobre estar sozinho, bem...Disso ando entendendo um bocado.

4 comentários:

Taline Libanio disse...

Texto publicado no Jornal Democrata de São Jose do Rio Pardo/SP, no dia 27/10/12.

Aguardo comentários!^^

Vanusa disse...

Taline passo por isso toda vez que retorno para lá tbm... Atualmente mais conhecida como a "neta mais velha solteira" ... Mas estar sozinha e independente é tão bom tbm!! Acho que como nossas avós nao tiveram essa oportunidade, nao sabem como é ...
Adorei seu texto... Refletiu realidade de muitas!!
Beijos

gabriel vicente disse...

Mulheres, mulheres, mulheres...^^

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto! Você conseguiu expressar em palavras muita coisa que faz parte também da minha realidade! Espero que, com ou sem namorado, você seja feliz e se livre da auto-cobrança! ;)