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domingo, 2 de agosto de 2009

Pare o mundo! Eu quero descer!

No final desta semana escutei uma conversa entre duas amigas num consultório médico onde uma delas dizia que um grande amor do passado havia lhe procurado. Depois de treze ou catorze anos ele reapareceu e fez a ela uma proposta no mínimo estranha. Convém registrar que logo no início do relato ela informou que o namorico que aconteceu entre eles, quando estavam na quinta série, nunca gerou nenhum tipo de relacionamento, apenas olhares, cartinhas de amor, declarações e só, bem, na verdade gerou uma série de emoções guardadas e alguns ressentimentos.
Aquele beijo que eles nunca deram pelo visto ficou guardado no coração dele por todos esses anos, e neste dia ele criou coragem e a procurou. Disse a ela que a amava, e enfatizou isso diversas vezes e que havia enriquecido, da noite para o dia, num investimento que deu muito certo, mas que não se sentia feliz. Disse que tinha o carro do ano, sua casa, muito dinheiro, que já tinha jantado nos melhores restaurantes, tinha as melhores roupas, mas faltava-lhe alegria, e isso só ela poderia lhe dar.
Foi então que ele lhe fez a proposta, queria que ela viesse morar na mesma cidade que ele, para tanto ele ofereceu pagar-lhe mensalmente o valor de seu salário e dar-lhe todo o conforto que ela quisesse, isso tudo, porque ele jurava que a amava e que não poderia viver mais nem um dia sem este amor reprimido por tanto tempo.
Sabendo que o rapaz era casado, a moça lhe questionou se era isso mesmo que ele queria: tê-la como uma amante, e ele, com toda naturalidade do mundo, perguntou-lhe porque não poderia ficar com as duas. Tolo pensamento machista que ainda acredita ser capaz de convencer uma mulher da existência deste sentimento nobre com dinheiro e promessas de amor.
A mulher disse ter negado a proposta, além de ter se sentido extremamente ofendida com tal sugestão. Eu, ao ouvir tamanho absurdo, que parecia mais uma trama de roteiro de novela, senti-me indignada e inquieta.
Comecei a imaginar as formas que os homens (leia-se aqui humanidade) encontram para expressar e resolver suas inquietações, problemas e até os mais nobres sentimentos. Será que esse rapaz não pensou na hipótese, simples e digna, de declarar esse dito amor quando estivesse livre? Ou ainda, será que ele em algum momento pensou nesta condição?
Quantos colares e anéis de ouro, quantos apartamento ou carros do ano seriam suficientes para conquistar um amor? Existirá no mundo quantia suficiente para comprar amor, felicidade?
Acho que esta resposta ele mesmo encontrou quando a procurou, dizia-se repleto de bens, mas faltava-lhe o essencial, o amor.
Será que se lhe fosse sugerido trocar todas as riquezas pela vivência deste amor ele o faria? Será que algum de nós seria capaz de deixar tudo o que possui para viver um grande amor?
Confesso que abdicar do que se tem é realmente difícil, mas creio que ainda pior seria ter que abster-se das coisas mais simples e deliciosas desta vida e que felizmente não são compráveis. Ninguém jamais conseguiu colocar preço no sorriso de uma criança, no cheiro de eucalipto ou no caminhar de mãos dadas com quem se ama.
Esta história me deixou assustada. Creio que minha teoria sobre a loucura da humanidade faz-se cada dia mais concreta. Muito me alegrará saber que alguns de vocês concordarão comigo, pois sei que em sua maioria todos devem ter achado essa mulher uma tola por não ter aceitado esta proposta. E isso me faz reafirmar um outro fator, como poderia esse casal viver bem com princípios tão distintos, como ele depois de treze ou catorze anos, poderia achar que ainda a conhecia a ponto de fazer-lhe uma proposta deste tipo?
Realmente as pessoas mudam, mas algumas permanecem iguais ou ganham valores e princípio melhores, acho que foi isso que faltou a esse homem: Princípio. Nenhum amor pode ser colocado na mesma balança que dinheiro, diria que são incompatíveis.
Diante destes relatos tão distantes e tão próximos da nossa realidade é que me perguntou diariamente: “Em que mundo estamos?”. E ao mínimo sinal de encontrar esta resposta tenho vontade de correr e bradar: “Pare o mundo! Eu quero descer!”.

Um comentário:

Marly Meyre disse...

Interessante demais ler este trecho no dia de hj. Hoje de manhã uma grande amiga, separada se seu marido, me confidenciou que um antigo amor a procurou mais ou menos nos termos do seu texto. Mas, pelo simples fato de gostar dela e não querer se separar da esposa e filhos. Pra eles é tão comodo né?Minha amiga não precisa de dinheiro. E ta pensando na proposta. Pra mim é um absurdo mulheres que se contentam com ISTO? bjus Taline