Assisti a uma comédia romântica
nessa semana daquelas bem docinhas, estilo água com açúcar, marcas registradas
da sessão da tarde e que são infalíveis para deixar qualquer mulher totalmente
desiludida quando chegam ao fim.
Um filme daquele tipo em que você
fica atento a cada detalhe e se pergunta a cada minuto: Será que isso existe na vida real? Aquele filme onde a mulher
linda, inteligente, bem sucedida está totalmente livre, à espera do príncipe
encantado, mesmo sendo a atriz mais linda de hollywood, o que no filme não parece nenhum absurdo pois no final
ela encontra um cara lindo, rico, romântico e totalmente louco por ela.
Toda vez que assisto a esses
filmes fico deprimida. Sempre fico me perguntando: Mas será que na vida real existe um amor assim?! Será que isso
realmente é possível ou provável? E sempre, fatidicamente, inevitavelmente
eu me envolvo nos meus sonhos de um grande amor e desligo a televisão
resmungando algo que reproduz minha sensação de descrença: Ah! Quanta bobagem!
E sempre foi assim, mesmo quando
estava namorando, apaixonada, envolvida, sempre me senti assim no final desses
filmes. É algo que sempre me cutucou. Não sei muito bem por que, mas é certo
que essas histórias de amor perfeitas demais sempre me incomodaram. Na vida
real nada é assim tão simples, nenhuma história se desenha em cento e vinte
minutos e dificilmente um homem lindo e sensível como aqueles dos filmes
tropeçará em você e te carregará para o altar.
Sem contar que a maioria dos protagonistas
destes filmes tem um histórico de muitas mulheres ou de uma decepção amorosa em
sua vida antes de encontrar a mocinha perfeita e se apaixonar perdidamente. Mas
cá entre nós, você já conheceu algum homem real que decidiu deixar de ser
mulherengo ou voltou a confiar em uma mulher depois de uma decepção para viver
um grande amor?! Parece piada não?!
Provavelmente alguns leitores do
sexo masculino que acompanham esta coluna poderão me tachar de feminista ou
generalista, mas a verdade é que eu nunca conheci um cidadão desse tipo. Quando
algum homem resolve assumir um compromisso ou é porque nunca se decepcionou
antes, ou porque sempre preferiu viver a dois, assumindo todos os riscos de uma
relação e esse segundo tipo de homem geralmente é muito romântico, mas carente.
Os homens que realmente buscam
uma união estável, uma família e que acreditam mesmo no amor dificilmente vão
aparecer na sua vida, pois já estão comprometidos ou não vão te seduzir tão
facilmente, sabe por quê? Porque até esses homens raros tem defeitos,
geralmente muitos, como todos nós e isso acaba com todo e qualquer conto de
fadas.
Se os filmes de hollywood tivessem continuação
provavelmente não durariam muito mais do que dois ou três capítulos. Uma hora
ou outra a essência humana iria se sobrepor e quando começássemos a nos
identificar com os personagens da telona provavelmente perderíamos o interesse
pelo enredo dos filmes, pois o que nos chama atenção é justamente o que não nos
é familiar, aquilo que temos como modelo, como ideal, mesmo com a certeza de
que nunca sairá do imaginário.
O fato minha gente é que romances
perfeitos não existem pelo simples fato de que as pessoas perfeitas também não!
Todos nós, homens e mulheres estamos muito mais sujeitos a errar do que a acertar
e geralmente temos a péssima mania de dar valor maior para os defeitos do que
para as qualidades dos que nos rodeiam. É mais ou menos assim: Ele te levou
para jantar no aniversário de namoro, te fez um elogio quando colocou um
vestido novo e te fez um chá quando estava morrendo de cólica, mas tudo bem
isso não é mais do que a obrigação dele. Agora se o santo homem te deixa
esperando quinze minutos, fala um ou dois palavrões enquanto assiste o futebol
ou solta um arroto na mesa, pronto! Ele não é mais o homem dos seus sonhos...
O príncipe vira sapo com tanta
facilidade... E digo isso porque comigo também é assim. No começo do namoro, no
período de conquista é tudo uma maravilha, todas as qualidades e encantos são
colocados na mesa, que fase mais gostosa, mas a realidade, aquela capaz de
sustentar uma união pela “vida toda”, não demora muito para aparecer e quando
surge, traz todos os medos, os receios, os defeitos e, sobretudo a essência
daquela pessoa encantadora que você acabou de conhecer.
Vivemos procurando a pessoa certa
e geralmente esquecemos que nem nós nos suportamos todos os dias, que audácia é
essa de acreditar que alguém tem que nos aceitar do jeitinho que somos e mais
que isso, se moldar aos nossos desejos só para que um conto de fadas vire
realidade?!
Quando assumimos o desejo de
viver a dois, acatamos o risco de ceder e receber muito de nós e um pouco do
outro e vice-versa, em um ciclo que permite o equilíbrio entre o que temos de
melhor e pior. E é por isso que não suporto essas comédias água com açúcar...
Nesses filmes não existem riscos, não existem defeitos, nem receios. A vida não
é assim, por mais leve que se escolha levá-la, sempre terão obstáculos capazes
de nos tirar o eixo por vezes e por outras de nos fazer desacreditar de tudo,
até mesmo do amor.
Eu ainda não cheguei a este
ponto, confesso inclusive que tenho me apresentado a este sentimento de forma
mais cautelosa ultimamente, e tem sido bom. No dia a dia os defeitos não
parecem monstros de filmes de terror e as qualidades assumem um gosto bem mais
saboroso do que simples água com açúcar, o que vale é a nossa vontade de viver
o certo, mesmo que ainda não tenhamos toda a certeza do mundo ou que ainda exista
aquele medinho de que se esteja vivendo o certo com a pessoa errada.
“É louco, é pouco
De ego e de vaidade
A gente fica cego
E não consegue ver
De ego e de vaidade
A gente fica cego
E não consegue ver
O óbvio, o todo
O que é de verdade
E num minuto
A gente põe tudo a perder
O que é de verdade
E num minuto
A gente põe tudo a perder
Eu
sei que, eu não sei de nada
Eu não entendo nada
Do que eu sinto por você
Eu não entendo nada
Do que eu sinto por você
Será que eu fiz a coisa certa
Com a pessoa errada
Como é que a gente vai saber?”
Com a pessoa errada
Como é que a gente vai saber?”
(A pessoa errada - Paulo Ricardo)
2 comentários:
Taline, filme água com açúcar é ficção e não vale nos revoltarmos e sim se divertir assim como os desenhos animados, um bestorol que distrai. Se não for por distração é melhor nem assistir. Um beijo, pati
Tata, mas essa cronica è para mim? Homen perfeito, que busca relaçao seria, familia, e que ainda deixou todo o passado pra tras?
Principe encantado existe sim senhora, è so procurar... ou esperar
bjus xandy amooooooooooooo
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