“Quase sempre a maior ou menor felicidade
depende do grau de decisão de ser feliz” (Abraham Lincoln)
A vida nos prega algumas peças
que nos faz pensar no porquê de certos acontecimentos e ações. Por vezes
fazemos coisas que nunca deveriam ter saído do mundo das ideias e tão logo elas
se concretizam viram um mar de arrependimento e conflitos.
Tenho me questionado nos últimos
dias sobre o que tenho feito e o que deveria ter sido feito. O problema maior
está no fato de muitas coisas acontecerem sem o meu consentimento. Geralmente é
assim, quando menos se espera, sem nem mesmo aceitar lá está ela, outra
situação posta. Algumas admito ter provocado, mas grande parte delas aparecem
sem avisar, causando um grande transtorno.
Quando situações desse tipo acontecem
geralmente são permeadas por dúvidas e tomadas de decisão. Acontece que em
grande parte das vezes uma decisão vai interferir no rumo da vida de um monte
de pessoas. É a velha história do alfinete caído aqui que pode provocar um
furacão no Japão.
Nessa hora a dúvida impera e o
medo de fazer a escolha errada, de machucar pessoas, de se arrepender parece
tomar conta de todos os nossos sentidos, e digo todos, pois o sono demora a
chegar, o apetite desaparece e até a respiração se altera.
Nunca tive tanta certeza de estar
em dúvida como agora. Nunca esperei tanto uma atitude de outra pessoa para
esclarecer minha dúvida. Acontece que sei que enquanto acreditar nisso, vou
continuar me enganando.
Decisões preveem inevitavelmente
renúncias e escolhas. E a consequência
de cada uma delas será de nossa inteira responsabilidade. Esperar do outro
nessas situações é tapar o sol com a peneira, esconder a insegurança em um véu
de tule.
Algumas pessoas acreditam que uma
decisão pode ser revertida a qualquer tempo e isso faz com que se precipitem,
se machuquem e se arrependam. Contudo, creio que uma decisão tomada jamais será
reversível. Você pode até vivenciar novamente a mesma situação, com as mesmas
personagens, mas o impacto da escolha não será o mesmo dessa vez, pois todos
estão cheios de histórias, lembranças e cicatrizes. E é isso, na minha opinião,
que faz com que todas as decisões sejam tão difíceis e importantes.
Arrependo-me de poucas coisas
nessa vida. Creio que apenas uma delas teria mudado de forma radical minha
vida. As demais poderiam ter causado uma emoção aqui, uma lembrança ali, uma
lágrima acolá, mas nada que me fizesse lamuriar até a eternidade.
A escassez de arrependimentos
deve-se ao fato de fazer quase sempre o que tenho vontade e não pense que isso
é sinal de coragem e segurança, longe disso. Acontece que algumas coisas mal
resolvidas me amarram, então prefiro deixar tudo às claras, para conseguir
seguir.
Geralmente prefiro arriscar o sim a ficar na espera do: quem sabe um dia. Na minha modesta
opinião, pior do que o não é o talvez. Pior do que o não viver é pensar
todos os dias: e se eu tivesse vivido. Pior do que o deixar para depois, é a
incerteza do amanhã.
Algumas pessoas contam que o
tempo será capaz de auxiliá-las a tomar algumas decisões, mas cá entre nós,
acredito que o tempo é um ajudante perigoso. Ao mesmo tempo em que pode
contribuir para amadurecer um sentimento e uma certeza, costumeiramente tem a
mania de deixar aos poucos tudo apagado, sem cor, até que caia no esquecimento
e se torne num belo dia, mais um: “e se”, na nossa curta existência.
Ando cansada de tomar decisões,
mas o que é a vida se não um emaranhado delas. Desde a roupa que vou vestir
quando acordo, até a hora em que programo o despertador antes de dormir, tudo se
resume a um mar de decisões.
Quando a decisão depende
exclusivamente de nós, apesar de nada fácil, se torna mais simples, o problema
é quando está diretamente ligada a atitude de outra pessoa. Nesses casos parece
que só mesmo uma boa mágica para solucionar o problema e quando falo disso,
penso que algumas coisas deveriam desaparecer ou nunca ter acontecido, assim
evitariam essa inquietação que tira até o meu sono e confunde o ar enquanto respiro...