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domingo, 22 de março de 2009

Fast Cliente?


Domingo é sempre dia de preguiça, dia de pensamentos e movimentos lentos, dia em que você se levanta com sono e com a sensação de que alguém roubou seu final de semana. É quando você pensa que felizmente tem o dia todo para ficar sem fazer nada, mas que infelizmente no dia seguinte a rotina irá te devorar com suas garras e sermões.
Domingo é sempre assim. Você pode dormir até tarde, acordar, cochilar um pouco mais e esperar um convite para almoçar. Acontece que algumas vezes o convite se perde nos cinco minutinhos a mais de sono e para saciar seu estômago, que já está dando sinais sonoros de fome, te implorando um almoço bem caprichado, cabe a você tirar suas amigas da cama mais cedo do que elas gostariam e, finalmente, ir almoçar.
Outro fator importante a ser definido é o local. O ideal seria o serviço na cama, em meio aos travesseiros e a vontade de dormir um pouco mais, mas como isso ainda não é possível, sugeriu-se um local tranquilo, com ar condicionado, onde se pudesse comer sem pressa, e já que a fome sempre é muita, que a comida, fosse boa e chegasse rápido. Essas características foram suficientes para definirmos a opção: restaurante fast food, de comida italiana, com garantia de atendimento rápido e com qualidade, o ideal para três moças famintas e preguiçosas.
Local arejado, com ar condicionado, uma mesa perto da janela, vista para a rua, céu azul, crianças brincando na calçada, balões coloridos, famílias reunidas, cheiro de macarrão e de domingo na casa da avó, tudo muito calmo até que se aproximaram os garçons.
Muitos, muitos garçons, iniciantes, experientes, simpáticos, quietos, falantes, falantes, falantes, lentos, ágeis, ágeis, muito ágeis. O excesso de garçons nos fez achar que estávamos em um almoço de negócios em plena segunda-feira.
Mal sentamos e já se aproximou um com o cardápio, tivemos tempo de abrir a carta de opções e após folhear a primeira página já surgiram outros dois garçons para anotar o pedido:
- Com licença, já escolheram?
- Não, acabamos de sentar.
Tudo bem que a rede fast food prevê um atendimento rápido, mas queríamos pelo menos o sossego de domingo de volta, para podermos escolher com calma o almoço.
Cinco minutos depois e ele voltou:
- Posso anotar o pedido?
Se disséssemos que não, ele acabaria escolhendo por nós, então fechamos os olhos e apontamos o cardápio:
- Um suply al telefono para ela, uma empada de palmito para mim, outro desse para ela. Uma salada e três massas. Anotou?
- Confirmando: um “suplico telefônico” (não, ele, não disse isso, mas soou mais ou menos assim) para você, um desse para ela, outro desse para aquela, uma salada e três massas, é isso?
- Sim, é isso.
O garçon vira-se, sorrimos e começamos a melhor parte do almoço de domingo: a fofoca. Espaço aberto para compartilhar acontecimentos da semana inteira, para as risadas e para as observações alheias, espaço brutalmente invadido por outro garçon que trouxe as bebidas.
Retomamos o assunto, que mais uma vez ficou sem conclusão, pois se aproximou outro garçon com a salada. Desistimos de falar e decidimos comer. Última garfada da salada e brota um garçon do chão:
- Posso tirar os pratos?
Quase engasguei com a agilidade do rapaz. Nem tinha acabado de mastigar e ele ali, plantado ao meu lado.
Não será novidade dizer que as massas chegaram em menos de dois minutos, ao som da marcha dos garçons e dos gritos de: rápido, coma rápido, rápido, mais rápido, que já haviam invadido nossa mente. Enquanto comíamos um dos gerentes se aproximou e disse:
- Será que podem me ajudar?
Fiquei confusa nesse instante, geralmente é o oposto, eles é que perguntam se podem nos ajudar, mas enfim, nem tivemos tempo de responder e ele disparou a falar, falou, falou e finalizou com a entrega de um questionário de avaliação do atendimento.
Será que ele imaginou que éramos críticas de alguma revista de gastronomia famosa? Será que era por isso que todos os garçons pareciam estar apenas nos servindo?
Pelo sim, pelo não, preenchemos o formulário e como sugestão colocamos a redução do excesso de agilidade, do excesso de atenção, do excesso de rapidez, que nos deixou totalmente desconfortáveis, do exagero de perguntas e ofertas que nos fez perder o apetite e ter crises de ansiedade.
Cinco minutos após a entrega da avaliação, surge outro gerente e começa a justificar-se pelo atendimento, e depois dele outro responsável, e mais um, concluímos que até para desculparem-se pelo excesso eles costumam se exceder.
Algumas risadas para descontrair e logo em seguida, a sensação de estarmos cheias. Cheias de tantas perguntas, de tanta conversa, de tanta explicação. Olhamos ao redor e era nítida a rotina fast do restaurante. Correria dali, pedidos daqui, pessoas devorando sua refeição sem nem olhar para a frente ou para o lado, clientes já adaptados ao ritmo fast do lugar.
Creio que domingo não seja um bom dia para almoçar em locais deste tipo, a menos que nos assumamos como “fast clientes”, assim, talvez, seja possível superar a agilidade dos garçons e ter um tempinho para reclamar do atendimento demorado, fazendo uma piadinha do tipo: Arrá, te peguei! Acabei esse refrigerante há 2 minutos e você não me ofereceu mais nada!
Sei que no final do almoço já não estávamos mais com preguiça, nem com vontade de dormir, mas também não queríamos mais falar.
Tanto blá-blá-blá dos garçons e gerentes, nos fez perder a vontade de fofocar e a melhor parte do almoço de domingo tornou-se a saída do restaurante, onde pudemos olhar umas para as outras e dizer:
- Escuta...Ufa! Que silêncio...
Creio que da próxima vez não seja uma má idéia perder a preguiça e fazer almoço em casa, lá, pelo menos, as fofocas e risadas fluiriam. Que mundo maluco, não? Nem para almoçar no dia mais preguiçoso da semana se tem sossego...

2 comentários:

Taline Libanio disse...

Em homenagem as queridas Aline e Paola, que tornaram esse domingo preguiçoso uma verdadeira maratona...rs. Adorei a companhia! Beijinhos!

Anônimo disse...

tatá, pq vc não pediu uma "água fria" pra tentar relaxar??? rs