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domingo, 2 de maio de 2010

Qual é o seu maior desejo?!


Na semana passada passei por uma situação que me fez refletir sobre a importância que as coisas têm. Sobre o que é mais importante ou sobre o que mais desejamos hoje, amanhã, no primeiro minuto do dia ou logo ao deitar.
Pensei no quanto isso tudo é relativo e só pode ter valor se analisado conjunturalmente. Tudo isso por causa de uma sandália que não custou mais de trinta reais. Calma que já explico.
Estava a caminho de uma consulta médica, agendada há dois meses, em uma semana que se apresentou toda colorida, com sol, céu azul e aquele vento frio no final do dia, mas que fez questão de se tornar cinza, bem perto da hora da consulta.
Dentro do ônibus já tinha notado algumas nuvens carregadas, mas pensei: Tomara que tenha tempo de chegar ao consultório. Hunf! Até parece. Foi descer do ônibus e a água começar a cair, bem na minha cabeça. Sim, sim, estava com guarda-chuva, mas com a chuva de vento que se apresentou, não tive como escapar e me molhei praticamente inteira. Na verdade estava me sentindo como aquelas personagens de desenho animado que andam, mesmo nos dias ensolarados, com uma nuvem na cabeça.
Até ai, tudo bem. Já estou acostumada a tomar chuva, foram tantas vezes, que já nem me importo. O pior de tudo foi que restando dois quarteirões para chegar ao meu destino, eis que um pé de sandália arrebenta. Na mesma hora pensei: Era só o que me faltava! Pronto Deus pode mandar o raio!
Por um instante não sabia se voltava para casa ou insistia na consulta, mas me lembrando dos dois meses de espera, e que estatisticamente é mais fácil ganhar na loto do que conseguir uma consulta com essa médica, achei que era questão de honra seguir, mesmo molhada e descalço.
Comecei a arrastar a sandália, como se estivesse mancando e com muita dificuldade fui avançando. Fui parada por dois pedestres que me perguntaram se eu tinha caído, mas nem ousei responder, só balancei a cabeça negativamente, soltei um sorrisinho amarelo e mantive meu esforço para chegar ao consultório.
Olhava desesperada para todas as lojas que encontrava na esperança de encontrar um par de calçados que salvasse minha vida, ou pelo menos meus pés daquela água de enxurrada, mas nada, só loja de computadores, escolas de inglês, academia e de roupa infantil.
No quarteirão do consultório cheguei a entrar em uma loja de pijamas, na esperança de encontrar um chinelo de borracha por lá, mas que nada, só chinelinhos de quarto, fofinhos, quentinhos, cheios de pelúcia, que não combinavam nadinha com aquele dilúvio.
Bem, foi bem ai que comecei a pensar no quanto queria um tênis com meias secas naquela hora, no quanto seria indispensável outro calçado naquele instante. Se alguém me perguntasse se eu preferiria um apartamento ou uma sandália naquele momento, na certa pegaria o calçado. Da mesma forma que quando acordo o que mais desejo é poder dormir mais cinco minutos, e quando vou dormir é ter silêncio e sonhos bons.
O fato é que tudo depende do momento, da situação, e ao redor de quem estamos na hora de escolher nossas prioridades, nossas vontades e necessidades. Para uma pessoa desempregada o maior desejo é o emprego, mas para alguém desempregado e sem moradia é a casa, e para aquele que não tem emprego, nem casa, nem comida, um pedaço de pão já serve.
E com isso muitos de nós deixamos de dar atenção ou valorizar o desejo daqueles que nos rodeiam. Achamos ridículo, ou um absurdo, ou ainda falta de ambição a vontade alheia, mas com que direito?
Como podemos julgar o maior desejo de alguém, sua maior necessidade se nem conhecemos sua realidade? Se não sabemos os obstáculos que cristalizaram essa precisão? Ainda assim julgamos, dia e noite.
Resumindo, cheguei ao consultório descalço. Fui olhada de forma rude e irônica pelas pacientes que ali estavam e nem me preocupei em explicar demais. Com a sandália arrebentada nas mãos, toda molhada, sentei na sala de espera e liguei para uma grande amiga (que se transforma em anjo da guarda nessas horas). Contei gargalhando o que tinha acontecido e escutei dela: “Mas tinha que ser você hein?! Se contar ninguém acredita!”.
Pois é, se contar ninguém acredita. Mas é assim, passando esses apuros dia sim dia não é que tenho aprendido a ser mais humilde, mais sensível e menos egoísta cotidianamente. Entender o outro só é possível quando conseguimos entender a nós mesmos e isso exige treino, paciência e muito amor.
Nesse exato momento o que mais desejo é um lanche suculento, daqueles bem gordos, mas vou acabar cozinhando alguma coisa mais saudável, pois tenho que pensar no almoço de amanhã. E isso é bom... Ainda existem várias formas de saciar nossas necessidades, e muitas delas não custam nada.
Basta um olhar carinhoso, um abraço apertado ou um sorriso maroto para atender o desejo de algumas pessoas, principalmente daquelas para as quais geralmente pouco temos tempo, e olhos.
Uma semana repleta de desejos e vontades saciadas, é o que desejo. Bons ventos para nós!
Ilustração de: Gabriel Vicente.

2 comentários:

Marly Meyre disse...

kkkkkkkkkk

Acredita que ja passei por uma situação semelhante?
Só que tinha uma Pernambucanas pertinho e comprei uma havaianas, pois estava numa crise financeira.
kkkkkkkkkk
Nunca entendemos a necessidade do outro mesmo. As nossas sempre serão mais urgentes.
bjus com amor e saudade.

Diario de um Pirata disse...

Essas situações caem como luvas, quer dizer, como guarda-chuva nas suas mãos, e nós telespectadores apreciamos, apesar da dificuldade de andar só com uma sandália!!

Sou seu fã, cê sabe, né??

Parabéns