Não costumo assistir televisão, não sou de acompanhar noticiário, nem novela, muito menos minissérie. Creio que perdemos muito tempo quando sentamos em frente à televisão e esquecemos do resto do mundo. Mas quando se mora sozinha, chega uma hora em que você já ouviu todas as músicas que queria ouvir, cansou-se de ficar horas na frente do computador fazendo seja lá o que for, já ligou para sua mãe, suas amigas e o silêncio começa a incomodar, é , então, a hora de ligar a tv.
Sou do tipo de telespectadora que fica trocando de canais, o tempo todo, em busca de comerciais. Sim, isso mesmo, não troco de canal na hora do comercial, troco de canal em busca de comerciais. Acho que a parte mais interessante da televisão são suas propagandas.
Sou fanática por comerciais, assisto todos e procuro na internet curiosidades sobre suas gravações. E tem muita gente que não gosta, mas na verdade acho que é porque não conseguem observar, prestar atenção aos seus detalhes. É claro que comercial de supermercado só é bom para saber onde economizar e não tem lá muita graça, mas existem alguns que me fazem pensar.
Ultimamente poderia citar uma série deles, e cogitei inclusive a possibilidade de comentar alguns comerciais neste espaço, mas hoje me prendo a apenas um.
Chamou-me a atenção pela fotografia, pela música – que me lembra muito um dos meus filmes prediletos, pela roupa dos figurantes, pelos detalhes, mas principalmente pelo texto: “Essa é a cidade da lembrança. A minha cidade. Um lugar onde ninguém se esquece de nada. Esse é o prefeito, ele não esquece o nome de nenhum morador, sabia? Essa garçonete não esquece o prato preferido de nenhum cliente da lanchonete. Os taxistas da cidade da lembrança sabem onde todo mundo mora. Aqui, até os animais nunca esquecem o que aprendem, e o elefante é o símbolo da nossa cidade...”.
O narrador do texto, um menino de seus doze anos fala com orgulho das características de sua cidade, como se lembrar-se de todos os acontecimentos, pessoas e coisas fosse a melhor coisa do mundo. Eu não entendi assim. Vieram-me outros tipos de pensamentos e sensações que agora compartilho com vocês.
Creio que muitos de nós temos boas coisas para recordar, mas com certeza inúmeras coisas a esquecer ou simplesmente não resgatar do fundo do baú de memórias. Pensando assim, imagino o quanto deva ser difícil morar nesta cidade, que felizmente, é só imaginária.
Pense em todos os erros do seu passado, em todas as vezes que deixou de perdoar e ser perdoado, em todas as vezes que se feriu e sentiu dor, em todas as pessoas que perdeu e nas lembranças que te fazem chorar, pense no gosto amargo daquela comida exótica e nas vezes que já se sentiu ridículo na frente de outras pessoas. Assim como as boas coisas, todas essas também seriam lembradas, não é?
E as contas que evitou pagar, fingindo-se esquecer, e as promessas que fez e deixou de cumprir, e aquela pessoa que você jurou esquecer para sempre, tudo isso seria lembrado. Acho que quem fez esse comercial não pensou nisso e muitas pessoas certamente não observaram a realidade por este ângulo, mas se a intenção do propagandista era me animar, me motivar a levantar do sofá e fazer minha inscrição em um curso de inglês, ele não conseguiu.
Diria que, no mínimo, esse comercial me angustiou. Cheguei a imaginar como seria viver nessa “cidade das lembranças” e senti medo. Tantas dores apagadas, tantos rostos esquecidos, tudo seria revivido o tempo todo, todo o tempo.
Tempo. Acho que aqui está o segredo. Na cidade das lembranças o tempo não deve existir. Sem tempo as pessoas não se magoam, não se julgam, mas também não se conhecem. Sem tempo todos os cheiros e gostos são os mesmos e não há do que discordar. Sem tempo não há do que esquecer, nem o que curar, tudo segue, ali, como sempre foi.
