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domingo, 3 de maio de 2009

Eu te dou um fusca!


Carminha é uma moça muito dedicada em tudo o que faz. Trabalha, estuda, com certeza será uma excelente profissional, é bonita, alegre, engraçada, mas tinha um defeito que a acompanhava e a atrapalhava demais.
Carminha tinha um namorado. Não que todo namorado seja sinônimo de problema e defeito, mas neste caso era. Já perdi as contas das vezes que ouvi Carminha contar das idas e vindas de seu namoro. Já nem sei dizer ao certo quantas vezes ela foi e voltou nesse relacionamento, mas desta vez, segundo ela, havia rompido e era definitivo.
Confesso que não acreditei muito no início, pois já tinham sido tantos “tapas e beijos”, mas ao ouvir o fato que ocasionou o rompimento, tive a certeza de que para o bem de Carminha, este era o fim.
Dizia ela que o namorado havia conhecido um rapaz na faculdade e que em menos de duas semanas havia se tornado seu “melhor amigo”. Rapaz esse que ela não conhecia, mas que já frequentava mais a casa dele, conversava mais com os pais dele, tinha mais afeto da mãe dele do que ela própria que o namorava há quase dois anos.
Segundo o namorado de Carminha o amigo era o máximo, fazia e acontecia na sala de aula, nas festas da faculdade, tinha muito dinheiro, roupas bacanas, mas não tinha onde ficar, pois, morava em outra cidade. E não é que o namorado de Carminha ofereceu, com o alvará dos pais, um quarto na casa dele para o ”melhor amigo”?!
Carminha ficou possessa! Não acreditava em tamanho absurdo! Como o namorado era capaz de levar para sua casa um amigo que tinha acabado de conhecer, e se ele era tão rico e poderoso porque não tinha seu próprio apartamento na cidade?
Você pode estar pensando que Carminha era uma mulher ciumenta demais e que deve ter imaginado coisas terríveis do namorado. Pode imaginar que Carminha possa ter sido injusta, ao pensar que o namorado era interesseiro, ingênuo, ou ainda um maluco que provavelmente não assiste aos noticiários. Mas não era só ciúme ou preocupação, Carminha tinha um pé atrás com aquele rapaz, que ela nem conhecia, mas que já estava lhe tirando o sono.
Os dias foram passando e de cada dez palavras que o namorado de Carminha dizia, nove referiam-se ao amigo. Porque ele fez isso e comprou aquilo, e sabe disso e já viajou para esse país e fala aquela língua. As histórias cada dia maiores, as mentiras cada dia mais evidentes e Carminha ali, naquela inquietude, naquela vontade de dar um chacoalhão no namorado que nem tinha mais olhos para ela.
Mas pensar em tomar uma decisão é uma coisa, fazê-la é outra e assim como muitas de nós mulheres, Carminha ficou esperando que o namorado melhorasse com o passar dos dias, ou lhe desse um grande motivo para colocar de vez um ponto final neste relacionamento, e eis que o namorado não melhorou, mas o motivo chegou e veio a cavalo, quero dizer, de fusca.
- Carminha, podemos conversar?
- Claro! O que foi? Aconteceu alguma coisa?
- Sabe o que é amor, meu amigo me fez uma proposta irrecusável, quero muito que isso dê certo e para isso preciso que você me entenda.
- O que foi desta vez? O que seu “melhor amigo” da última semana lhe ofereceu agora?
- Ele disse que gostaria de companhia para sair, para viajar, e pediu para que eu ficasse mais próximo dele.
- E?
- E que para isso, eu vou ter que me afastar de você por um tempo.
- Afastar-se de mim? Como assim? Está me trocando por ele?
- Claro que não Carminha! É só por um tempo, até que termine a viagem, ai a gente pode até casar!
- Viagem? Casar? Do que você está falando?
- Ah Carminha, esquece, não foi nada.
O namorado de Carminha saiu correndo pelo meio da rua e Carminha sem entender nada tratou de saber direito desta história. Ligou para a sogra, que nunca foi muito fã de Carminha, e que tratou logo de abrir a boca santa e contar-lhe toda a história. Relatou para a futura ex-nora todos os detalhes da conversa do filho com o “melhor amigo”:
- Então cara, estava pensando em viajar nas férias, sair para umas “baladas”, que acha de ir comigo? A gente já virou irmão, não é?
- Ah! Eu ia adorar, mas sabe como é, estou sem emprego, com o orçamento curto e a Carminha nunca ia aceitar.
- Mas como não?! Isso ia ser bom para vocês! Um tempo separados para fortalecer o amor e no final da viagem você pede ela em casamento! E quanto ao dinheiro já sabe que nunca foi problema, não é?
- Ela jamais aceitaria isso, ainda mais a Carminha. E tem mais, ela é a mulher da minha vida, eu perco a Carminha e ganho o que em troca?
- Eu te dou um fusca!
- De que cor?
- Verde.
- Fechado, amanhã mesmo falo com ela.
Ele nunca falou. Pode ter sido por falta de coragem, por arrependimento, vergonha ou por simplesmente pelo fato de Carminha ter batido com tanta força a porta em sua cara que fez com que perdesse os dentes da frente. O fato é que desta vez, Carminha colocou o ponto final nesta história.
Vez ou outra Carminha ainda encontra com o ex-namorado, que continua sem os dentes da frente, mas pelo visto nem se importa, pois, abre o sorrisão dando voltinhas no tal fusca verde, ao lado do “melhor amigo”.
Quanto a Carminha, vai bem, arrumou outro namorado que não tem um fusca verde, mas tem alguns bons amigos, um Chevette azul e o melhor: tem todos os dentes da frente.
Moral da história: “Nunca subestime a ignorância de um homem. Para ele, um fusca verde pode valer mais do que todos os dentes da frente”.

2 comentários:

Taline Libanio disse...

Em homenagem a querida amiga Rebeca, que com seu bom humor e gargalhadas, torna até as histórias mais tristes, momentos de grandes risadas...Adoro você querida!!
Beijão!

Anônimo disse...

OI AMIGA, ACHEI ESSE TEXTO SUPER INTERESSANTE, MUITO DIVERTIDO, VC ESTA CADA VEZ MELHOR, OBRIGADA AMIGA

GRAÇA