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sábado, 16 de maio de 2009

Cada coisa em seu lugar


Hoje me sinto como um quebra-cabeça desmontado. Não sei se me acho e me encaixo, não sei se me perco ou me desfaço. Uma sensação de ausência de não sei o quê, nem onde, nem por quê. Dia de pensar em mim, nos meus sentimentos e resgatar verdades e histórias.
Dia de lembrar de frases soltas, de risadas amargas e de olhares distantes. Dia de julgamentos e permissões. Dia de rir, chorar, chorar de rir e respirar fundo, contar até três e dormir.
Não sei mais se quero o encaixe das peças, não sei se quero me desprender dessa confusão, nela me encontro. Na confusão me sinto viva, humana, cheia de vontades, sonhos, erros e acertos.
No compasso do assoalho escuto um passo”. E essa frase a se repetir na minha mente, num ritmo de samba raiz. E outras letras a se embaralharem: “E lá vem ela, ela vem. Passo, aço, assoalho, lá vem ela, ela vem”. Será que isso é música? Ah...mas que bobagem.
Sinto falta das coisas em seu lugar, das pessoas no meu lugar, do meu lugar nas pessoas. Sinto falta da conversa ao pé do ouvido, da surpresa aos domingos, das rosas jogadas nos portões de vidro. Sinto falta do caminhar de mãos dadas e do luau na madrugada, protegida pelo Redentor.
Ainda assim, prefiro a confusão, que me embaralha, me invade, me assusta, me espalha e atrapalha. Faz-me rir e pensar no amanhã sem ter medo, afinal a confusão nunca é certa, o hoje é incerto e o amanhã nem sequer existe.
No compasso do assoalho escuto um passo. E lá vem ela, ela vem. Passo, aço, assoalho, lá vem ela, ela vem”. Quem será ela?
A confusão limita a lógica. O texto sai solto demais, estranho demais. Estranhamento. Sensação que me prendeu neste final de semana. Aqueles olhos, o sorriso, o convite, o Redentor. Tão familiares e estranhos. A lógica me fez voltar à realidade, cristalizou o dia e suas imagens, os pontos turísticos nunca mais terão a mesma cor. Mais coloridos estão depois de você lá, entre o rio e a ponte. Ponte que balança, ponte de madeira e não de aço.
No compasso do assoalho escuto um passo. E lá vem ela, ela vem. Passo, aço, assoalho, lá vem ela, ela vem”. Vem de onde, quem é ela?
As opções não se escondem. Pelo menos três imagens confundem minha certeza, pelo menos três olhares me fazem refletir. Inconstância que me leva, certeza que me traz. Um é pouco, dois é bom, três é demais e nenhum é o ideal. Não fujo dos outros, nem de lugar algum. Fujo de mim.
O galo está a cantar, o urso a dormir, o peixe a nadar, o gato a brincar, o cachorro a latir. Cada coisa em seu lugar. O ponteiro do relógio de lá e de cá, o ônibus e seus passageiros a passar, o compositor a rimar, o rádio a tocar. Cada coisa em seu lugar.
Certa não estou, quase certa, quase no lugar certo. A pessoa certa na hora errada, sempre assim. Hoje sem pessoa certa, nem hora errada, apenas a confusão, apenas a comunhão comigo. Apenas a solidão. Peças soltas, simples, coloridas, nem triste, nem difícil, apenas simples.
No compasso do assoalho escuto um passo. E lá vem ela, ela vem. Passo, aço, assoalho, lá vem ela, ela vem”.
Quando ela chegar me chama. Colocarei os sentimentos nobres nas prateleiras por ordem alfabética, separarei os ruins por cores no armário, dentro dos potes da cozinha deixarei doces palavras e em cima da cama uma meia bem branquinha pra amenizar seus passos no assoalho de aço. Cada coisa em seu lugar, só para ela passar.
Ela? Quem é ela? Não sei, me diga também, só sei que ela vem.

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