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sábado, 26 de julho de 2008

Esquecer. Simples assim...



Esquecer. Apagar. Passar uma borracha. Deletar. Tirar do pensamento. Ausentar da imaginação. Desconhecer. Desmerecer. Tornar indiferente. Acabar. Suprimir. Olvidar. Desaprender. Deslembrar. Desmemoriar. Desprezar. Ignorar. Desaprender. Negligenciar. Adormecer. Omitir. Desacreditar. Negar. Descrer. Depreciar. Irreconhecer. Insignificar. Pôr de lado. Perder. Distrair. Descuidar. Preterir. Invalidar. Eliminar. Cassar. Extinguir. Recomeçar.
Recomeçar porque nada dura para sempre, porque tudo tem um fim, porque a fila anda, porque sempre existe outra chance, porque não vale a pena desistir, porque a vida continua, porque você merece, porque você vale a pena, porque ainda existem pessoas boas, porque ainda existem sentimentos nobres, porque ainda existe o sol lá fora, porque o tempo cura tudo.
Recomeçar e esquecer.
Esquecer uma dor, um adeus, uma paixão, um amor, uma decepção, uma pessoa, um momento, uma palavra, uma ação, um dia, uma noite, um minuto, uma hora, um lugar, uma música, um filme, uma piada, um gosto, uma sensação, um toque, um sentimento, uma mágoa.
Esquecer e recomeçar.
Recomeçar. Reiniciar. Renovar. Restaurar. Recompor. Reformar. Reconstruir. Reparar. Retravar. Restabelecer. Consertar. Renascer. Esquecer.
Esquecer aos poucos porque muita coisa é inesquecível, porque algumas lições não se devem esquecer, porque nem tudo merece ser esquecido, porque o esquecimento faz parte da vida, porque amanhã será um novo dia, porque todo fim precede um recomeço, porque o tempo às vezes é um grande inimigo.
Esquecer para recomeçar.
Simples como álgebra e física quântica, como conjugação verbal e latim, como abrir algemas sem a chave, como atravessar o deserto do Saara sem uma gota de água, como viver sem cobertor no Pólo Norte, como ferver uma água sem fogo, como trocar um pneu sem o macaco, como trocar de roupa no escuro, como saltar de pára-quedas quando se tem medo de altura, como fazer um bolo sem quebrar os ovos, como terminar um relacionamento sem lágrimas, como encontrar um verdadeiro amor.
Recomeçar e esquecer. Esquecer e recomeçar. Esquecer para recomeçar. Simples assim...

domingo, 20 de julho de 2008

Quanto tempo dura um "para sempre"? E um "nunca mais"?


Estive pensando no tempo e no quanto ele é relativo. Conceitos como cedo ou tarde demais, “para sempre” ou “nunca mais”, só mais um minuto ou por toda a eternidade são constantes na fala, no pensamento e na vida, senão de todos, de muitos de nós.
Quantas vezes você não disse que amaria “para sempre” ou que não queria ver aquela pessoa “nunca mais”? Quantas vezes você chegou cedo demais na vida de alguém ou decidiu falar o que sentia tarde demais? E pior ainda, quantas vezes você não desejou sentir algo por toda a sua eternidade e no minuto seguinte viu tudo se desmoronar como um castelo de areia?
Creio eu, que muitas vezes. Mas pensando nestas situações agora, pode ser que muitas já ganharam outro sentido em sua vida e inclusive te fizeram gargalhar ao lembrar de alguns acontecimentos. Afinal, em momentos de crise, muitas vezes, nos tornamos ridículos. Quem nunca se descabelou, quase morreu de tanto chorar, fez greve de fome ou quis se jogar do 10° andar achando que a vida havia perdido o sentido “para sempre”?
E por que tudo isso? Porque o tempo, que dizem por aí, ser quem tudo cura, também é relativo.
O seu “para sempre” pode ser o minuto de alguém, da mesma forma que um até breve pode ser um definitivo “nunca mais”.
Isso tudo é realmente muito confuso e estranho, quero dizer, humano. Pensar demais em coisas desse tipo causa crises existenciais, mas quando você já está no ápice de uma, a reflexão é uma forma de encontrar respostas. Respostas não para os problemas da humanidade, mas para você mesmo, para suas angústias e aflições, para suas lamentações e para aquela dor que só você sente e por isso é a maior do mundo.
Quando sabemos o que está sendo prioridade na nossa vida passamos a entender com mais facilidade o quanto o tempo é relativo.
O fato de um “para sempre” ter sido breve é dolorido para quem queria que fosse eterno, mas para quem o tornou breve foi só mais um momento, e por quê? Porque não era prioridade na vida daquela pessoa este sentimento ou a vontade de eternizá-lo. E é aqui que nos enganamos constantemente. Acreditar que o que sentimos provoca no outro a mesma intensidade de emoções que em nós é bobagem.
É mais ou menos o que aquela frase quer dizer: numa relação, sempre um dos dois gosta mais que o outro. Pode parecer estranho, mas esse “gostar mais”, não é nada mais do que a relatividade do tempo.
O fato de você querer estar cada minuto com alguém e viver “para sempre” ao lado desta pessoa, não obriga que ela também queira ou precise ficar cada minuto ao seu lado para estar “para sempre” com você.
Quando alguém diz que não quer te ver “nunca mais”, pode acreditar que naquele instante a vontade é mesmo essa, mesmo que pareça o contrário. Contudo, esse “nunca mais” não vai durar uma eternidade, pois, uma hora a mágoa passa e você acaba sendo só mais um momento na vida deste alguém, e ai, tanto faz te ver em breve ou “nunca mais”.
Entrar sem querer na vida de alguém e ouvir desta pessoa que você é a pessoa certa na hora errada é uma das piores coisas para um coração sensível. Então, você pensa: que negócio é esse de ter hora certa pra se apaixonar, a gente não manda no coração. Com certeza, você tem toda razão, mas aí entra, novamente, o conceito de prioridade, se esta pessoa não tiver como objetivo principal apaixonar-se, pode acreditar que mesmo você sendo a mulher da vida dele, ele vai te deixar partir, pois, acredita que neste momento não é a melhor escolha, ou pior, que você pode estragar seus planos. Então, não insista e se um dia ele voltar, talvez seja sua vez de dizer: agora meu querido, é tarde demais.
Hoje, compreendo perfeitamente isso e creio que descobri um tesouro, ao entender que tudo, inclusive e principalmente o tempo, é relativo. Então, tente não otimizar de forma extremada seus bons momentos a ponto de que pareçam tão perfeitos que você “nunca mais” irá senti-los, mas também não deixe de vivê-los, por achar que nada dura “para sempre”.
Apenas viva. Seja por uma vida inteira ou por apenas um minuto. Viva de forma que possa ser feliz “para sempre” ou não desejar aquilo “nunca mais”. Viva cada instante, até que possa olhá-lo como uma lembrança que lhe faça chorar de tanto rir, ou apenas chorar. Arrependa-se, mas viva. Faça planos, mantenha seus sonhos, só não deixe que eles te tirem do chão. Este é o segredo da vida. Viver intensamente.

