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terça-feira, 17 de abril de 2012

Independência ou morte!


Tenho refletido bastante sobre minhas escolhas nas últimas semanas. Percebi que muito do que fiz, disse e senti não representavam minha vontade real, apenas parte de mim, do meu desejo de moldar o tempo e seus caminhos de acordo com meu querer.
Tentei recuar por algumas vezes, me mostrar apática e alheia a qualquer possibilidade de envolvimento e confesso que foi mesmo uma boa tática, recebi atenção redobrada, telefonemas diários, mensagens infinitas e promessas de encontros inesquecíveis. Tenho que confessar que tudo respaldado com um: “Cuidado para não se apaixonar...”. Mas cá entre nós, quem ligaria para este mero “detalhe” sendo alvo de tanta atenção?
Eis que cometi o primeiro erro. Apesar do discurso sinalizar um distanciamento, um não querer relacionar-se, meu coração de açúcar derretido (e queimado, diga-se de passagem), deixou-se novamente se envolver.
Quando percebi já estava amarrada pela ilusão de um novo recomeçar. Já acordava pensando no telefonema que receberia naquela noite e dormia contando os dias para rever aquele alguém que me fazia sentir tão especial.
Mas... E como sempre tem um mas, a postura dura, de mulher segura e independente que fazia tanto sentido para aquela situação, começou a dar lugar a verdadeira mulher que mora aqui...Independente sim, mas insegura, frágil ainda e decidida a não passar a vida toda sozinha. Alguém que não quer um romance de filme, mas não suporta mais um lance e já não é capaz de deixar os dias mostrarem o que pode acontecer ao menor sinal de desprendimento do outro lado.
O fato é que tanto homens quanto mulheres só começam a dar valor naquilo que perderam ou estão prestes a perder. Homens vivem dizendo que mulheres independentes são ótimas companheiras, mas que jamais se casariam com elas, pois são independentes demais, inclusive emocionalmente e tanta segurança os fariam sentir-se inúteis. Contudo, ao verem uma mulher demonstrar a menor dependência sentimental que seja deles, correm quilômetros dela, acenando perigo, pois não se sentem capazes de ofertar segurança afetiva a ninguém.
E por outro lado, as mulheres que demonstram sua carência afetiva, sua insegurança emocional, geralmente são “maltratadas” por homens insensíveis que se aproveitam desta fragilidade para fazer delas o que bem entenderem, utilizando principalmente o jogo do “chuta e agarra”, pois não querem suprir essa insegurança, mas não as querem independentes deles também. Já as mulheres seguras, sem dependência afetiva alguma, possuem grande dificuldade de encontrar homens dispostos a ofertar-lhes a única coisa que procuram: companhia e carinho.
Chegamos então a um impasse terrível... Homens insensíveis e mulheres carentes, ou homens em busca de um casamento (eu sei, é raro, mas ainda existe) e mulheres desacreditadas do amor, ou ainda mulheres independentes, mas inseguras e homens seguros, mas dependentes.
Acho que a palavra chave para definir esse problema é “dependência”. Dentre tantos significados para esta palavra alguns me chamam muito a atenção, entre eles: Sujeição e subordinação. Ser dependente de algo, ou de alguém é o mesmo que direcionar sua vida para aquilo. É precisar tanto da pessoa que tudo gira em torno das suas vontades, desejos e necessidades. Mas se pensarmos que enquanto estamos dependendo de alguém para ser feliz, para fazer uma viagem, para mudar de emprego ou cidade, para recomeçar, estamos deixando de fazer tudo isso, soa no mínimo ridículo, não é?
Se cada um ganhou uma vida todinha sua, com o livre arbítrio de escolher e renunciar ao que bem entender, por que precisamos condicionar nossa vida a algo ou alguém? Por que precisamos nos tornar dependentes de alguém para ser feliz? Por quê?
Entendo que seja saudável a busca por sentimentos nobres em nossas vidas, mas cometemos o erro de personificá-los. Querer amor, não significa depender do amor de alguém. Ter amor não significa subordinar-se ao amor de alguém. O amor está em toda parte e cabe a nós encontrá-lo e percebermos quando não será recíproco, quando não será amor, quando não será para sempre.
Depois de uma semana sem telefonemas e mensagens, que se findaram tão logo demonstrei minha insegurança afetiva, resolvi fechar mais um ciclo em minha vida. Peguei meu celular, procurei a letra D na agenda e corri a lista com calma, olhei aquele nome mais uma vez, com o cuidado de não visualizar demais o número e sem pensar duas vezes apaguei definitivamente a Dependência da minha vida.
De hoje em diante só quero o que for verdadeiro. Quero sentimentos nobres que durem mais do que uma estação. Quero palavras que não percam seu significado depois do quinto encontro. Quero compartilhar alegrias e lágrimas sem que para isso dependa de alguém para sorrir, sem que para isso precise da aprovação de alguém. Quero ser livre e independente para fazer da minha vida aquilo que eu desejar, aquilo que for o melhor para mim e para mais ninguém... Plenitude, acho que esse é o nome disso e se for, é isso que busco.

2 comentários:

Taline Libanio disse...

Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo/SP, no dia 17/04/2012. Aguardo comentários!!

Luís F disse...

Para mim Taline, o equilíbrio é a chave do "sucesso" em um relacionamento. Mas o problema é encontrar o ponto certo de tal equilíbrio. Cada casal possui o seu equilíbrio para fazer a relação dar certo. Mas assim como certos pratos de uma culinária, um simples detalhe pode fazer com que tudo venha a "desandar" . E outra tb, tem muita gente que não sabe, individualmente, o que quer, imagine então como casal... Ótimo texto, como sempre!