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domingo, 25 de setembro de 2011

Casar ou comprar uma bicicleta?!


Convivo há mais de doze anos com três pessoas que se tornaram essenciais na minha vida. São três amigos maravilhosos (a ruiva, o loiro e o moreno) que vivem me cobrando para falar deles nos meus textos e por mais que eu já tenha afirmado a presença deles em muitas histórias ainda não se contentaram.
No último mês, contudo, me sobraram motivos para escrever um pouco sobre a relação de amizade e cumplicidade que nos une, principalmente pelo fato dos três terem entrado em uma nova fase de suas vidas. No final do mês passado um deles, a minha amiga ruiva, foi pedida em casamento e o amigo loiro casou-se. Como não poderia deixar de ser, o moreno, que mora em outro país e vive em uma união mais que estável, anunciou nesta semana que vai ser papai e eu consequentemente serei titia.
As três notícias me fizeram imensamente feliz. Vibrei ao saber que finalmente minha amiga realizaria o sonho de se casar, me emocionei na cerimônia que coroou a união de um amigo que fez parte de tantos momentos da minha vida, e cheguei a chorar ao saber sobre a gestação do meu sobrinho, afinal, esses amigos são mais que irmãos para mim, são verdadeiros guardiões, meus anjos sem asa.
Nesses mais de dez anos de amizade não teve um dia sequer em que não pensasse neles, não teve uma notícia ruim ou maravilhosa que não tivéssemos compartilhado, não teve segredo, ofensa ou deslealdade e assim continua sendo: amizade verdadeira, para o resto da vida.
Na cerimônia de casamento, o quarteto fantástico (que por conta da distância e dos rumos que a vida deu a cada um de nós, se encontra bem menos do que gostaria) conseguiu se reunir e pudemos relembrar algumas histórias do início da nossa amizade, imaginar o futuro e aproveitar cada segundo do presente que nos unia mais uma vez.
O padre durante a benção aos noivos utilizou-se do texto Sermão de Casamento, de Mário Quintana para a realização dos votos e achei tal atitude brilhante. Aquela história de ser fiel na alegria e na tristeza, até que a morte os separe, já caiu por terra há muito tempo. Ninguém é obrigado a viver na tristeza esperando a morte chegar, ninguém é obrigado a suportar o desrespeito e a infelicidade só para manter as aparências e, apesar de muitas pessoas o fazerem, creio que não deveriam.
Meu último relacionamento me trouxe algumas cicatrizes, mas me ensinou que ninguém é obrigado a ser infeliz nem sequer por um dia condicionado a outra pessoa. A felicidade de um relacionamento está justamente na liberdade, no respeito à decisão do outro. O amor consiste em querer bem ao outro mesmo que longe das amarras. Foi então que notei que não precisava nem dele nem de ninguém para ser feliz. A felicidade real estava nos meus olhos, no meu querer e não precisei de muito para encontrá-la dentro de mim.
Estar com meus amigos naquele dia, escutar aqueles votos tão modernos, saber da felicidade em cada um deles e da cumplicidade que nos une, me deixou feliz. Mesmo sendo a única “avulsa” do quarteto, não me senti sozinha nem durante a dança a dois, nem durante o brinde, pois um deles sempre estava por perto, me fazendo rir e me mostrando mais uma vez que não preciso de muito para me sentir bem.
Apesar da liberdade e da felicidade que tenho sentido constantemente por poder viver só para mim e por mim nos últimos meses, me fazendo redescobrir do que eu gosto, do que eu preciso, o que eu quero e o que abomino sem medo do que os outros vão pensar ou se isso é atrativo ou não...Quando se passa dos vinte e cinco e se começa a receber convites para ser madrinha de casamento ou batismo, quando encontra colegas da escola e os vê com filhos nos braços ou aliança nos dedos, quando você encontra com sua família e a primeira pergunta que te fazem é porque você ainda não casou, algumas inquietações começam a perturbar entre elas a crucial dúvida: Casar ou comprar uma bicicleta?
Conheço pessoas que assumiram a primeira opção e estão felizes da vida, outras que fizeram a primeira escolha a deixaram de lado e hoje não pensam nessa possibilidade nunca mais, assim como têm aqueles que mesmo não seguindo o juramento na primeira escolha ainda buscam outra oportunidade de concretizar um casamento feliz. Quanto aqueles que optaram pela segunda opção pouco os vejo com anseio de assumir a primeira, geralmente estão certos de que o caminho é esse. Mas existem ainda outras pessoas que não se decidiram e hoje me encaixo nessa terceira lista.
Tenho passado dias tão felizes nos últimos meses, tenho me realizado com tanta coisa e tenho visto tantos casais brigando, tanta pressão de alguns relacionamentos que chego a me sentir sufocada por eles. Outro dia sai para jantar com um amigo e disse a ele: se você fosse meu namorado provavelmente não teríamos nos divertido tanto, pois com certeza alguma coisa para se criticar ia aparecer durante, antes ou depois do jantar.
E é exatamente assim que estou me sentindo em relação a relacionamentos. Não estou amarga, fiquem despreocupados, não desisti de me apaixonar, mas é que tem sido tão bom estar sozinha, sem cobrança, sem crítica, sem a obrigação de abrir mão disso ou daquilo pra evitar uma cara feia, uma discussão. É tão simples ser feliz! Não quero me aborrecer, então porque me incomodar com o fato de estar chegando perto dos trinta anos e estar solteira?
Pelos outros. Essa é a melhor resposta. Pela família, pela sociedade, pelos amigos, por eles que me incomodo tanto, por eles que tantas pessoas uniram-se e vivem infelizes e outras tantas estão com casamento marcado mesmo já tendo escolhido a bicicleta.
Estou disposta a não me torturar mais. Não vou fazer mais nada para agradar os outros, a não ser que seja esse o meu querer. Não quero mais namorar alguém só por me sentir sozinha, ou por ser cobrada por estar sozinha, hoje me lembro de todas as vezes que me senti sozinha mesmo ao lado de alguém e quer saber? A minha solidão hoje é saudável a outra nunca foi.
Não abandonei meus sonhos, só deixei de alimentar alguns deles por enquanto. Ainda quero ter uma família, um filho quem sabe, mas para isso eu preciso estar bem e descobri que tenho conseguido ser bem mais feliz, em um espaço bem restrito que existe entre o casamento e a bicicleta. Então, para quem ainda não se decidiu ou está repensando a escolha eu sugiro subir no muro, aqui de cima os horizontes são bem mais amplos e é possível descobrir bem mais que dois caminhos...
Suba no muro, escute seu coração, feche os ouvidos para os outros e seja tão feliz quanto puder suportar! Garanto que não irá se arrepender...