sábado, 12 de julho de 2008

Zé Pequeno


Era uma vez Zé Pequeno. Zé de José Augusto da Silva e Pequeno por diversos motivos. Nascido em uma pequena cidade do interior paulista, aos 10 anos de idade Zé Pequeno mudou-se para a cidade grande. Mudou de uma casa grande para uma pequena casa na grande cidade, deixou grandes amigos e conquistou uma pequena vizinhança com poucos conhecidos.
O tempo foi passando e Zé Pequeno mudando. Mudou de tamanho, de colégio, de amigos, mudou de idéias. Cresceu um pouco, mas não o suficiente para ser chamado de Zé Grande, continuou Zé Pequeno, pequeno de tamanho, mas com grandes idéias.
Zé Pequeno pensava grande, tinha uma grande mente. Tirava grandes notas no colégio e fazia algumas maldades pequenas. Começou a trabalhar ainda moço, num emprego com salário pequeno, época em que conquistou algumas namoradas que ele assegurava amar grandemente.
Com o tempo, parou de crescer no tamanho, dando assim mais espaço para suas grandes idéias. Zé Pequeno tinha valiosas idéias, mas um caráter pequeno. Causou, por esse motivo, grande mal para muitas pessoas, inclusive para aquelas que ele considerava grandes (amigos, amores...).
Zé Pequeno tinha pequenas qualidades, gostava de estudar e não negava o trabalho, era gentil com sua família e gostava de animais. No mais, se destacava por seus grandes defeitos. Contava mentiras grandes e inventava pequenas desculpas, com arrependimento menor ainda. Iludia as moças com grandes promessas e em pouco tempo partia em busca de outro grande desafio. Zé Pequeno adorava um desafio, quanto maior melhor, e para superá-lo faria qualquer negócio, grande ou pequeno, não se importando se doeria muito ou pouco no coração ou no bolso de alguém, ele ia lá e fazia.
Tinha uma grande ambição que o fazia dar grande valor às coisas “grandes”. Adorava mais que tudo seu carro e a mansão que acabara de construir, gostava mais ainda do salário grande que agora recebia. Só que coitado do Zé Pequeno, lutou tanto para ser grande que acabou esquecendo de dar valor maior às “pequenas” coisas dessa vida. Zé Pequeno nunca havia sentido o cheiro da terra molhada, nem olhado para o céu numa noite de lua cheia, nunca parou para olhar um beija-flor ou sentir o perfume de uma rosa, mas pior que isso tudo, não sabia amar. Zé Pequeno nunca amou de verdade, e nem sabia que gosto tinha esse sentimento porque como ele mesmo dizia era bobagem.
Creio eu, que na verdade, ele sempre quis amar, mas tinha medo de mostrar-se pequeno, frágil, impotente e ser desmerecido, mal sabia ele que os pequenos homens, aqueles considerados mais sensíveis são os que geralmente deixam marcas eternas nos corações de grandes mulheres. Zé Pequeno era tão minúsculo paras as coisas do coração que quando sentia um nó na garganta, tratava de amolar a tesoura para cortá-lo, lágrimas ele não admitia – era coisa para fracos, exceto quando precisava usá-las para ganhar um desafio, aí elas escorriam feito chuva em sua face. Zé Pequeno era um grande ator, encenava a própria vida e escolhia seus coadjuvantes.
Um dia, certo que estava de ser grande em tudo, resolveu apaixonar-se para sentir o gosto disso, mas não conseguiu, porque seu caráter e sua coragem eram pequenos demais pra deixá-lo amar. Coitado do Zé Pequeno morreu sem nunca ter provado o amor. Morreu sozinho, com uma grande quantia de dinheiro no banco, sem nenhum amigo, em uma tarde vazia e chuvosa na pequena cidade do interior paulista, onde fora enterrado por um coveiro sem nome, mas com um coração grande, que com muito esforço escreveu na sua lápide: “Aqui jaz Zé Pequeno, o homem que comprou tudo o que era grande, menos o amor”.