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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tratores e corações não combinam...

Meu coração está partido. Partido ao meio, em pedaços, nas pontas e dos lados. Mais uma vez partido.
Desta vez o pobre coração não caiu, não levou solavanco, nem flechadas. Para dizer a verdade, nem sei ao certo o que aconteceu, talvez um mal entendido, ou quem sabe a distância, quiçá a insegurança ou ainda a incompreensão.
O fato é que se partiu e agora dói.
Não é um ferimento profundo, daqueles incapazes de curar. Nem tampouco me causa desespero ou desânimo, apenas dor. Um ferimento que provavelmente deixará uma cicatriz rala, para lembrar-me do quanto é perigoso amar.
Um ferimento que custa fechar, mas que irá sarar, pois tem sido cuidado com muito apreço.
Meu coração foi vítima de um atropelamento. Passaram por ele tratores de ofensas e injustiças. Tratores cegos e agressivos que nem me deixaram dar um passo à frente ou atrás. Tratores que me atropelaram e me fizeram chorar.
Hoje tive a certeza de que tratores não combinam com corações.
Quisera ter passado por aquele campo de batalha imune. Quisera não ter sofrido nenhum arranhão, mas o amor é assim. Faz-nos tropeçar, nos reerguer e logo em seguida nos empurra aos berros: Segue em frente!
Ainda não sei qual caminho seguir. A dor ainda não passou, estou receosa de voltar e dar "de coração", digo, "de cara" com outro trator, mas ao mesmo tempo temo seguir e passar por cima de um coração que me foi dado.
Quisera que as pessoas entendessem de uma vez por todas que tratores e corações não combinam!
Quisera tanto que as pessoas passassem a abrir passarelas em campos floridos ao invés de estradas de terra. Queria mesmo que um dia as pessoas entendessem as faces do amor e dele não mais se estranhassem.
Amizade, fraternidade, irmandade, amor, humanidade. Sentimentos separados por uma linha tênue, tão tênue que alguns não conseguem enxergar, uma linha tão sutil que impede a tantos outros decifrá-la.
Quisera que as pessoas entendessem que não há amor maior ou menor, apenas diferentes formas de amar. Que não existe amor de mãe maior que de amigo e de namorado maior que de irmão. Que cada forma de amar encontra sua forma em cada coração. Que cada coração dá seu formato ao amor que recebe e dele se apropria da melhor maneira possível.
Existem aqueles que pouco demonstram, mas sabem que o amor está lá. Existem outros que escancaram toda sua emoção, transparentes, capazes de em um abraço apertado ou de em um sorriso sincero dizer constantemente: amo você, quero-te bem, você é especial.
Quisera que as pessoas aprendessem a valorizar mais o amor que têm e deixassem de medi-lo com o que vêem. A intensidade do amor que você recebe está nos gestos, no ato e na história que você construiu com cada doador de um pouco de amor.
Quisera que todos nós aprendêssemos a nos dedicar a cada sementinha de amor que nos é dado e deixássemos de nos preocupar com as sementes dos outros.
Quisera que ao invés de atropelar corações, os tratores tirassem todo o mau olhado e as ervas daninhas que fazem morrer tantos amores.
Por que usaste logo o trator?! Eu só precisava de um pouco de água para regar o amor que tinhas me doado...

Ilustração de: Gabriel Vicente.

2 comentários:

Diario de um Pirata disse...

Maravilhoso!

Marly Meyre disse...

Ao longo dos anos e das experiencias vemos que:

- a vida é cheia de altos e baixos.
- encontramos Pessoas e pessoas.
- somos atropelados...
Mas, o importante é seguir em frente.
Ver que talvez o outro não fez por mal. Senão viver não valerá a pena.
Adorei te conhecer pessoalmente.
Breve nos veremos novamente.
Com Muito Amor.
Marly