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domingo, 2 de outubro de 2011

Relacionamento sim senhor!

Na semana passada refleti sobre um tema que causa inquietação e murmúrios por toda parte. O tal “casamento” movimentou minhas redes sociais e meu Blog, provando por A + B que por mais que se diga o contrário todas as pessoas precisam, gostando ou não, falar sobre relacionamentos, seja para exaltá-los ou criticá-los, o fato é que esse é um tema que nunca sai de moda.
Estive numa livraria semana passada e perdi a conta dos livros que traziam em seu título dicas para casais, orientação para pais e filhos ou passo-a-passo para relacionar-se com seu chefe. Relacionar-se é inevitável, vivemos em um mundo de relações, ora de amor, ora de poder, ora de concessões ou conquistas, mas sempre permeadas por pessoas.
Pensando nisso é possível entender o pavor de algumas pessoas ao terem que expor sua opinião em público, a angústia de uma divergência entre casais, a vergonha de falar o que se sente, o medo de contar o que se passa na relação mais íntima que conseguimos ter: aquela que é da gente com a gente mesmo.
Quando não nos aceitamos dificilmente conseguimos aceitar o outro. Quando não nos compreendemos, provavelmente entender o outro será um grande desafio. Quando não conseguimos ouvir nosso coração, raramente conseguimos ouvir um coração que se abre para nós.
Não pretendo falar sobre relacionamento entre casais, minha intenção hoje é outra, é apontar um conceito de relacionamento muito mais amplo e que pode influenciar não só sua relação com as pessoas, mas inclusive quais pessoas gostarão ou poderão fazer parte das suas relações.
Existem pessoas que fazem parte da nossa rede de relações obrigatoriamente desde o início de nossa existência, aprendemos com elas nossos primeiros passos, nossos sabores e dissabores sobre todos os “sins” e “nãos” dessa vida. Essas pessoas, as quais chamamos de família não foram escolhidas por nós, pelo menos não nesta vida e a decisão por mantermos ou não nossos laços com elas cabe apenas a nós mesmos.
Cansei de ouvir histórias de famílias rompidas, não falo aqui de separação, pois existem muitos casais que mesmo separados conseguem manter os laços familiares, falo de rompimentos que culminaram no desencontro de caminhos, na ausência de se compartilhar o que se vive, o que se sente e o que se espera da vida.
Quebrar uma relação de afinidade, quando se trata de um membro familiar, poderia ser comparado a se retirar do jogo uma carta fundamental do baralho, deixando ali um buraco, um espaço, que omite sentimentos e geralmente não assume vontades, mas um espaço que pode voltar a ser ocupado a qualquer tempo, tão logo se volte a carta ao jogo.
Creio, contudo, que de todas as relações àquelas que mais nos consomem não são as familiares, mas as escolhidas por nós, as relações de amizade, de amor, de trabalho. Relações por vezes inevitáveis, construídas por obrigação em alguns casos, por pura afinidade em outros e que cuja continuidade já não depende exclusivamente de nós. Neste tipo de relação, quando se dá o rompimento, por vezes, reatá-la é tarefa quase impossível.
Oras, mas será que é por esse motivo que por tantas vezes se parece muito mais doloroso romper com uma relação de afinidade do que familiar? Ótima pergunta...Confesso que não tenho resposta para isso, mas algumas suposições...
Quando estamos no nosso ambiente familiar podemos ser verdadeiramente nós, em nossa essência, afinal são pessoas que nos viram nascer, que sabem como somos e o que pensamos, do que gostamos e o que abominamos. Não é preciso fazer tipo para as pessoas que te conhecem tão bem. Não é preciso fingir que gosta ou que está de bom humor no único local onde você pode ser você mesmo.
As demais relações presumem conquista, confiança e para sermos aceitos precisamos nos mostrar confiantes, simpáticos, alegres, cheios de vida e de bons sentimentos. É isso que atraia as pessoas, é isso que faz brilhar os olhos e a outra pessoa dizer: nossa que garota legal. E fazemos isso inconscientemente, o ser humano por sua natureza não vive só e para tanto precisa de aprovação, precisa ser acolhido por um, dois, ou dez grupos para sentir-se útil, para sentir-se vivo.
Assim, quando se rompe um vínculo de amizade, de amor, de trabalho, a dor é por vezes pior que um conflito familiar, pois inevitavelmente se irá pensar: mas eu fiz tanta coisa por essa relação! Eu me doei, eu me desgastei, eu mudei meu jeito de ser...E agora por mais que eu queira não há meio de reatar esse laço.
Creio que todos já passaram por isso antes, e se não todos, posso afirmar também que a grande maioria se decepcionou grandemente. E aqui está o grande segredo do medo de nos relacionarmos, aqui está o motivo do tema relacionamento causar tanto burburinho: mais difícil que relacionar-se é deixar de relacionar-se.
Nossas maiores dores são por perdas, os ganhos são computados em escalas milimétricas, já as perdas...Ah! Essas assumem escalas em quilômetros quadrados. Se perdemos tanto é porque doamos demais, é porque investimos demais, é porque esperamos demais e sobretudo porque gastamos força demais.
Então me pergunto: será que já não é hora de deixarmos nossa energia para os ganhos? Será que já não é hora de pararmos de tentar agradar o tempo todo? Será que já não passou da hora de tirarmos as máscaras em nossos relacionamentos?!
Relacionamento é bom, sim senhor! É maravilhoso estar com as pessoas, saber o que elas pensam, no que elas acreditam e até discordar delas, mas isso não significa que você precisa gastar energia mudando seu comportamento, suas ideias, seus desejos para aparecer mais bonita na foto, mais inteligente no grupo, mais legal na sala de aula.
No dia em que nos sentirmos como em casa, amparados em uma zona de conforto que afasta o medo de não sermos aceitos diante de nossos amigos, de nosso companheiro, dos nossos colegas de trabalho poderemos assumir relacionamentos verdadeiros, relacionamentos pautados na única verdade que é válida nesta vida: aquela que você conta para você mesmo.
Sugiro então que sejam jogadas todas as máscaras no lixo, deixadas as capas e os sorrisos falsos no baú antes de se abrir a porta para um novo relacionamento, só assim deixaremos de ter medo de nos relacionar, pois não haverá mais testes, mais cobranças, afinal quem estará na porta da frente será você com toda sua essência, incluindo aqui o que se tem de melhor e pior, restando pouco para se descobrir e criticar.
Vamos perder o medo de nos relacionar! Vamos perder este medo da melhor maneira possível: nos relacionando! Não existe melhor hora, nem lugar, onde houver pessoas é possível se despir dos preconceitos e dos temores para colocar o primeiro livro na estante dos relacionamentos e posso garantir que quanto maior o número de títulos mais interessante será a SUA história...

Um comentário:

Anônimo disse...

Taline, este texto traz a tona um importante aspecto de nosso cotidiano, o relacionamento. Não fugimos dele. Queiramos ou não estamos envolvidos em relacionamentos, mesmo quando achamos que não, mesmo quando pensamos que evitamos o outro, ele ocorre em diferentes intensidades e formas. Isso me remete a palestra do professor Cortella, em que citou o trecho do livo do Apocalipse em que diz"Deus vomitará os mornos.Portanto, é preciso que fujamos do perigo de sermos "mornos" em nossos relacionamentos. Dessa forma, vivamos cada encontro e (re)encontro com intensidade. Parabéns pelo texto e obrigada pela oportunidade de reflexão de meus relacionamentos.
Abraços, Marina