Já se passou tanto tempo, foram
tantos nãos e tantas coisas por dizer, tantos sentimentos pela metade e tanta
falta do que fazer que achei que já tinha passado. Mas algumas coisas nunca
passam. Certos caminhos sempre se cruzam em um vai e vem desenfreado, dolorido,
capaz de nos fazer cair do alto de nossa felicidade com uma simples palavra,
nos lembrando a todo momento que no coração, definitivamente não se manda.
É como se ele apontasse o dedo no
meu rosto e dissesse: mocinha, quem você
pensa que é para me dizer a quem amar? Você acha mesmo que vou jogar esse amor
fora só para te aliviar a alma? Nem pensar, aprenda a lidar com essa dor,
porque o meu amor não abandono jamais.
E o tempo passa, nos faz
acreditar que o amor morreu, se foi, que o coração birrento enjoou daquele
sentimento desconfortável que ocupava espaço demais sem retribuição e o jogou
para fora com toda força. No entanto, ele ali permanece, geralmente escondido
atrás de uma paixão, de uma amizade, ou da esperança de conquistar um novo
amor.
Então, quando menos se espera, lá
está o coração, com os dentes cerrados, com o bico feito, agarrado aquele amor
novamente e insistindo para que eu olhe para ele todos os dias. Corações deste
tipo temem ficar sem amor e preferem guardar o maior deles, mesmo sem
reciprocidade só pra ter o que segurar nos momentos de desespero. Corações
birrentos são irresponsáveis.
Acontece que esse amor, que fica
ali, a paisana, escondido, guardado, não nos deixa caminhar. Permanece
alimentando expectativas, vontades, desejos e um gesto de carinho pode fazer
com que ele saia de vez do armário e se coloque à frente de todos os outros
sentimentos.
O problema é que ainda não
inventaram um corretivo para coração birrento. Nem uma receita para que o amor
fuja dessa posse desenfreada e procure outro lugar para viver. E quem sofre
nessa guerra da razão e do coração é a gente.
Fazia tempo que não sentia a dor
que senti essa semana. Tão forte que parece algo físico, mas na verdade, nada
mais é do que o birrento coração recusando-se a se desfazer de um amor que
continua a viver apenas dentro de mim.
Um amor que na verdade, sempre
existiu apenas para mim, e é por isso que é tão difícil dele me desfazer, não
teve história, não teve motivo, não teve um meio, nem um fim, só um início e
como abrir mão desse sentimento sem nem tê-lo vivido?
É hora de chorar. Colocar as
lágrimas para fora, distraindo assim o coração birrento enquanto o tempo se
encarrega de sequestrar esse amor e levá-lo para bem longe. É hora de respeitar
meus sentimentos e parar de insistir. É hora de aceitar que o meu desejo nunca
será real e que sonhos de amor, infelizmente, só são suficientes quando
sonhados a dois. E quando isso não ocorre, não há birra nesse mundo capaz de
mudar o rumo de uma história...
3 comentários:
Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo, no dia 07/04/12. Espero que apreciem!! Aguardo comentários!!
Não podemos mesmo controlar nosso coração birrento, mas podemos decidir como agir. Sacudir a poeira, seguir a diante, partir pra outra... são escolhas que podemos fazer! E assim vamos vivendo...de "idas e vindas"! Adorei o texto!!
Mto boom esse texto Tá!!houve um tempo da minha vida q me fiz essas diversas indagaçõess q vc coloca no texto, me rendeu umas poesias q são a cara desse texto, hora dessas te mando!!!tem tdo a ver, me identifiquei bastante com a sua maneira de se pensar, expressar, enfim..gostei bastante!
bjss
Tamara
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