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domingo, 16 de janeiro de 2011

O silêncio é uma prece...


Confesso que nunca acreditei que o fim pudesse ser sinônimo de um recomeço. Geralmente os finais são cheios de decepções ou daquele gosto de quero mais que custa a sair da boca.
Fechei recentemente um ciclo em minha vida e imaginei que encontrar uma nova saída demoraria meses, quiçá anos, mas desta vez não.
Sinto-me leve como há tempos não me sentia, estou comigo apenas e percebo que isso já me basta.
Chego a transbordar de calma e contentamento nos últimos dias e por vezes me pego surpresa perguntando: Para onde foi toda aquela insatisfação? Para onde foi a preguiça e a falta de vontade de ir trabalhar? Para onde foi o sono pesado que me impedia de fazer qualquer coisa e insistia em me arrastar para a cama?
Para onde foi meu mau humor e a impaciência que entoaram tantas discussões no último ano e aquela tristeza sem causa que ia e vinha sem prévio aviso? Para onde foi meu medo de recomeçar e aquela vontade de desistir de tudo?
Perguntas, perguntas e mais perguntas... todas sem resposta. Sem por que e nem pra quê. As respostas neste caso não importam. O que vale mesmo é a transformação e esta se deu por inteiro.
Ganhei uma tela novinha, em branco, onde posso rabiscar minha nova história de qualquer cor, sem medo de faltar espaço ou das cores não se encontrarem.
Tentei por alguns instantes, mas não consegui me lembrar da última vez que havia ficado sozinha e acordada no meu apartamento. Geralmente usava todos meus minutos para dormir e achava mesmo que estava fazendo um ótimo negócio.
Hoje, fiz questão de abrir a cortina da sala para observar a chuva. Deitei no sofá, agora com nova cor, desliguei a televisão, o computador e fiquei ali, no silêncio comigo e ninguém mais.
Para minha surpresa não me senti sozinha. Senti-me serena, em paz, capaz de qualquer coisa para me sentir assim para sempre. No silêncio dos meus pensamentos percebi que algumas coisas e pessoas me atormentavam e que a paz que sempre busquei, dependia apenas de mim.
Retirei da estante um livro ainda embalado, comprado há anos e que nunca havia sido folheado. Iniciei o primeiro capítulo e adormeci tranquila, com as letras nas mãos e o barulho da chuva lá fora.
O medo de não conseguir encarar a solidão foi infundado. O silêncio me abraçou forte, como uma prece e, desta vez, não me fez chorar.
Com certeza é o recomeço do fim. Um fim doloroso, triste, mas que me despertou para algo que havia me esquecido: “quem procura se completar no outro, está vazio de si”. A felicidade, aquela plena e contínua só pode ser compartilhada com alguém depois de cultivada e regada internamente.
Dias felizes! Dias silenciosos, sem culpa ou barulho é o que desejo a todos nós, pois é assim que me sinto hoje neste silêncio: Feliz, simples assim!










domingo, 9 de janeiro de 2011

Cada acorde em seu lugar...


Nunca imaginei dizer isso logo no início do ano, mas por ironia do destino ou simples conspiração do universo, as promessas de um Ano Bom que eu imaginava nunca iriam se realizar, já começaram a se cristalizar antes mesmo da virada do ano.
Fazia tempo que não me sentia tão viva, tão em paz, tão amada e tão capaz de amar. Um vento leve soprou no meu ouvido que para ser feliz eu só precisava querer e foi querendo que abri espaço em muitos caminhos e me encontrei onde menos esperava.
Ainda estou me acostumando a esta sensação de felicidade plena. Uma alegria tão intensa que é capaz de transpor barreiras e me fazer rir depois de horas de lágrimas ao me ver com o dedão do pé todo enfaixado em plena virada do ano.
Uma vontade tão forte de estar comigo, seja aqui ou acolá, que me faz gargalhar com as histórias mais simples e me mostra que levar uma criança para brincar no parquinho da praça pode me trazer um prazer indescritível.
Estou feliz sem cobranças, sem a imposição de que é preciso ser feliz. Minha felicidade extrapola o limite do querer. Uma harmonia tão interessante que me fez arrepiar por inteiro ao final da oração de ano novo, naquele círculo de mãos dadas com pessoas tão queridas.
Um sorriso que não cabe mais na boca, capaz de eliminar todos os medos e angústias. Capaz de curar todas as feridas e dizer ao tempo: Desta vez superei seu poder de curar feridas... Um sorriso que surgiu contagiante ao ver os fogos de artifício pintarem o céu negro, enquanto o Cristo redentor de braços abertos também parecia gritar “viva” ao ano que se iniciava.
Fui invadida por uma onda de amor que não me dá medo. Um amor que vagou perdido durante anos e hoje se apresenta maduro, forte e prático. Já não penso mais no futuro, no que pode vir a ser, apenas vivo o hoje, o presente, tão colorido quanto papéis de embrulho dos presentes de Natal.
Fiz as pazes com o espelho, com meu corpo e todos seus quilos a mais, com meu espírito e todas suas angústias, com meu coração e toda sua insegurança. Não quero ser outra pessoa, preciso apenas continuar me encontrando, ser eu mesma e neste caso a cada reencontro poder dizer: você me surpreendeu, você está bem, muito bem mesmo...
A canção já não desafina, os acordes se encontram em música e já não me canso de ouvir repetidas vezes aquela letra que me fez acordar para a vida, para a minha vida. Que se dane a moda e o vício pela estética, a revolução da beleza neste caso é interna, é duradoura e não vai cair nem enrugar com o passar dos anos.
Não devo isso a uma pessoa apenas, mas a todas aquelas que me fortaleceram nos últimos tempos. Que me mostraram que sou livre e independente, sensível e engraçada, inteligente e bonita, deste jeitinho aqui, sem tirar nem pôr. Devo isso ao amor que me energizou as férias inteirinhas. Quantos amigos conquistei nesta caminhada, que família doce Deus me deu... E esse novo amor que me invade e me faz perder o chão, que coisa mais estranha e maravilhosa!
Amor que para alguns pode ser contínuo, para outros passageiro e que para mim tem sido sublime. O meu amor, o amor-próprio que descobri tenho e nunca mais vou deixar escondido dentro de uma crítica qualquer ou de um olhar mal humorado.
Dias repletos de amor é o que desejo a todos nós! Daquele amor puro, forte e contagiante que pode vir dos outros, mas também pode brotar bem ai, dentro do seu peito...
Ilustração de: Gabriel Vicente.