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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Vazio



Confesso que pensei muito antes de escrever esse texto. Muitas coisas ainda estão confusas e senti um misto de insegurança e vergonha ao escrevê-lo. Insegurança por não saber direito o que estou sentindo diante dos últimos acontecimentos e vergonha por ter me permitido fazer parte de uma história tão absurda como essa.
A coragem para escrevê-lo partiu da lembrança de todas as pessoas que já se disseram motivadas pelos meus textos ou que se encontraram em alguma parte deles.
A verdade é que precisava compartilhar esse vazio com mais alguém, pois a cada dia me assusto mais com a humanidade.
Por diversas vezes assisti a filmes, novelas e pensei que toda aquela maldade só podia ser coisa de ficção, que era impossível ou no mínimo inconcebível que alguém em sã consciência fosse capaz de causar propositadamente sofrimento para outra pessoa.
Acontece que me esqueci do detalhe de que é na vida real que a ficção encontra inspiração. Quem me conhece sabe que sou uma pessoa do bem. Raramente me zango com alguém ou guardo rancor, afinal aprendi que isso tem o mesmo efeito que tomar veneno em doses homeopáticas. Não julgo, não maltrato nem faço joguinhos com as pessoas que estão no meu convívio. Mas esse tipo de comportamento tem me parecido exceção ao invés de regra nos últimos tempos.
Vivenciei uma história de filme essa semana, onde a protagonista era eu. Assumindo o papel da mocinha enganada e traída, iludida por um psicopata mau caráter.
Em sete minutos fui do céu ao inferno. Tempo exato que durou a conversa com a fulana que sabia bem mais do meu relacionamento do que eu e que me mostrou que todas as minhas verdades eram mentiras e que a única verdade não era nada colorida.
Confesso que estou em estado de choque. Custo a acreditar que alguém que parecia tão bom, honesto, gentil, conseguiu me manipular e me enganar por tanto tempo.
Lembrei-me muito de um amigo hoje que sempre me dizia: Você é ingênua demais. E não é que é? Sou mesmo muito bocó. Tenho a mania de achar que as pessoas só farão comigo o que farei com elas. Na ilusão da lei de ação e reação como não prejudico ninguém, acredito que ninguém vai me prejudicar. Mas é aqui, bem aqui que me esqueço de um detalhe essencial: Não vivo nos folhetins! E a vida real é muito cruel, chega a ser mais sórdida do que muitos vilões de filmes que já vi por ai.
O mais engraçado é que não estou com raiva, nem ódio, nem tristeza. O que eu sinto não tem nome. É apenas um vazio. É como se todos os sentimentos tivessem sido jogados para fora do meu peito. Os bons, os ruins, os não tão bons e aqueles que tinham chance de se tornar ruins. Todos se foram. Rápido como o vento que antecede a chuva.
O que aprendi com isso tudo? Que sou mesmo muito ingênua. Que dificilmente confiarei novamente em alguém. Que a solidão não é tão ruim quanto se parece, depois de passar por uma situação como essa.
Não sei se terei coragem de me envolver com outra pessoa novamente. A solidão hoje me parece bem mais segura. Além do que, é bem provável que, se acaso encontre alguém realmente disposto a compartilhar sua vida comigo, eu duvide.
Provavelmente se alguém por mim se encantar vai me fazer correr quilômetros, assustada e quando estiver bem longe, vou gargalhar alto e dizer: dessa vez você não me pegou!
Chega de desilusão. Eu só quero ser feliz.

2 comentários:

Taline Libanio disse...

Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo/SP, no dia 03/11/12.

Aguardo comentários!

Tamara Caroline Braga disse...

Tá, adorei o texto.. penso que muitas pessoas se identifiquem não necessariamente com os fatos em si, mas com o reflexo disso em seus sentimentos.
Essa descrição do que é sentir-se vazio, também achei incrível, e olha só, tem uma música composta pelo gilberto gil e que é interpretada pelo chico buarque, chamada "copo vazio", tenho ela num disco, é linda!E eu sempre a apreciava, mas foi agora lendo seu texto, que encontrei o sentido mais apropriado, completo da letra.

bjs!