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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Promessas de um Ano Bom...


Confesso que não estou muito animada para as comemorações de passagem de ano, é claro que sempre é bom festejar e, estar com amigos e família nesta época torna tudo mais fácil, contudo o que me assusta não são as comemorações em si, mas as promessas para o ano que se inicia.
Sei que uma promessa pode simplesmente não ser feita e então com isso não teria que me preocupar, mas sem promessas quais seriam os primeiros passos de um ano que eu desejo e espero seja bom?
Poderia enumerar uma lista com mais de cem promessas para 2011, mas que significado teria isso para você? Creio que nenhum, pois as promessas não são nada mais do que autoconhecimento e reflexão interior.
Se você pede para ficar dez quilos mais magra é porque sabe que está acima do peso. Se pede um namorado novo é porque está sentindo-se sozinha. Se pede um emprego é porque sabe que não é possível viver em um sistema capitalista sem um tostão no bolso e assim vai...
O legal da promessa é que ninguém pode cumpri-la por você. E isso pode ser muito negativo, se considerar que frequentemente não é possível cumprir nem dez das cem promessas listadas, fato que nos causa um desânimo tão grande que pode se arrastar até o final do ano. Por outro lado, se só você pode realizá-la, seu caminho está em suas mãos e de mais ninguém, e então poderá fazer tudo do seu jeito, sem pressa nem aflição e isso é muito interessante.
Creio que o desespero e descrédito das promessas de início de ano são causados, pois as pessoas não sabem prometer. Geralmente prometem com contrapartida e isso nunquinha funciona. Eu prometo ser uma boa menina se conseguir comprar aquele carro zero. Prometo parar de fumar se encontrar o homem dos meus sonhos. Prometo fazer regime se conseguir uma promoção no trabalho e assim por diante.
Promessas deste tipo estão fadadas ao fracasso. Da mesma forma quando condicionamos sua realização a outras pessoas. Geralmente as pessoas lançam expectativas nos outros e isso é tão comum que muitas vezes é inconsciente, contudo quando não têm seus objetivos alcançados colocam a culpa no mundo e na conspiração do universo, mas nunca em si.
Oras, mas ninguém vive sozinho neste planeta e é impossível não envolver pessoas em nossos sonhos! É claro, concordo plenamente, mas não podemos fazer das pessoas nossos sonhos, isso é um erro grave e irreversível.
Então meus queridos, quando o relógio badalar o início de um novo ano, não olhe para os lados ou para cima, olhe para dentro de você e tente descobrir qual seu maior desejo, qual sua ambição, qual seu sonho e então feche os olhos e prometa com toda sua força ser feliz!
A felicidade é capaz de contemplar todas as promessas, mesmo aquelas mais esquisitas. Viver intensamente e não apenas por viver, viver por você e não por alguém, sorrir de você e não para alguém, amar você e não apenas alguém é muito mais importante que qualquer lingerie colorida, que pulinhos na praia e sementes de romã.
Dias felizes e coloridos em cada minutinho de 2011 é o que desejo a todos nós! Sejam eles repletos de promessas ou apenas vividos dia-a-dia, um minuto por vez...


Ilustração de: Gabriel Vicente.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Enquanto o Natal não vem...


Estar de férias na época do Natal chega a ser estranho. Fazia muito tempo que não aproveitava a véspera das comemorações natalinas. Geralmente o Natal chegava em um sopro, na correria das rodoviárias, estradas carregadas e malas cheias.
Desta vez não. As férias me permitiram chegar mais cedo. Observar as luzes que surgiram aos poucos, tímidas de início, mas capazes de hipnotizar qualquer transeunte.
A noite da pequena cidade está mais colorida. Árvore de Natal na praça central, casa do papai-noel, auto de natal, iluminação em alguns prédios públicos e promoções, muitas, em todas as lojas. Um convite ao consumo e à manutenção da tradição natalina da troca de presentes.
Um olhar desatento, no entanto pode buscar o espírito natalino e não encontrá-lo. Para alguns o Natal não passa de marketing, época de maior lucro para o comércio e de desespero para os pais que parcelam em dez vezes o presente esperado pelo filho ou lhes escrevem cartinhas ao papai-noel na ânsia de ter seu pedido atendido.
Na televisão tudo lembra o Natal. Filmes cheios de neve e luzes coloridas. Famílias em pé de guerra que com um passe de mágica voltam a se entender graças ao milagre do Natal, do dito espírito natalino.
Tanto alvoroço para tudo acabar em uma mesa repleta de quitutes e em uma árvore cheia de presentes, isso é claro nas famílias que podem possibilitar isso aos seus. Para as demais será apenas mais uma noite, triste provavelmente e que se fará passar rápido em busca de um ano novo mais próspero, mais feliz.
O menino na manjedoura nem sempre é lembrado, tem sido substituído pelos bonecos de neve e pelos papais-noéis vestidos de qualquer coisa. Orações à meia-noite são substituídas por canções natalinas e brindes com espumante. E é assim que tem sido o nosso Natal.
Enquanto o Natal não vem tenho buscado o espírito natalino aqui e ali. Programando alguns sorrisos, muitas vezes por meio da oferta de presentes e olhando mais para lá do que para cá.
Afinal, estar de férias é ter tempo de encontrar o Natal antes mesmo do dia vinte e cinco de dezembro. E foi assim que percebi que o dito espírito natalino só pode ser encontrado nas pessoas, já que as coisas não o mantêm.
Estar com amigos verdadeiros, abraçar a família e ganhar um cafuné nos dias de tristeza é alimentar o espírito de Natal. Ele só existe se for cultivado, no dia-a-dia, em cada bom dia, nas histórias de final de semana e no céu azul de cada manhã. Harmonia do dia para noite só nas telas de cinema, não há espírito de natal capaz de transformar ódio em amor, rancor em carinho com uma música de Natal e um ho-ho-ho, depois do último badalar da meia-noite.
Descobri que o Natal está dentro de mim. Nem sempre alegre, nem sempre com boas lembranças, mas forte o suficiente para trazer paz, luz e um olhar colorido para as árvores da cidade.
Tive o prazer de ouvir um coral logo no meu primeiro dia de férias na pequena cidade. Para minha surpresa não foram apenas músicas de natal, mas quem foi que disse que o Natal não está em todas as músicas?
O cenário foi um antigo mercado municipal, com suas paredes brancas e o chão encardido. Cadeiras enfileiradas e um palco modesto logo à frente. Não havia muito público de início e tão logo entrei no local pensei: Mas nem uma luz decorativa? Nem um tapete no chão ou uma cortina nas janelas?
Fiquei à espera de uma apresentação comum, mais uma entre tantas outras que já havia presenciado e teria sido assim se o Natal não estivesse no coração dos coralistas.
Uma música atrás da outra invadindo minha alma. Trazendo sorrisos, lágrimas e uma vontade de ficar ali envolta por aquela energia o tempo todo. O espaço se encheu de luz, nem foi preciso decoração, cada azulejo foi iluminado pelos olhos brilhantes dos que cantavam e encantavam.
Uma senhora de cabelos brancos, toda maquiada e com um colar de pérolas no pescoço me chamou a atenção. Cantava feliz, sorrindo, com um prazer tão grande que pensei: Quando crescer, quero ser assim...
Bendito Natal que nos proporciona estes momentos de paz e alegria. Benditos artistas anônimos que nos fazer sorrir e chorar com suas vozes e sua vontade de cantar. Bendita cidade que me trouxe a paz de volta enquanto o Natal não vem.
Dias repletos do espírito natalino a todos nós, antes, durante e depois do Natal, é o que desejo, pois o Natal só persistirá se for cultivado o ano todo, em cada história contada, em cada sorriso dado, em cada prece ofertada a cada um de nós...
Ilustração de: Gabriel Vicente.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

