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domingo, 4 de julho de 2010

Gorda, gordinha, gordona


Jussara é uma moça jovem, bem clarinha, olhos verdes, sorriso largo e uma preocupação constante: perder peso. Vive obcecada pela perda de peso há aproximadamente três anos.
Não somos amigas, tão pouco a conheço muito bem, mas hoje pude conversar com ela por pouco mais de trinta minutos e escutá-la dizer por muito mais que trinta vezes o quanto precisava perder peso.
Contou-me que engordou dezessete quilos em um mês e ao mesmo tempo foi tirando fotos e mais fotos da bolsa, mostrava-me aflita o quanto era magra aos treze, aos dezoito, aos vinte e dois e aos vinte e três anos. E em seguida apontava-se e dizia : Mas agora olha isso!
Confesso que o sobrepeso de Jussara era visível, mas nada demais, já vi pessoas bem mais gordas que aquela moça e aquela ânsia pelo peso começou a me incomodar.
Falou que já fez milhões de dietas, já foi ao médico, já tomou remédios e nada adiantou. Esbravejou que o Centro de Saúde ainda não tinha liberado seus exames, pois na certa finalmente deviam ter encontrado a causa de seu aumento de peso.
Colocou a culpa na gestação e no mesmo instante desculpou-se: Todo mundo tem uma desculpa, não é? Essa bem que podia ser, mas não é a minha. Meu filho, tadinho, é um anjo não me causou esse mal.
E eu ali, meio sem saber o que falar quando ela me perguntava: Estou muito gorda, preciso emagrecer, não acha?
Questionei se ela tinha algum problema de saúde e ela negou todos, nada de colesterol alterado, nem diabetes, nem alteração hormonal ou hipertensão, nadinha que justificasse a preocupação incessante com a perda de peso.
Justificou a incompreensão do peso atual com seu cardápio saudável diário, detalhado item a item e por fim culpou o marido por sua “desgraça”: Quando separei dele perdi muito peso, mas foi só voltar para ganhar tudo outra vez. Voltar com marido engorda. Você tem marido?
Nem me atrevi a responder e tentando auxiliá-la a entender a causa de seu ganho de peso sugeri que passasse em atendimento psicológico. Mas que falha a minha, no mesmo instante ela me lembrou de que o problema dela era o peso e não a cabeça: Psicóloga para quê? Meu problema é com nutricionista, mas nenhuma delas acertou até hoje. Você conhece alguma boa?
Conheço várias pensei, inclusive uma de minhas melhores amigas, mas nem me atrevi a responder, pois definitivamente não poderia ajudar Jussara a perder seu excesso de peso. Não só pela minha falta de conhecimento específico no assunto, ou pelo excesso de compreensão com sua preocupação, mas principalmente pelo simples fato deste ser praticamente a única razão de sua vida neste momento.
Tirar de Jussara seu peso extra seria como tirar-lhe a vida. Só seria prudente tal ação depois de mostrar-lhe quantas coisas boas ela tem e que tornariam esta obsessão obsoleta.
Jussara é jovem, apesar do sobrepeso tem saúde, tem um filho lindo, tem um emprego, lindos olhos verdes e um sorriso contagiante, apesar de raro. Jussara poderia conquistar o mundo, mas para que isso ocorra, precisa antes de perder peso ganhar auto-estima.
Conheço muitas Jussaras e com certeza você conhece tantas outras, para esta marquei um atendimento de retorno para fortalecer o vínculo, ganhar sua confiança, mas para as outras gordinhas, gordas e gordonas resta a (falta de) atenção, desta sociedade que insiste em viver na era da revolução da beleza.
Para que perder peso quando se é feliz? Antes de perder peso e ganhar auto-estima, creio que Jussara precisa reencontrar a felicidade, nos olhos do filho, no abraço do marido ou no apoio de tantas mulheres que não se sentem completamente perfeitas com seu corpo, mas que como eu, conseguem viver perfeitamente bem com uns quilinhos a mais, sem se importar com as modelos de revista e com as artistas globais.
Jussara não feche a boca, abra, mostre seu sorriso lindo. Não feche os ouvidos, abra-os, e escute os incentivos e bons conselhos. Não feche os olhos, abra-os diante do espelho e descubra a maravilhosa mulher que existe em você.
É isso, para o ouvido mais perto que é o meu e para todas as Jussaras desta vida...
Ilustração de: Gabriel Vicente.

4 comentários:

Marly Meyre disse...

Oie!!!
Aqui é alguem que sempre foi GORDINHA.
hihihi
nasci gordinha e o sou a vida inteira.
nunca me incomodou. Sou feliz como sou.
só acho injusto certas confecções q colocam o GG do tamanho do M .
bjks 1000

Isabel disse...

Ah! desse assunto eu entendo bem...rsrs...
Mas é a pura verdade, a sociedade (e até a família) não têm um bom olhar para com o gordo... que é considerado um preguiçoso, guloso e com estética desagradável. Não me iludo, conheço bem os argumentos...mas enfim, apesar de tudo, vamos levando o "andor" com alegria rsrs...

Diario de um Pirata disse...

Alguém aqui é feliz sem chocolate?...ou, não aprecia sozinho uma torta de maracujá inteira?
POr isso somos felizes e só!
P-)

Beijão Querida

Anônimo disse...

eu li