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domingo, 28 de agosto de 2011

Desgraça pouca ... (Parte I)


Até agora tento entender o que aconteceu. Lembro-me de cada detalhe e cada vez mais me pergunto como foi possível acontecer tudo aquilo. Talvez tenha sido um daqueles dias de confusão astronômica, onde o caos se instala dentro de segundos e torna tudo complicado e atípico. Se for isso mesmo menos mal, pois dizem que essa raridade acontece a cada 5 ou 10 anos, quando se faz necessário o início de um novo ciclo.
Tudo começou com a vinda de uma querida amiga para passar o final de semana em casa, a chegada programada com antecedência devia-se à necessidade de assistir uma aula da pós-graduação, mas mais do que isso serviria também para que pudéssemos colocar o papo em dia e relembrar bons tempos.
Sexta-feira foi um dia comum, jantamos juntas, colocamos o papo em dia, pudemos rever alguns amigos, ouvir boa música e chegar em casa com tranquilidade. Creio que a mudança brusca de temperatura e a chuva gelada que nos recebeu naquela noite, já poderia ser o início do caos, mas até então, nunca poderíamos prever o que seria o nosso sábado.
Acordar cedo não foi fácil, mas era preciso, a aula começava as oito e tínhamos o dia todo pela frente. Enquanto minha amiga tomava banho resolvi secar meu cabelo e eis que começa a se instalar o ciclo do caos, coisa de cinco minutos depois do secador ligado escuto ela gritando no banheiro:
- Amiga, ficou tudo escuro aqui e a água está fria.
O secador que também havia parado de funcionar, me indicava que o problema era mais grave do que eu pensava. Corri para a sala e percebi que nenhuma luz da casa acendia, nem as tomadas funcionavam. Abri a caixa de força e arrisquei trocar um fusível, sem sucesso.
O jeito foi ela terminar o banho com a água fria (lembrando que a temperatura não estava nada convidativa para isso) e eu tive que desembolsar uma grana para chamar um eletricista no sábado de manhã.
Ela foi para a aula, mais acordada do que nunca, afinal o banho frio serviu para alguma coisa, e eu fiquei esperando o eletricista. O rapaz que já havia me socorrido em outra situação me alertou que nunca, jamais, nem em pensamento, eu poderia ligar o chuveiro e o secador ou o micro-ondas ou ainda a máquina de lavar ao mesmo tempo. Por sorte tinha um fusível de reserva e foi possível restabelecer a energia do apartamento, garantindo assim o banho quente e o último capítulo da novela no final da noite.
Peguei um ônibus e fui para a aula. Não consegui chegar antes do intervalo da manhã, já que precisei aguardar dez minutos até a chegada do ônibus e enfim, depois de meia hora chegar à aula, já perto do intervalo do almoço. Fui presenteada por outra chuva fina e gelada antes de entrar na sala, mas garanti o acompanhamento da disciplina até o final.
No final da aula nos reunimos com alguns colegas de sala para colocar a conversa em dia e falar sobre as pérolas ditas na sala e tão logo decidimos voltar para casa o caos se reinstalou. A chuva voltou a cair, ainda fina, como uma garoa. Chegamos à rua do apartamento e minha amiga disse:
- Você acha que tem algum perigo caso eu decida deixar o carro aqui na rua até irmos ao mercado?
- Não tem não, quando voltarmos você coloca no estacionamento, agora é tranquilo.
Ressalta-se que a intenção era subir, tomar um banho quente, ir ao mercado comprar comida e ir à casa de outra amiga para assistir o último capítulo da novela que ambas acompanharam do início ao fim (ou quase fim). Mas enfim, continuando o diálogo:
- E onde você acha melhor estacionar?
- Estaciona ali na frente, assim podemos ver o carro da janela do meu quarto.
- Nossa, será que consigo parar nessa vaga?
- Mas é claro, olha o tamanho da vaga! Você consegue!
Ela manobrou com cuidado, parou o carro, descemos e dez minutos depois de entrar no apartamento escutamos um barulho enorme e o som de um alarme. Na mesma hora ela gritou:
- Taline, o meu carro!
Olhamos pela janela e avistamos do décimo segundo andar o carro dela na calçada, atingido por outro carro na lateral.
Abro um parêntese para informar que não moro em uma curva, meu apartamento fica em uma rua reta, com pouco movimento aos finais de semana, sem contar que a vaga onde ela estacionou, era precedida por uma lombada que garante a velocidade controlada dos veículos, ou pelo menos deveria fazê-lo.
Olhei para o rosto da minha amiga, estava pálida, assustada tentava encontrar um sapato e me pedia para descer e não deixar o motorista fugir. Ela usava um moletom azul e tentava vestir uma bota montaria por cima da calça enquanto no outro pé tentava calçar uma sapatilha 2 tamanhos menores que o número dela. O que o desespero não faz!
Olhei para ela e disse:
- Você vai assim?
Por um instante ela se observou e trocou o moletom por uma calça jeans, calçando enfim os dois pés da bota. Ajudei a procurar a bolsa e a chave do carro que pareciam brincar de esconde-esconde naquela hora e enfim conseguimos sair do apartamento.
Descemos os doze andares rezando para o motorista barbeiro não ter fugido. Chegamos ao local e a imagem era inacreditável. A lateral do motorista inteira, o para-choque traseiro inteiro e a lateral do carona parcialmente destruídos. O carro que atingiu o veículo teve o eixo quebrado e teve que sair dali com um guincho, motivo que contribuiu para que o infrator permanecesse no local.
Era uma cena tão surreal que poderia afirmar ser mais provável um meteoro atingir o carro do que o cara conseguir acertar o carro dela daquele jeito, se bobear a probabilidade do meteoro cair é maior do que um acidente daquele acontecer novamente.
Diga-se de passagem que tem um Monza azul que fica parado na mesma rua todo dia, toda noite há mais de três meses e que sempre esteve ali, inclusive no dia do acidente e adivinhe?! Pois é, com ele não aconteceu nada! Permaneceu lá, intacto. Hoje mesmo quando cheguei em casa olhei pela janela e lá estava o Monza azul, paradinho, sem um risco sequer, foi então que pensei: - Vaga maldita!
Confesso que ainda estou consumida pela culpa, ela me perguntou onde deveria parar e eu indiquei o local exato da batida, garantindo que era seguro, mas quando é que eu poderia imaginar que um maluco que não consegue andar em linha reta iria acertar o carro dela, bem o carro dela. Ai que dó, não bastasse o banho frio da manhã, mais essa ainda...
Mas calma, essa é só metade da história, ainda aconteceu muitas coisas noite adentro... Na próxima semana continuo, com as cenas do penúltimo capítulo: Ao vivo!

2 comentários:

Taline Libanio disse...

Em homenagem a querida amiga Aline Marchetto...semana que vem tem mais...Vai que...rs.

Fernanda disse...

Amigas... coisas boas e ruins acontem a todo tempo e com todas as pessoas! O mundo não gira ao redor de uma única pessoa e nenhum de nós tem controle sobre tudo... Aceitar essa duras verdades pode nos causar uma sensação de impotência, mas também nos deixa livre: Nem tudo está sob o nosso controle!!

Contudo, decidir fazer um piquenique e dar risadas quando não há outra coisa a fazer... isso sim está sob nosso controle e foi o que fizemos! Rsrs!!