Confesso que ficar dois meses
afastada desta coluna me proporcionou sensações contraditórias, mas ao mesmo
tempo necessárias. Precisava de um fôlego, de um tempo para respirar e colocar
as ideias no lugar antes de trazê-las ao papel novamente. Necessitava de um
momento íntimo, só meu, onde pudesse desabafar minhas emoções sem
compartilhá-las com ninguém, de uma forma assim meio rude, mas que me
garantiria a segurança de não ter deixado nada por dizer com medo de ser forte
demais, estranho demais ou simplesmente incompreensível.
A escrita é assim. Possibilita um
mar de oportunidades, podemos extravasar emoções, pontuar dificuldades,
compartilhar aprendizados, arriscar conselhos e orientações, tudo da forma mais
clara possível, mas mesmo assim, mesmo quando se escreve exatamente o que se
quer dizer, ainda é possível causar má impressão, ou deixar subentendida alguma
mensagem que faça o leitor imaginar tudo e mais um pouco, indo muito além do
que se rabiscou no papel.
Por essas e outras é que já
estava mesmo precisando de um respiro. De um tempinho só para mim e para meus
achismos. Mas como todos sabem, escrever para mim é terapia e mesmo nestes
meses de ausência não me abstive de escrever textos e mais textos que em algum
momento, serão compartilhados aqui, nem todos eu afirmo, mas a maioria deles.
Fiquei extremamente surpresa no
mês passado quando em visita a terra natal fui abordada por uma senhora que me
pedia para voltar a escrever, dizia sentir falta das minhas histórias. Disse
que conseguia viver cada uma delas e isso a deixava mais animada para começar a
semana. Foi então que a questionei sobre os textos tristes ou que tratam de
desilusões e ela afirmou que mesmo desses sentia falta, pois a fazia relembrar
o passado.
Na mesma semana a vendedora de
uma loja da pequena cidade disse que sempre ria das minhas histórias e que um
de meus textos tinha sido levado para a sala de aula onde serviu de exemplo aos
demais alunos, dizia que a professora me descreveu como alguém que sabia escrever
com emoção.
Se já estava com vontade de
retornar, esses encontros foram cruciais para que me motivasse a fazê-lo com
urgência. Percebi que a identificação que meus textos causam nas pessoas, nada
mais é do que o encontro de histórias que mesmo distantes, mesmo sem vínculo
algum acabam passando pelas mesmas encruzilhadas, pelos mesmos obstáculos e
conquistas diariamente.
Acontece que algumas pessoas
preferem omitir suas idas e vindas, às vezes por medo, vergonha ou por não
saber fazê-lo, e quando conseguem se encontrar nas minhas linhas tortas começam
a acreditar que também podem compartilhar suas histórias, mesmo que seja de
forma rápida quando me encontram na fila do mercado, ou no balcão de uma loja,
pois percebem que não estão sozinhas em suas percepções e sentimentos.
E é por isso que retomo hoje esse
nosso diálogo, com a promessa de muitas novas histórias que servirão para
compartilhar minhas conquistas, lágrimas, risos ou desilusões, e sobretudo,
soarão como uma conversa franca, entre pessoas que mesmo que nunca se viram, dia
ou outro acabam vivendo e relembrando as mesmas histórias...
2 comentários:
Eh!! Que bom que está de volta!! Bjbj
Eu digo o mesmo que a Fernanda! Estava sentindo falta de ler uma boa crônica nos finais de semana!
Bjos!
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