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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

De tanto, restou tão pouco...


Abri os olhos e tudo estava cinza. Apesar do céu azul lá fora e do sol com seus raios amarelos invadindo meu quarto pela janela.
Fiz questão de me beliscar para ver se a cena era real, olhei em volta e reconheci meu quarto e a escuridão que havia permanecido desde a noite passada. Não, não era um pesadelo.
Um vazio me consumia. A falta na lembrança que se fazia presente em todos os cômodos, nos móveis e até na vista da janela.
Tudo cinza. Como fotos queimadas em uma fogueira no fundo do quintal. Como fuligem que se esvai com o vento soprando daqui e dali e manchando tudo o que vê pela frente.
A verdade é que o cinza nunca foi minha cor predileta. A verdade é que quando vejo tudo cinza é porque algo foi queimado dentro de mim.
Sonhos, planos, esperança, risos e promessas. Juras de amor, abraços apertados, passeio de mãos dadas, serenata, pôr-do-sol na beira do mar. Tudo cinza, tudo envolto por um véu de fumaça que me causa enjôo.
Não tenho respostas, nem certezas. Fui consumida pela confusão. Eu te amo, mas preciso pensar. Você é muito especial para mim, mas preciso ficar sozinho. Você é uma pessoa maravilhosa, mas...
Mas... sempre o mas. Sempre o talvez, o quem sabe. Um pedido de desculpas e a sombra invadiu meu mundo novamente.
Desculpe-me. Um erro? Tudo não passou de um erro? Desculpe-me por tê-la magoado. Mágoa. Antes fosse só mágoa. O que dói mais é a incerteza, as perguntas sem respostas.
Parece que o companheirismo se findou. Como se agora que estivesse andando com as próprias pernas nada do que aconteceu tenha tido valor. O apoio nas horas difíceis, o choro nas horas de decisão, o colo nos dias de tristeza e o incentivo para que caminhasse sozinho. Nada teve valor, não significou nada?
Tudo, nada, tão pouco, muito pouco... Não sei, creio que jamais saberei. Só sei que uma tristeza pronfunda me consome e começo a refletir se realmente é impossível morrer de amor... Realmente ninguém morre de amor, mas e da falta dele?
Não chore. Deixe-me chorar até cansar, lavar a alma, o riso e os gestos. Você vai ficar bem? Com certeza ficarei. Cedo ou tarde, tarde demais ou tão cedo a ponto de me causar espanto.
Vou me recompor, recobrar meu orgulho e seguir. Já passei por isso outras vezes. Vou sobreviver. Sou forte, frágil, corajosa, medrosa. Chega de lágrimas. Chega de incerteza. Vou gostar de quem gosta de mim. Vou gostar de mim, isso basta.
Chega de blasfêmias, de ilusões e blá-blá-blás, quero ser feliz para sempre. Desta vez sozinha. Comigo, para mim, por mim e apenas isso.
O que me entristece não é a falta, já que o tempo com certeza vai curar mais esta ferida. A dor fica pela falta de respostas. Pela incerteza do que hoje já é mais do que certo.
Você está com raiva de mim? Não. Raiva não. Acho que decepcionada, triste por ver que continua tão indeciso, diria até egoísta. Por isso desejos de felicidade. Sem raiva, de coração. Afinal, até mesmo quem partiu um coração tem o direito de amar e ser feliz.
Dias repletos de nostalgia e medo de amar a todos nós, é o que desejo, pois é isso também que nos move: a tristeza, tão incerta quanto os dias de sol e céu azul em meio a um mundo cheio de nuvens cinzas...

Ilustração de: Gabriel Vicente.

5 comentários:

Unknown disse...

O bom da vida é que ela nao para, sigue em frente, deixando para atras so as lembranças. A fila anda, e como o tempo cura tudo, vamos bebemorar...para isso estamos os amigos.

Wagner Nicolau disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luis F. disse...

Olá Taline!
Você já demonstrou ser uma mulher "guerreira", de um ótimo coração, o qual é lindo por dentro e por fora. Da forma que você, e somente você saberá, irá passar por tal situação incômoda da melhor forma possível...
Saiba que você tem, no mínimo, duas pessoas que gostam muito de você em Sorocaba (eu e a Nádia), não se esqueça disso ein!
E ah, quando vc voltar para cá, não podemos de deixar de fazer o que melhor se pode fazer para afastar uma fase ruim...Sair e beber...Hehehe...
Saudades! Beijos!

Luis F.

Gabriel Vicente disse...

Ah! Gostei da charge...rS

Nadia Peters disse...

Oi, Taline.
Sinto muito mesmo sobre o que aconteceu... mas quem perdeu com isso tudo foi ele, que não soube ver a sorte que teve ao encontrar você. De verdade mesmo. Você é uma das pessoas mais determinada, independente e divertida que eu já conheci. Azar o dele e bola pra frente. Com certeza algum dia o “príncipe encantado” vai te encontrar e fazer por merecer. Agora o memento é esse mesmo: se valorizar acima de tudo, ser feliz consigo mesma e ficar aberta a novas oportunidades, novas experiências. E, como o Lu disse, as fases ruins precisam ser bebemoradas! Vamos combinar algum dia pra sair e dar algumas riasadas! =o) Gosto muito de vc, Tá. De verdade. Pode contar comigo pra tudo, ok? ;o) Tô com saudades.
Bjos.
Ná. =o)