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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Na pedra mais alta...

“O medo fica maior de cima da pedra mais alta
Sou tão pequenininho de cima da pedra mais alta
Me pareço conchinha ou será que conchinha acha que sou eu?
Tudo fica confuso de cima da pedra mais alta”
(O Teatro Mágico)

Foi em uma tarde de sol com cheiro de chuva. Em uma tarde daquelas em que a boca seca ao respirar e o calor provoca suor na nuca. Uma tarde quente, abafada, com algumas nuvens no horizonte, ainda longe do meu céu, mas que indicavam chuva futura.
O céu ainda estava azul, aquele azul celeste vivo, insistente. O sol ardia poderoso, lançando seus raios de cá e de lá sem se importar com seus efeitos. Óculos, chapéu e protetor solar pareciam pouco para tanta claridade.
Pouco antes das dezenove horas ele chegou e me levou até a pedra mais alta. No caminho acenei para o sol diversas vezes, quase suplicando que ele esperasse minha chegada para se despedir. Era muita natureza para pouca habilidade, queria que meus olhos tirassem fotos, teria imortalizado cenas incríveis naquela tarde.
Foram minutos longos e coloridos, entre árvores que deixavam o verde claro e começavam a ganhar a sombra do entardecer, nuvens que se pintavam de branco e cinza, parando no alaranjado que anunciava o final de outro dia e o sol que bocejava cansado enquanto atirava seus últimos raios, mudando a cor do céu, da grama, do chão, de tudo o que tocava.
A vista da pedra mais alta era hipnotizante. Cheguei a ficar sem respirar por segundos para registrar aquele momento. O horizonte se apresentava enorme, de braços abertos, colorido, disposto a contracenar com o sol naquele espetáculo que me deixou sem ar.
O azul logo deu lugar ao alaranjado e logo depois para o lilás e mais a frente um laranja cor de fogo que me fez sorrir. Era beleza demais para apenas dois olhos. Não me cansei de olhar, queria que o crepúsculo durasse horas, que aquele pôr-do-sol fosse eterno.
A lua, ainda nova, apareceu tímida, em apenas um filete claro, ainda sem muita graça, mas sorrindo, quase transparente. Tornou-se a protagonista do espetáculo poucos minutos depois, quando a escuridão tomou conta de tudo.
A lua amarela feito ouro firmou-se no céu negro, sem nuvens. Estrelas começaram a pipocar e aqueles segundos entre a escuridão e a sombra me permitiram admirar o céu e todos seus detalhes. Desde a minha infância não via um céu tão estrelado, a ausência de iluminação artificial deixou cada estrela evidente, abri os braços e girei olhando para o céu, o céu mais lindo dos últimos tempos.
Por um momento silenciei e agradeci em uma prece curta. Agradeci pelo espetáculo, pelos meus olhos, por estar ali, pela companhia. Foi tudo mágico.
Pouco antes de me despedir daquele pedaço do paraíso me emocionei ao ver a dança de vaga-lumes ao nosso redor. Um, dois, três, muitos... Aproximavam-se sem receio, fazendo com suas luzes outro céu no chão. Outra vez lembrei-me da minha infância e da corrida entre vaga-lumes no rancho do meu avô.
Voltei renovada, cheia de boas lembranças, com imagens difíceis de descrever, mas que ficarão eternizadas na minha caixinha de memória.
Foi em uma tarde de sol, com cheiro de chuva, bem ali, em cima da pedra mais alta que vi o pôr-do-sol mais lindo de toda a minha vida...



4 comentários:

Taline Libanio disse...

Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo/SP, no dia 24/11/12.

Aguardo comentários!!^^

luis disse...

É o primeiro artigo que leio guando abro o DEMOCRATA tds os sabados!!

Isabel disse...

nossa como é bom observar que seus olhos e seu coração estão voltados para o que realmente tem importância nessa vida...

Liana Morisco disse...

Primeiro que adoro essa música!!! Segundo o seu blog é uma delícia!!! Me bateu muita saudade do tempo em que eu escrevia assim!!! Esse seu texto é uma viagem incrível ao sentimento de renovação que tenho procurado!!! Acho que vou com certeza pra pedra mais alta da minha cidade, pra me encontrar novamente!!! Parabéns e obrigada por compartilhar com o mundo palavras tão delicadas!!!