Vote aqui! :)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Desgraça pouca é bobagem! (Conclusão)


Finalmente chego ao final desta trilogia que de tanto enrosco estava parecendo a história sem fim. Para quem chegou agora nessa viagem, não se preocupe, adianto o ocorrido em suma e lhes convido a ler os detalhes em publicações anteriores, para entender com clareza todo o mistério que envolve essa trama de imprevistos.
Para começar, diria que se trata da descrição de um dia de caos. Dia esse que se iniciou numa manhã fria de sábado, com um fusível queimado, um banho frio, seguido por um carro atropelado por outro carro no final da noite, carro esse que pertencia a uma querida amiga (que estava apenas de passagem pela minha casa) e que estava estacionado em frente ao meu prédio, em uma rua reta. Ressalto que o infrator não tinha seguro.
Se bem me lembro, o último fato relatado foi a entrega do documento pelo motorista maluco e a bem sucedida tentativa de acionar o seguro por parte da minha amiga. Pois bem, seguro acionado era hora de pensar no que seria feito do prejuízo.
Para não torná-lo ainda maior, minha amiga decidiu ir embora com o guincho até a cidade dela e para tanto voltamos ao apartamento para organizar sua mala. Ao entrarmos encontramos a casa toda iluminada, com a televisão ligada e o telefone fora do gancho, tudo no lugar em que havíamos deixado quando saímos correndo para saber o que estava acontecendo ao ouvir a batida.
Acontece que o caos parecia longe de terminar e para nossa surpresa e descrédito, após uns dez ou quinze minutos da nossa chegada a luz do apartamento simplesmente desapareceu. Tudo parou de funcionar, nenhuma lâmpada, nenhuma tomada, nada, ficamos totalmente no escuro. Na mesma hora pensei: Maldito fusível! Contudo, ao investigar a casa toda percebi que nada funcionava, e seria impossível encontrar o problema naquela escuridão, então o jeito era terminar de arrumar as coisas dela pelo tato e descer.
Utilizamos as lanternas do celular para buscar as coisas que estavam espalhadas pelo quarto, nos assegurando de que tudo estava dentro da mala. Ao sair no corredor, percebi que o problema (feliz ou infelizmente) não era apenas do meu apartamento, mas sim do prédio todo. A luz do hall, os elevadores, nada tinha sinal. Como consequência tivemos que descer 12 andares de escada, com uma mala nas mãos, parecendo estrelas de um filme de terror de péssimo gosto.
Durante o percurso encontrei diversos vizinhos assustados, com velas nas mãos querendo saber o que tinha acontecido, mas nem me arrisquei a contar, pois se soubesse do nosso dia de caos com certeza atribuiriam a nós a culpa por ter faltado energia no prédio.
Ao chegar à calçada percebemos que a força havia acabado não só no prédio, mas no quarteirão inteiro. Pelo menos não ficamos presas no elevador, isso sim seriam uma tragédia!
De volta ao local do acidente, foram fechados os últimos ajustes do acordo para que o seguro fosse acionado e minha amiga não ficasse com o pior dos prejuízos. Conversa findada, nos despedimos do motorista maluco que ainda teve a ousadia de dizer:
- Mas já vou ter que ir embora? A companhia está tão boa!
Mal ele saiu e nós caímos na risada, mas será possível que nem nessa situação nos livramos dessas cantadas baratas?!
Já passava das dez horas da noite e nada do guincho chegar, meu estômago começou a dar sinais de que estava com fome. Deixar o carro ali não era uma boa, a porta do motorista não fechava e a última coisa que faltava era ele ser roubado e isso não desejaríamos de jeito nenhum, o jeito era ficar por ali até que o guincho chegasse.
Para amenizar a fome, fui ao apartamento e desci com dois pedaços de pizza da noite anterior, lanchinhos com queijo e requeijão e uma garrafa de refrigerante. Já que tudo de pior tinha acontecido, engordar uns quilinhos não seria nada e confesso que nunca tinha feito um piquenique no carro noite adentro, mas até que foi engraçado.
Entramos no carro batido para fugir da chuva e do frio e lá ficamos, comendo, relembrando cada minuto desse dia que pareceu mentira e pensando em como teria sido o último capítulo da novela, até o guincho chegar.
Com a chegada do guincho nos despedimos do carro e de sua dona, que deve ter pensado mil coisas na longa viagem de volta para casa, sentada naquele caminhão, levando o carro na garupa.
Quanto a mim, ganhei uma gripe daquelas e aprendi algumas preciosas lições: carro sem seguro não é seguro. Morar no décimo segundo andar nem sempre é vantagem. Nunca indique uma vaga para seu amigo estacionar. Os eletricistas cobram mais caro aos finais de semana. Nunca se deve deixar a geladeira vazia. É melhor descer doze andares de escada no escuro do que ficar preso no elevador. Sempre é prudente ter velas ou uma lanterna em casa. Para manter a calma geralmente é preciso uma terceira pessoa. Na internet você encontra todos os últimos capítulos de todas as novelas. Nunca se está livre de uma cantada barata. Um piquenique é propício em qualquer lugar onde exista fome. Amigas de verdade te fazem rir até nos piores momentos. E a principal delas: sempre tenha uma câmera fotográfica em mãos, pois tem coisas que se contar, ninguém acredita!
Estou pensando em lançar um quite para pessoas que vivem sofrendo com a ironia do destino, existem coisas que geralmente são esquecidas, mas que podem ser muito úteis em ocasiões como as que vivemos nesse sábado caótico. Agora além do guarda-chuva, do par de meias e de uma chave reserva da casa eu também vou ter uma lanterna dentro da bolsa e o telefone de um guincho e de um eletricista.
Aos que acompanharam todo o desenrolar e desfecho dessa história agradeço a paciência e informo que tudo se desenrolou bem depois do sábado sem fim, que mais pareceu o parque dos horrores. E para quem acha que prevenir não é o melhor remédio, diria que a precaução é sempre uma boa escolha mesmo diante do imprevisível, pois vai que...

Um comentário:

Taline Libanio disse...

Em homenagem as queridas Aline e Fernanda que fizeram dessa tragédia mais um momento de risos e histórias para recordar! Tamo junto! ;)