Ainda prefiro o tempo e seus ponteiros que cortam o espaço para nos amparar e nos reerguer, não sei quanto a vocês, mas de lembranças me chegam as do meu baú de recordações que guardo com muito cuidado, uma cidade cheinha delas, creio que seria aterrorizante demais. Ou não.
Sou do tipo de telespectadora que fica trocando de canais, o tempo todo, em busca de comerciais. Sim, isso mesmo, não troco de canal na hora do comercial, troco de canal em busca de comerciais. Acho que a parte mais interessante da televisão são suas propagandas.
Sou fanática por comerciais, assisto todos e procuro na internet curiosidades sobre suas gravações. E tem muita gente que não gosta, mas na verdade acho que é porque não conseguem observar, prestar atenção aos seus detalhes. É claro que comercial de supermercado só é bom para saber onde economizar e não tem lá muita graça, mas existem alguns que me fazem pensar.
Ultimamente poderia citar uma série deles, e cogitei inclusive a possibilidade de comentar alguns comerciais neste espaço, mas hoje me prendo a apenas um.
Chamou-me a atenção pela fotografia, pela música – que me lembra muito um dos meus filmes prediletos, pela roupa dos figurantes, pelos detalhes, mas principalmente pelo texto: “Essa é a cidade da lembrança. A minha cidade. Um lugar onde ninguém se esquece de nada. Esse é o prefeito, ele não esquece o nome de nenhum morador, sabia? Essa garçonete não esquece o prato preferido de nenhum cliente da lanchonete. Os taxistas da cidade da lembrança sabem onde todo mundo mora. Aqui, até os animais nunca esquecem o que aprendem, e o elefante é o símbolo da nossa cidade...”.
O narrador do texto, um menino de seus doze anos fala com orgulho das características de sua cidade, como se lembrar-se de todos os acontecimentos, pessoas e coisas fosse a melhor coisa do mundo. Eu não entendi assim. Vieram-me outros tipos de pensamentos e sensações que agora compartilho com vocês.
Creio que muitos de nós temos boas coisas para recordar, mas com certeza inúmeras coisas a esquecer ou simplesmente não resgatar do fundo do baú de memórias. Pensando assim, imagino o quanto deva ser difícil morar nesta cidade, que felizmente, é só imaginária.
Pense em todos os erros do seu passado, em todas as vezes que deixou de perdoar e ser perdoado, em todas as vezes que se feriu e sentiu dor, em todas as pessoas que perdeu e nas lembranças que te fazem chorar, pense no gosto amargo daquela comida exótica e nas vezes que já se sentiu ridículo na frente de outras pessoas. Assim como as boas coisas, todas essas também seriam lembradas, não é?
E as contas que evitou pagar, fingindo-se esquecer, e as promessas que fez e deixou de cumprir, e aquela pessoa que você jurou esquecer para sempre, tudo isso seria lembrado. Acho que quem fez esse comercial não pensou nisso e muitas pessoas certamente não observaram a realidade por este ângulo, mas se a intenção do propagandista era me animar, me motivar a levantar do sofá e fazer minha inscrição em um curso de inglês, ele não conseguiu.
Diria que, no mínimo, esse comercial me angustiou. Cheguei a imaginar como seria viver nessa “cidade das lembranças” e senti medo. Tantas dores apagadas, tantos rostos esquecidos, tudo seria revivido o tempo todo, todo o tempo.
Tempo. Acho que aqui está o segredo. Na cidade das lembranças o tempo não deve existir. Sem tempo as pessoas não se magoam, não se julgam, mas também não se conhecem. Sem tempo todos os cheiros e gostos são os mesmos e não há do que discordar. Sem tempo não há do que esquecer, nem o que curar, tudo segue, ali, como sempre foi.
Ainda prefiro o tempo e seus ponteiros que cortam o espaço para nos amparar e nos reerguer, não sei quanto a vocês, mas de lembranças me chegam as do meu baú de recordações que guardo com muito cuidado, uma cidade cheinha delas, creio que seria aterrorizante demais. Ou não.
Um comentário:
Para quem ainda não viu o comercial e se interessar:
http://www.youtube.com/watch?v=2rqU4uG2EBc
Aguardo comentários!! bjos!
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