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terça-feira, 13 de julho de 2010

Morrer de amor?!


Certa vez me disseram que quando arrumasse um namorado não teria mais assunto para escrever. Admiti na ocasião que escrevia muito mesmo sobre relacionamentos, talvez por estar em um momento de intensa decepção afetiva, ou pelo simples fato de me serem apresentadas situações dignas de relato.
Depois de tanta decepção meu coração está ocupado e ainda continuo, felizmente, tendo assunto para escrever, que bom! E isso significa que a vida não é feita só de amor ou da falta dele.
Significa ainda que ninguém morre de amor. Sei que existem muitos crimes motivados pela passionalidade, por um amor não correspondido, por ciúme, traição ou quiça simples obsessão. Mas de amor, de amor mesmo acho que nunca ninguém morreu.
Quando falo em morrer de amor, refiro-me aquela dor que chega a afundar o peito, fazendo faltar o ar toda vez que se lembra do ser amado que se foi. Aquele sentimento esquisito que consome a alma e nos faz parecer insignificantes diante da imensidão do mundo. Aquela sensação de que nunca mais será possível amar outra vez e que a vida definifivamente perdeu seu sentido. Sabe do que estou falando, não é?
Creio que sim. Difícil encontrar alguém que nunca sofreu por amor. Homens, mulheres, jovens, idosos, todos sofrem por amor. Seja por falta ou excesso dele, seja por tê-lo encontrado ou perdido, o fato é que todo mundo já sentiu esta dor, mas morrer de amor, morrer mesmo, bem acho que de amor ninguém morreu.
Ou achava. Até encontrar um artigo da BBC News, de 2007, onde pesquisadores da Universidade de Glasgow na Escócia, afirmam: Morrer de amor é possível. Na matéria em questão os pesquisadores divulgam o resultado de pesquisa baseada na evolução do relacionamento de quatro mil casais com idade entre 45 e 64 anos de idade, entre o início da década de 70 e 2007, onde afirmam que o coração destroçado pela perda da pessoa amada pode conduzir a morte: “Comprovamos que a dor do impacto da perda somada aos fatores individuais pode sim aumentar os riscos de mortalidade dos viúvos” – assegura a Dra. Carole Heart, chefe da equipe.
Depois desta notícia dediquei um pouco de meu tempo para encontrar mais informações sobre o assunto e encontrei vários relatos de casais que faleceram no período de até seis meses em relação a morte do companheiro, além disso, li algumas pesquisas que vinculam o surgimento de doenças mentais e até mesmo câncer a perda da pessoa amada, seja por luto ou divórcio.
Ao terminar a pesquisa fiquei pensando no quanto é perigoso amar. Não é atoa que tanta gente abdica deste sentimento e prefere a solidão ou breves relacionamentos a dedicar-se a pessoa amada. O índice de rejeição afetiva e de retorno de seus sintomas é muito alto, uma vez sentido na certa não demorará muito para recobrar o gosto amargo da desilusão, a não ser é claro que se encontre o amor correspondido, mas isso já é assunto para outro texto.
Toquei neste delicado assunto, pois tive o prazer de conhecer um homem com o coração partido hoje. Não me entendam mal. O prazer foi por saber que ainda existem homens que amam e que sonham com um amor para a vida toda, e não pela desilusão que me foi apresentada.
Tinha tudo para ser um atendimento de dez minutos, apenas uma breve orientação, mas sabe-se lá porque ele utilizou minha sala para desabafar. Não era jovem, nem velho, devia ter no máximo uns cinquenta e cinco anos, cabelo quase grisalho, bigode, rosto magro e sisudo. Não parecia ser de muita conversa, mas foi tocar no assunto estado civil para que ele começasse:
- Sabe moça, até uns dez dias atrás eu era casado. Vivi por trinta anos com a mesma mulher, nunca brigamos. Tivemos seis filhos fortes, mas ela quis separar. Sei lá o que aconteceu, acho que ela encontrou outra pessoa, não era mais feliz comigo, na verdade ainda não entendi direito. Olha para te falar a verdade foi duro aguentar. Hoje que consegui sair de casa, estou me acostumando, mas que é duro é. Ela era minha mulher. Mas talvez a culpa tenha sido minha, eu nunca fui muito de falar o quanto ela era uma boa mãe, uma boa mulher, quando ela cortava o cabelo e fazia a unha ou colocava um vestido de estampa azul que eu acho lindo. Nunca falei isso para ela, mas agora já é tarde. Fazer o quê!
Deixei ele falar tudo o que queria. Se não tinha podido desabafar para a esposa, quem sabe poderia aliviar ali a dor no peito. Escutei histórias lindas e outras tristes dos dois e fiquei pensando se esse amor ainda seria capaz de matar esse homem.
Imaginei o quanto deixamos de amar e ser amados por não falar. Por deixar um elogio para mais tarde ou um convite para semana que vem. Por não ouvir as reclamações do outro ou por escutar mais a televisão do que o companheiro.
Esta história serviu de lição para mim e poderia ser mandada para o mundo todo que com certeza seria aproveitada por alguém. Espero que tenha feito algum sentido para você também e, sobretudo que tenha te dado ânimo para falar mais, olhar mais, elogiar mais a pessoa que se dedica a você.
Em uma simples palavra creio que pode estar a salvação para um relacionamento e arriscaria ainda dizer, para evitar mortes prematuras e corações partidos.
Ilustração de: Gabriel Vicente.

3 comentários:

Diario de um Pirata disse...

Texto Maravilhoso e que toca diretamente no sentimento, além de fazer abrir os olhos e valorizar cada vez mais o que há de melhor na vida, o tal do AMOR.

Parabéns!! P-)

Marly Meyre disse...

Amei o texto.
Reflete meu pensamento de a muito tempo.
Lembrar sempre a pessoa do meu amor por ela.
Por isto...
Taline GOSTIMAISDOCÊ.
bjks no seu coração.

isabel disse...

ah! Taline o amor...a vezes só duas coisas são maiores que ele... A FALTA DE PERDÃO E NOSSO ORGULHO...os maiores entraves neste belo sentimento que pode separar duas pessoas que se amam de verdade....