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domingo, 22 de julho de 2012

Desculpe-me...


"Mas sei também que esse pensamento é idiota; as coisas acontecem do jeito que acontecem e estão certas assim. Não me arrependo de nada. Mas vezenquando passa pela cabeça um “ah, podia ter sido diferente…”. (Caio Fernando Abreu)

Hoje o silêncio me engoliu. Fiquei sem palavras por horas, nem mesmo em pensamento encontrava frases para me expressar. Não, não fiquei afônica novamente. A falta de palavras nada tem a ver com a ausência de voz, para dizer a verdade, representa mais a vontade de ter evitado dizer algo que hoje me fez calar.
Não gosto de ser magoada por ninguém, não gosto de me sentir enganada ou traída, mas pior que todas essas sensações juntas é saber que fui motivo de tristeza para alguém.
Neste ano é a segunda vez que me sinto assim, envergonhada, ridícula, capaz de dar parte do meu coração para fazer o tempo voltar e evitar algumas palavras, quiçá todas elas.
Quando alguém nos faz mal sabemos que cabe apenas a nós perdoar e esquecer. Por mais que a mágoa fira e insista em nos perseguir em pensamentos, uma hora ela se afasta. Nós podemos colocá-la para fora de nossas vidas e por vezes determinamos que nunca mais se aproxime, sendo preciso às vezes nos afastar de alguns lugares e pessoas por certo tempo, até que tudo se esclareça.
Mas quando a mágoa é causada por nós... Ah! Como é difícil lidar com a sensação de impotência e arrependimento.
Pedir desculpas, dizer que sente muito, implorar perdão, pode ser um bom começo de se resolver a situação, mas a mágoa, mesmo depois de algumas tentativas, pode permanecer e já não cabe mais a nós afastá-la. A espera por esta dissolução pode demorar meses e às vezes nunca passar, pois algumas pessoas não sabem gritar com a mágoa e mandá-la embora.
Não as culpo por isso, mas sinto tanto, tanto, por não ter evitado essa dor. Tento diariamente ser uma pessoa melhor quando vou deitar do que quando acordei, mas quando coisas deste tipo acontecem vejo o quanto preciso evoluir.
Aprendi a perdoar ao abrir meu coração para uma das pessoas mais importantes da minha vida e, posso afirmar que não tem ninguém neste planeta de quem eu guarde rancor, mesmo as pessoas que mais me chatearam. Felizmente não sofri grandes decepções, mas confesso que preferia vivê-las todas novamente e em maior intensidade do que ter que conviver com a sensação de que magoei alguém, nem que por um minuto ou um dia.
Estou com uma sensação de desconforto e o pior é que o que me causa incômodo não é despistável, pois vive em mim.
E por vezes me pergunto: Será que um dia saberei lidar com situações deste tipo? Será que um dia vou dar de ombros e fazer de conta que a culpa não foi minha?
Espero que não, de todo meu coração, pois mais doloroso que o desconforto que sinto agora seria saber que deixei de acreditar no amor, no perdão e nas pessoas. E já que não posso controlar o mundo, é melhor começar por mim...
Desculpe-me, sinto muito e espero de coração que a dor passe. Tão rápido quanto a lágrima que me escorre dos olhos agora, tão forte quanto o vento frio do final da tarde, capaz de levar embora até mesmo a pior das culpas e as maiores mágoas....Assim eu espero...

Foto de: Murilo Mendes.

3 comentários:

Taline Libanio disse...

Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo/SP, no dia 21/07/12.
Foto de: Murilo Mendes.
Aguardo comentários!^^

Luciane Bombach disse...

C'est la vie...

Isabel disse...

Por mais que a gente se esforce, não conseguimos ser perfeitos o tempo todo, mas o mais importante é reconhecer "que pisou na bola", Fique tranquila, vc. está pedindo perdão, que coisa nobre, se ele não vier agora, com certeza, mais tarde virá... porque a vida é assim... hoje perdoamos, amanhã seremos perdoados...faz parte de nosso crescimento espiritual, vc. sabe disso... fique bem... em paz! bjs.