8 comentários:

Taline Libanio disse...

Em homenagem aos queridos amigos/irmãos: Alexandre, Ana Flávia e Danilo. Vocês me inspiram diariamente! ;)

Luis F. disse...

Olá Taline!
Me identifiquei muito com o texto! Você sabe bem, através de nossos papos, como realmente é cansativa a pressão que rola (direta ou indireta, inocente ou agressiva) da sociedade/família em relação a esta obrigação de "casar/filhos". Eu, com 30 anos e o único irmão "solteiro" dentre 4 filhos, posso dizer que é chato. Mas, somente cada um de nós sabemos o que é necessário para a obtenção da felicidade. Beijos!

Xandy disse...

Como vc disse, começamos uma nova fase em nossas vidas, e vc fez, faz e sempra vai fazer parte de nossas vidas, especialmente da minha.
Agora que vai ser titia deveria comprar uma bicicleta e cuidar de seu sobrinho...iramazinha querida.

Isabel disse...

Viver com pessoas é uma eterna cobrança:
- se está solteira, por que está solteira ?
- se vai se casar, porque casar tão nova ou tão velha ?
- se demora para ter filho, por que demora tanto?
- Se tem um filho, quem tem um, não tem nenhum.
- se tem mais de dois filho, prá que tanto filho, se assim, vai...
quer saber de uma coisa?
quando sair do muro, se optar por se casar, compre também uma bicicleta, eu que não sei andar com ela, imagino que deve ser uma delícia passear a dois na ciclovia, principalmente no final do dia, quando é primavera ou verão.
bjs. e manda esse povo ir catar coquinho rsrsrsrs.

Anônimo disse...

a cda texto seu vc me surpreende mais vc tá mais q certa tentar agradar os outros p faze tipinho vai p inferno isso nunca fez o estilo da "TALINE" e pd ter certeza q ai em cima desse muro vc vai exergar alguem mto melhor bjao linda fica c Deus

Ana Flávia disse...

aleluiiiiiia! rs

amiga, temos que cuidar para nunca perdermos o poder de decidir nossa própria vida! seja pelo enlace ou pela bicicleta...

saudades,
bjus!

Beca Franz disse...

Poxa gostei muito, me identifiquei também.... vc acredita q depois de uma desilusão amorosa eu comprei uma bicicleta... e apareceu um amigo que começou a andar comigo rsrs hoje ele me pediu em namoro rsrsrs.... não sei no que vai dar... mas estou pensando muito mais nos meus valores, no que eu quero pra minha vida... sem cobranças.. sem críticas.... adoreii o seu texo parabenss!!!

Anônimo disse...

Parece mesmo que qualquer que seja o "casamento" o que faz sentir a tal felicidade é aquele em primeiro lugar feito com a gente mesmo...viajando por nossa imensidão interna seja de bicicleta, seja nas asas de um amor possível.
cristina