“(...) No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
Por entre as ruínas de santa cruz lembrando nós dois”
Eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
Por entre as ruínas de santa cruz lembrando nós dois”
(Último pôr-do-sol – Lenine)
Hoje estou precisando de um
pôr-do-sol longo. Daqueles que duram minutos eternos, deixam quase todas as
cores do arco-íris se apresentar e nos banham com um suspiro longo, lavando a
alma a seco.
Na verdade, hoje um pôr-do-sol
seria pouco para acalmar o coração. Talvez fosse preciso uma volta ao mundo para
assistir a tantos pores-do-sol quanto quisesse. Sinto inveja do Pequeno
Príncipe em dias assim, sorte a dele que só precisa afastar a cadeira para ter
um pôr-do-sol a cada segundo... Um e depois mais um e outro e todos eles em um
dia cheio.
Para dizer a verdade mudar de
planeta seria uma boa para um dia como hoje. Ficar ali, sentada, mirando o
horizonte, rodeada pelo nada, ouvindo o silêncio que deixa gritar meus barulhos
interiores.
Estive em Jericoacoara no Ceará
no final do ano passado e tive o prazer de presenciar um pôr-do-sol incrível.
Avistar o astro rei despedir-se é um verdadeiro ritual naquele lugar. Próximo
da hora do adeus, muitas pessoas se dirigem para uma duna enorme e ali se
sentam aguardando o espetáculo.
O sol vai caindo aos poucos,
aproximando-se do mar. Mudando a cor do céu, da areia, da água e da alma da
gente. Subi a duna todos os dias em que lá fiquei para agradecer. Sentir a
areia grudar na minha pele, a brisa fresca bagunçar meu cabelo, o crepúsculo me
engolir, fazendo minha sombra sumir por completo...
Hoje gostaria de um planeta só
meu. Queria ter um Asteroide B-612 para afastar minha cadeira dezenas de vezes
até me acalmar. Queria que nele tivesse uma duna e um pouco de mar para que o
pôr-do-sol mais incrível que já vi me acompanhasse quantas vezes fosse
necessário.
Hoje um banho de mar ou de lua
não acalmaria meu coração. Precisava mesmo de um banho a seco, de pôr-do-sol,
do que resta da sua luz para recobrar minha energia, para silenciar meu caos e
me trazer de volta a paz.
Um banho sem gota, sem tapete
molhado ou guarda-chuva aberto. Um banho quente, mas sem fumaça, capaz de
alegrar até mesmo os corações mais tristes, capaz de encorajar até mesmo a mais
insegura das almas... Que hoje, admito ser a minha.
4 comentários:
Texto publicado no Jornal Democrata de São José do Rio Pardo/SP, no dia 26/01/13.
Aguardo comentários! :)
...lindo texto! Minhas reticências soam como um suspiro de satisfação ao tentar refazer em mim, enquanto leitora, a sensação desse pôr do sol
Saudades dos seus textos, que venham muitos outros mais....
Tamara
mas ao ler suas palavras sentimos uma profunda vontade de sol e silêncio...
mas ao lermos seu texto sentimos uma vontade de sol tranquilo e silêncio... Ótimo texto, sentimentos em palavras!
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