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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Bozo sim senhor!


Era sexta-feira, a última do mês, marcada por ser um dia repleto de obrigações, fechamentos, relatórios e visitas inusitadas. Uma sexta-feira que mesmo não sendo treze, mostrou-se atípica desde seu início. Na volta do trabalho, outro acontecimento estranho. Ele sentou-se ao meu lado, e as banalidades nos levaram a falar sobre o final de semana. Ter recebido um número de telefone e um desafio enquanto ele descia do ônibus e se despedia afoito seria apenas o início das estranhezas deste dia.
- Costuma sair muito aqui?
- Saía mais, agora estou mais caseira, mas de sexta-feira é sagrado.
- Hoje vai sair então?
- Com certeza.
- Aqui está.
- O que é isso?
- O número do meu telefone, tem coragem de me ligar?
- Por que não?
- Quero só ver.
O conheço a pouco mais de um mês, trabalhamos em prédios próximos, viajamos no mesmo ônibus todos os dias, nem sempre nos sentamos juntos, na verdade geralmente as conversas resumem-se a um “bom dia” ou “ainda bem que já é sexta-feira”. Desta vez conversamos um pouco mais e recebi esse desafio, logo eu que vivo desafiando o destino, não deixaria passar a oportunidade de conhecê-lo um pouco mais.
Liguei e fui convidada para ir a um jantar que ele não sabia onde seria, nem com quem, convite negado, ele decidiu juntar-se a mim e a meus amigos. Encontramo-nos e decidimos o destino da noite.
A primeira opção estava fechada, de lá nos dirigimos a outro local, mais uma mudança de planos e enfim o bar.
Éramos cinco pessoas. Três mulheres, um homem e o Bozo. Não, este não é o apelido dele, nem indica alguma característica física. Ele simplesmente é o cara mais engraçado que já conheci.
Apesar de dizer-se tímido, fez piada com todo mundo, apresentou-se, enturmou-se e fez com que déssemos grandes gargalhadas. Piadas não faltaram e intromissões nas nossas conversas também não, tudo ia muito bem até o momento em que ele colocou uma batata frita no nariz. Foi, então, que tive a certeza de estar sentada ao lado do Bozo.
Ele ali, com a batata no nariz continuou conversando com meus amigos e tomando cerveja, algum tempo depois a batata se foi, mas o Bozo não.
Não conseguia acreditar que podia existir alguém tão engraçado e simpático, ainda mais nesta cidade esquisita, onde as pessoas não se misturam e adoram julgar pelas aparências. Mas é claro que essas surpresas boas geralmente têm data prevista para acabar, ainda mais comigo.
Algumas cervejas a mais fizeram o Bozo transformar-se no Sérgio Malandro. Foi então que percebi que tinha caído em mais uma pegadinha de Santo Antônio, que com certeza é afim de mim.
Procurei pelas câmeras escondidas e já começava a ouvir: ”Rá-rá! Salsi-fu-fu! É pegadinha do Malandro!”, quando decidi voltar para minha realidade e para casa, afinal, brigar com um bêbado e com idéias machistas nunca valeu a pena:
- Você não vai me dar um beijo?
- Não.
- E por que não?
- Chamei você para sair comigo e com meus amigos para nos conhecermos, isso não quer dizer que vou beijar você, as coisas não são assim.
- Não acredito que eu deixei de ir no jantar com meu amigo, para vir aqui com você e você vai me ignorar.
- Sinto muito se você acha que perdeu seu tempo, estávamos nos divertindo com você, e achei que você também estava gostando de estar aqui, mas se não está é melhor ir.
- Não acredito que você vai fazer isso comigo
- Sabe o que não suporto em vocês?
- Em nós?
- É, nos homens. Vocês sempre precisam de algo em troca. A companhia, uma boa conversa, o estar presente não basta, sempre precisa ter algo mais para ter valido a pena. Isso é ridículo!
- Você está me chamando de ridículo?
- Não, você é que está se ridicularizando.
Não encontrei as câmeras, mas tive certeza que estaria nas telas do programa Silvio Santos no próximo domingo. No dia seguinte ele me ligou e perguntou o que havia acontecido, falou que estava de ressaca e com amnésia.
A amnésia é uma boa desculpa para esconder a ressaca moral, mas tudo bem, eu já tinha visto e escutado o suficiente, já estava satisfeita e não perderia meu tempo relembrando aquela tola conversa.
Creio que as conversas no ônibus, provavelmente, serão resumidas a um “olá” ou “até amanhã”. Uma pena, pois fazia tempo que um homem não me fazia rir tanto e tão espontaneamente...

3 comentários:

Anônimo disse...

Por traz de todo mala existe um ser humando, rs. Às vezes agente é mala mesmo... mas tem mulheres malas tb, tá?
um bjo

FM disse...

Não, não e não!!!!!
Não coloque a culpa das atitudes desse sujeito na "HOMEMnidade".
Assim como as mulheres, nós também somos complexos. E o que vale para um, vale para todos!
Beijos.
PS: Mesmo defendendo a classe, não deixo de adorar seu estilo.

Anônimo disse...

Taline,
essa história é real? Se for verídica esse cara deve ser muito legal..., é dos meus!!!! Acho que você deveria namorar com ele!!!

Beijo,

Osvaldo.