De tanto, restou tão pouco...


Abri os olhos e tudo estava cinza. Apesar do céu azul lá fora e do sol com seus raios amarelos invadindo meu quarto pela janela.
Fiz questão de me beliscar para ver se a cena era real, olhei em volta e reconheci meu quarto e a escuridão que havia permanecido desde a noite passada. Não, não era um pesadelo.
Um vazio me consumia. A falta na lembrança que se fazia presente em todos os cômodos, nos móveis e até na vista da janela.
Tudo cinza. Como fotos queimadas em uma fogueira no fundo do quintal. Como fuligem que se esvai com o vento soprando daqui e dali e manchando tudo o que vê pela frente.
A verdade é que o cinza nunca foi minha cor predileta. A verdade é que quando vejo tudo cinza é porque algo foi queimado dentro de mim.
Sonhos, planos, esperança, risos e promessas. Juras de amor, abraços apertados, passeio de mãos dadas, serenata, pôr-do-sol na beira do mar. Tudo cinza, tudo envolto por um véu de fumaça que me causa enjôo.
Não tenho respostas, nem certezas. Fui consumida pela confusão. Eu te amo, mas preciso pensar. Você é muito especial para mim, mas preciso ficar sozinho. Você é uma pessoa maravilhosa, mas...
Mas... sempre o mas. Sempre o talvez, o quem sabe. Um pedido de desculpas e a sombra invadiu meu mundo novamente.
Desculpe-me. Um erro? Tudo não passou de um erro? Desculpe-me por tê-la magoado. Mágoa. Antes fosse só mágoa. O que dói mais é a incerteza, as perguntas sem respostas.
Parece que o companheirismo se findou. Como se agora que estivesse andando com as próprias pernas nada do que aconteceu tenha tido valor. O apoio nas horas difíceis, o choro nas horas de decisão, o colo nos dias de tristeza e o incentivo para que caminhasse sozinho. Nada teve valor, não significou nada?
Tudo, nada, tão pouco, muito pouco... Não sei, creio que jamais saberei. Só sei que uma tristeza pronfunda me consome e começo a refletir se realmente é impossível morrer de amor... Realmente ninguém morre de amor, mas e da falta dele?
Não chore. Deixe-me chorar até cansar, lavar a alma, o riso e os gestos. Você vai ficar bem? Com certeza ficarei. Cedo ou tarde, tarde demais ou tão cedo a ponto de me causar espanto.
Vou me recompor, recobrar meu orgulho e seguir. Já passei por isso outras vezes. Vou sobreviver. Sou forte, frágil, corajosa, medrosa. Chega de lágrimas. Chega de incerteza. Vou gostar de quem gosta de mim. Vou gostar de mim, isso basta.
Chega de blasfêmias, de ilusões e blá-blá-blás, quero ser feliz para sempre. Desta vez sozinha. Comigo, para mim, por mim e apenas isso.
O que me entristece não é a falta, já que o tempo com certeza vai curar mais esta ferida. A dor fica pela falta de respostas. Pela incerteza do que hoje já é mais do que certo.
Você está com raiva de mim? Não. Raiva não. Acho que decepcionada, triste por ver que continua tão indeciso, diria até egoísta. Por isso desejos de felicidade. Sem raiva, de coração. Afinal, até mesmo quem partiu um coração tem o direito de amar e ser feliz.
Dias repletos de nostalgia e medo de amar a todos nós, é o que desejo, pois é isso também que nos move: a tristeza, tão incerta quanto os dias de sol e céu azul em meio a um mundo cheio de nuvens cinzas...

Ilustração de: Gabriel Vicente.