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sábado, 14 de fevereiro de 2009

"Bons ventos para nós..."


Dentre inúmeras coisas que gosto de fazer, existe uma que me agrada de forma singular, é ela que me leva a direcionar muitas de minhas ações, controlar meus sentimentos, pensar, encontrar respostas para muitas perguntas e inspiração para escrever.
Adoro observar. Observo tudo e o tempo todo. Procuro olhar cada acontecimento com os olhos da alma e isso me dá a chance de conseguir ouvir uma conversa no ônibus e fazer com que isso se transforme em uma lição de vida, ou olhar um hidrante jorrando água e fazer disso poesia.
De tanto observar as coisas simples, não me surpreendo quando mesmo com os olhos fechados consigo descrever minuciosamente qual a cor do céu, a sensação de brisa fresca, o formato das nuvens que escondiam o sol e até mesmo os pássaros e flores vistas ao longo do dia.
Foi observando que comecei a me dar conta do quanto dou importância a coisas sem importância. Confuso? Pode parecer, mas não é. Tenho passado por uma fase bem complicada ultimamente, com muitas mudanças, e não é que reclame das mudanças, pelo contrário, não gosto é de rotina, mas muitas mudanças ao mesmo tempo me fazem desacreditar do meu poder de decisão e isso me deixa insegura.
É como se em um piscar de olhos a vida te lembrasse do quanto você é insignificante. E por mais que você queira viajar nas férias, ou comprar um carro ou ainda mudar de cidade, você não vai conseguir isso de forma tão simples. Eis que surgem os obstáculos e muitas vezes não os compreendemos.
Ainda hoje, depois de um mês dos encarrilhados acontecimentos tento entender o porquê de tudo isso, e como não encontrei nenhuma resposta pronta, me limitei a observar. Confesso que o empurrão crucial para esta atitude partiu de minha mãe. Depois de me ouvir lamuriar no telefone por quase uma hora ela soltou a sábia frase: “Pare de reclamar, você tem saúde, tem um bom emprego, logo tudo se ajeita”.
Não, eu não me calei. Naquele momento só queria colo e ainda tive a tola coragem de retrucar: “Mas não é porque eu tenho isso tudo que eu preciso me sentir realizada, tenho o direito de querer mais, de acreditar em coisas melhores”.
Ela não retrucou e eu, bem, eu me senti uma idiota. Foi, então, que comecei a olhar os meus problemas com outros olhos, foi ai que comecei a observar mais, ouvir mais, falar pouco e reclamar bem menos.
Ainda acho que não preciso me contentar com o que tenho e que tenho todo o direito de buscar coisas melhores, mas havia me esquecido de agradecer. Agradecer minha vida, minha saúde, minha família, meus amigos que tornam aquele monte de problemas, meramente insignificantes.
Acho que o maior problema está em nossas mentes, que não aceitam as contrariedades da vida. Acho ainda que se aceitássemos os acontecimentos tudo se resolveria de forma bem mais simples.
Parei de reclamar, não me lamento tanto, continuo tentando buscar soluções, e o segredo é não perder a esperança, afinal, dizem por ai que cedo ou tarde tudo segue bem. Concordei com essa afirmação no dia seguinte ao diálogo com minha mãe, após presenciar um acontecimento no mínimo intrigante.
No caminho para o trabalho, observei um pássaro chocar-se com o vidro do ônibus, bem ao meu lado. A sensação foi de que se não tivesse o vidro ele teria entrado pelo meu ouvido, mas tendo ali aquela barreira transparente tive a certeza de que ele havia morrido.
Qual não foi minha surpresa quando o vi voar rente ao ônibus uma vez mais e bater asas para longe dali, desta vez em sentido contrário ao que fazia quando se chocou com o ônibus, comigo e com os meus sentimentos.
Percebi então, que muitas, mas muitas vezes é preciso cair, bater a cabeça, se esborrachar, para depois parar, respirar bem fundo, levantar as asas e buscar coragem para redirecionar seu caminho...
Creio que esta seja uma tarefa muito complicada, e que para o pássaro provavelmente tenha sido bem fácil, talvez por não se importar com os olhos de pena dos passageiros, ou ainda, com o pensamento de que ele não iria conseguir. Talvez por seguir apenas seu instinto e lutar por sua sobrevivência, ou quem sabe por acreditar que ainda valia a pena um novo bater de asas, um novo fôlego, mais um suspiro.
Independente de suas razões, aquele pássaro me fez pensar, e mais, me fez acreditar que, realmente, logo tudo se ajeita, pois, se ele conseguiu, eu também consigo e você também, e todos aqueles que ainda acreditam que vale a pena dar uma nova chance ao destino e viver todos os dias intensamente, mesmo que para isso seja necessário, em alguns momentos, voar para bem longe...

Um comentário:

Marly Meyre disse...

Preciso acreditar que, realmente, logo tudo se ajeita, eu também consigo e você também, e todos aqueles que ainda acreditam que vale a pena dar uma nova chance ao destino e viver todos os dias intensamente, mesmo que para isso seja necessário, em alguns momentos, voar para bem longe...

muito profundoooooooooooooo

abraços