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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A felicidade vem de elevador



O mês é maio, o ano 2004, o clima frio, o céu estrelado, o que a move é seu coração, o que lhe assombra é a ilusão, eis que surge uma nova história, um amor sem final feliz, mais um amor, um amor para recordar.
A vida afetiva não era convidativa, a tristeza tomava conta do seu peito. Estava desiludida, desamparada, buscava um novo amor. Em seu caminho só decepção. Conheceu algumas pessoas interessantes, outras cruzaram sua vida e passaram despercebidas. O vazio continuava.
O coração apertado, cansado, com medo de uma nova cicatriz decide interromper a busca. Resgata seu amor-próprio e, só, volta a sorrir.
Foi quando ele apareceu. Alto, com um sorriso lindo, olhos brilhantes, voz forte, inteligente, bom papo, engraçado e tímido.
Almoçaram juntos. Viam-se diariamente, tinham alguns amigos em comum, interesses diversos, sentimentos estranhos, sensações confusas. Era o início.
Foram a um restaurante, jantaram, em seguida dirigiram-se para a casa dela. Cappuccino, conversas, risos, olhares, elogios, olhares. Ele é muito interessante.
O interesse surge. Ele a olha com mistério, queria conhecê-la, fazer parte de sua vida, só não sabia como.
Os dias passam, voltam a se encontrar. Conversa fiada depois do almoço, viagem para a cidade natal. Um final de semana sem vê-lo e o pensamento começa a voltar-se para ele. No retorno, uma alegria imensa ao reencontrá-lo. Bolo de baunilha e café, risos, olhares, risos.
Caminhadas no poliesportivo, confidências, uma amizade se fundava. A vida parecia mais agradável, menos amarga, mais colorida, menos densa. Será que era real?
Mãos dadas por um curto caminho que parecia uma estrada imensa. Constrangimento, dúvida, afeição, risos.
Visita a um amigo em comum, massagem nas mãos, olhares cruzados que causam um frio no estômago. Elevador, um abraço, um passo, dois, três, apartamento 33.
Meia-luz, mochila no chão, olhos nos olhos, mãos dadas, voz rouca, frase improvisada, susto!
Lembranças, medo, atração, medo, vontade, medo, coragem, medo, saudade, medo, angústia, medo, dúvida, medo.
Um pedido, uma declaração. Amor? Paixão? Ilusão...um beijo, compromisso selado. A porta se fecha, ele sai, o sono não vem, o pensamento insiste, será ele?
Hora de tomar uma decisão. Medo, coragem, medo, coragem, medo, coragem, medo, coragem, coragem, coragem.
A felicidade veio de elevador, subiu três andares, ganhou espaço, recebeu declarações e promessas. Permaneceu ali por quase dois anos. Partiu devagar, sem fazer muito barulho, pela escada, degrau por degrau.
Desgastou-se com o tempo, com as brigas, com os valores divergentes, com os planos diferentes. A felicidade veio de elevador. A realidade a esperava na escada, bem ali no último degrau, para lembrá-la que os amores eternos são utópicos.
Ilustração de: Gabriel Vicente.

4 comentários:

Taline Libanio disse...

Em homenagem a este amor. Que me trouxe tantas alegrias, cicatrizes e aprendizados. Um amor para recordar... Creio que você já deve ter vivido um também...rs

Anônimo disse...

a felicidade vem de elevador..,

Quanto mais alto o andar, mais devagar se demora pra descer pro terreo, pra realidade.
Mas existem coisas, pessoas que permanecem la em cima, junto com as boas lembrancas,...o bom eh ficar la...no alto, com tudo aquilo que ainda permanece e faz parte de vc, da sua vida.
Azar de quem desceu, e perdeu a chance de ver como eh o mundo a partir da sua janela..

bjs.. Ta

Taline Libanio disse...

Lindo comentário...Mas me fez pensar que talvez, para que tenha tido a vontade de descer é porque da minha janela a vida não fazia muito sentido para esse alguém...E é assim mesmo, quando se perde o por quê, o sentido de estar ali, no alto, ao lado de alguém e observando a vista da janela, é melhor descer, mesmo que seja devagar, degrau por degrau, até que se entenda que a vida a dois nem sempre faz sentido... Obrigada pelo comentário, adorei! Volte sempre! Beijos!

Paulo disse...

Espero que possa algum dia fazer novamente sentido a vida a dois.
Mas acho que a felicidade está sempre a nossa porta... toc...toc! :D
Te amo!