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sábado, 15 de novembro de 2008

A ópera



Seria uma noite comum, como qualquer noite de sábado nesta cidade, não fossem por dois motivos: o espetáculo que nos aguardava e a companhia. A noite reluzia clara, uma lua cheia que dispensava a iluminação pública, algumas estrelas e uma brisa leve.
Ele chegou na hora marcada, me deu um beijo de boa noite e sua mão para descermos a escada do prédio. Estava ansioso, parecia uma criança que pela primeira vez iria ao cinema. Sorriu para mim com aquele jeito de menino e nos dirigimos ao espetáculo.
Chegamos ao teatro de arena, todo iluminado por tochas, uma maré de gente cobria os assentos, com um pouco de dificuldade encontramos dois lugares e nos acomodamos. Em breve seria iniciado o espetáculo. Estávamos ali para assistir uma ópera: Carmen, de Georges Bizet, espetáculo dramático de origem francesa que me deixou sem fôlego quando assisti pela primeira vez. Desta vez, contudo, apesar de não ser a primeira me marcou profundamente, não pelos atores ou pelo enredo, mas por alguém que se sentou bem ao meu lado.
Olhei para o lado e o observei, as mãos entrelaçadas, as pernas inquietas e os olhos brilhando como nunca havia visto. Tudo o encantava, as pessoas ali presentes, a história da ópera que havia lhe adiantado no trajeto até o local, a iluminação, a lua e claro, o espetáculo.
O amor puro de Micaela por Don José e o amor platônico deste por Carmen, nos levaram a entender as encruzilhadas deste drama e a nos comover com suas histórias descritas em cada ato, diria mais, diria que fomos capazes de nos identificar com seus sentimentos.
Ele, sentado ali, bem ao meu lado, poderia assumir o papel de Don José que perde a razão ao se envolver com Carmen, uma cigana que o fascina e hipnotiza com seu canto e dança e eu, bem, eu caberia muito bem no papel de Micaela que tenta resgatar seu amado deste futuro destrutivo ao lado da cigana. A cigana não se chama Carmen na vida real, talvez nem tenha forma física, mas pode ser considerada uma metáfora para as mazelas do mundo e para aquelas tentações que nos fazem perder o chão.
O fato é que esta ópera nos marcou, nos levou ao mundo íntimo das personagens e descobrimos em seus segredos nossos medos. O medo do envolvimento, da rejeição, o medo do desamor e da paixão. Assim, como o amor puro não impede a tragédia no fim desta ópera, também não consegui livrá-lo de seus medos. Não o livrei do medo de apaixonar-se, não me livrei do medo do envolvimento.
Pude segurar em suas mãos durante toda aquela noite e fazê-lo sentir que estava ali, bem próxima, para mostrar-lhe um mundo novo e quem sabe me permitir uma nova chance ao lado de alguém tão especial.
Ver seu sorriso e os olhos marejados enquanto me dizia obrigado, em meio ao som de “bravo, bravíssimo” da platéia após o fim do espetáculo, me fez saber que esse momento estaria eternizado em sua mente. Soube que o havia marcado para sempre, mas estar presente em alguns momentos na vida de alguém, não te assegura que estará presente em todos os momentos da vida deste alguém.
A noite terminou fria, sem um beijo de bom dia. Fui vencida por Carmen, pelos medos desta vida humana que tanto me inquieta. E se quer saber se valeu à pena, pois é, creio que um momento de alegria bem vivido suprime muitas lágrimas. Apesar de tudo, ele me fez feliz e me permitiu contar a vocês sobre esta noite, que marcou o fim de mais uma das minhas histórias de amor.

2 comentários:

Taline Libanio disse...

Em lembrança a um amor que nunca existiu, a não ser aqui, dentro de mim...

Anônimo disse...

é uma historia muito bonita que com certeza ficara marcada pra sempre... mas achu que amor pode nascer a qualquer momento... sei que naum sou um bom amigo como aqueles que vc sempre teve mas apesar de perto parecemos estar longe... nem sempre conseguimos oq queremos ... mas sem sombra de duvidas quero poder estar ligado a voce de alguma maneira.. pois a pessoas como vc que devemos agradecer por renovar um restinho de esperança e amor que ainda nau nos esquecemos... bjo e sempre se lembre vc é muito Especial te adoro!!!!