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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Para lavar a alma...



 “(...) No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
Por entre as ruínas de santa cruz lembrando nós dois”
(Último pôr-do-sol – Lenine)

Hoje estou precisando de um pôr-do-sol longo. Daqueles que duram minutos eternos, deixam quase todas as cores do arco-íris se apresentar e nos banham com um suspiro longo, lavando a alma a seco.
Na verdade, hoje um pôr-do-sol seria pouco para acalmar o coração. Talvez fosse preciso uma volta ao mundo para assistir a tantos pores-do-sol quanto quisesse. Sinto inveja do Pequeno Príncipe em dias assim, sorte a dele que só precisa afastar a cadeira para ter um pôr-do-sol a cada segundo... Um e depois mais um e outro e todos eles em um dia cheio.
Para dizer a verdade mudar de planeta seria uma boa para um dia como hoje. Ficar ali, sentada, mirando o horizonte, rodeada pelo nada, ouvindo o silêncio que deixa gritar meus barulhos interiores.
Estive em Jericoacoara no Ceará no final do ano passado e tive o prazer de presenciar um pôr-do-sol incrível. Avistar o astro rei despedir-se é um verdadeiro ritual naquele lugar. Próximo da hora do adeus, muitas pessoas se dirigem para uma duna enorme e ali se sentam aguardando o espetáculo.
O sol vai caindo aos poucos, aproximando-se do mar. Mudando a cor do céu, da areia, da água e da alma da gente. Subi a duna todos os dias em que lá fiquei para agradecer. Sentir a areia grudar na minha pele, a brisa fresca bagunçar meu cabelo, o crepúsculo me engolir, fazendo minha sombra sumir por completo...
Hoje gostaria de um planeta só meu. Queria ter um Asteroide B-612 para afastar minha cadeira dezenas de vezes até me acalmar. Queria que nele tivesse uma duna e um pouco de mar para que o pôr-do-sol mais incrível que já vi me acompanhasse quantas vezes fosse necessário.
Hoje um banho de mar ou de lua não acalmaria meu coração. Precisava mesmo de um banho a seco, de pôr-do-sol, do que resta da sua luz para recobrar minha energia, para silenciar meu caos e me trazer de volta a paz.
Um banho sem gota, sem tapete molhado ou guarda-chuva aberto. Um banho quente, mas sem fumaça, capaz de alegrar até mesmo os corações mais tristes, capaz de encorajar até mesmo a mais insegura das almas... Que hoje, admito ser a minha.



 Fotos de: Taline Libanio.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Bolacha recheada


 
Hoje abri um pacote de bolachas recheadas, daquele que na infância se dizia servir para passar o tempo e enganar o estômago, até que a merenda ficasse pronta ou o tão esperado almoço da mamãe fosse posto à mesa.
Fazia tempo que não comia uma bolacha desse tipo. Ando evitando comprar guloseimas há uns três anos pelo menos, quando decidi iniciar uma mudança de hábitos que deixou as gostosuras bem longe da minha dispensa e permitiu que quase vinte quilos fossem eliminados do meu corpinho.  
Na verdade descobri que não sou muito fã deste tipo de bolacha, elas são doces demais, logo me enjoam. Mas quando passei pela prateleira do supermercado e olhei aquela bolacha me deu certa nostalgia e quis novamente sentir aquele sabor. 
Confesso que também fui incentivada por uma garotinha de cinco anos que agora vive na casa dos meus pais e que durante meus dias de férias me permitiu voltar a ser criança.
Certo dia, enquanto dividia com ela uma caixa de bombons, ela abriu com cuidado um sonho de valsa, que parecia enorme naquela mãozinha e primeiro mordeu a parte superior, depois a inferior e por último o recheio branco, me lembrei de que fazia isso quando era criança e ultimamente até para comer bombons a pressa me engole e não me permite a delícia de saboreá-lo pouco a pouco.
Quando abri aquele pacote de bolacha hoje e senti o cheiro forte de chocolate, me esqueci dos conservantes, peguei a primeira e comi: primeiro uma parte, depois o recheio e por último a outra parte.
Ri sozinha da minha atitude enquanto abria outra bolacha e repetia o ritual. Alguns prazeres não deveriam nunca ser esquecidos. Com certeza muitos adultos ainda usam desta estratégia para comer bombons e bolachas, mas posso apostar que a maioria só o faz quando está sozinho ou em um ambiente íntimo. No meio de um restaurante, após um almoço de negócios partir um bombom no dente e guardar uma de suas partes para o final, não seria de bom tom... Será?
Depois de comer três bolachas e colocar o pacote de lado andei repensando sobre tudo o que fazia na minha infância e que hoje simplesmente deixo passar. Lembrei-me com saudade de quando ia até uma venda de grãos e legumes com minha mãe e colocava meus dedos devagar na saca de feijão, ia empurrando um a um até ver a mão e logo em seguida o antebraço sumir completamente na saca. Era tão gostoso!
Hoje, passo todo santo dia em frente ao mercado municipal da grande cidade, onde ainda vendem-se grãos em saca e até sinto o cheiro do pó fino que exala do lugar, mas nunca (em cinco anos) tive coragem de entrar na loja e colocar minha mão na saca. É claro que hoje, provavelmente, o vendedor não aprovaria. Contudo, acho que valeria a pena, ter a atenção chamada para reviver essa sensação.
Com quase trinta anos amadureci muito, principalmente em relação a meus valores, avancei ao cultivar minha paciência e evitar o julgamento alheio, mas acho que regredi em alguns aspectos...
Passei a ter vergonha de algumas coisas que deveriam ser copiadas e não esquecidas.
Conviver com crianças hoje em dia é ter diariamente o despertar dessas verdades escondidas... Esta com dúvida? Pergunte a uma criança o que ela faria. Quer saber se pode ou não pode? Pergunte a uma criança o que ela acha.
Acho que vou conviver mais com a garotinha de cinco anos que anda habitando minha casa, ela sim sabe o que é viver plenamente.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Feliz Mundo Novo!!



Foram muitas as especulações sobre o fim do mundo no final de 2012. Dia e hora certa para o planeta virar pó, construções subterrâneas para livrar algumas almas da tragédia, piadas sobre o evento anunciado e aquele medinho típico de quem não acredita em nada disso, mas que por via das dúvidas achou melhor ficar em casa no dia 21/12/12, comprar umas velas e armazenar comida caso algo de ruim acontecesse.
Pois então, mais de vinte dias depois do grande anúncio, cá continuamos. O mundo não acabou. Pelo menos não da forma como muitos esperavam.
A verdade é que o mundo sempre esteve acabando. Assim como nós que morremos um pouco a cada dia, a contagem regressiva do planeta iniciou-se lá atrás, quando sua estrutura começou a ser modificada por nós mesmos.
Confesso que fiquei temerosa com o fim do mundo, especialmente por estar dentro de um avião na véspera do ocorrido, certa de que se o fim realmente acontecesse começaria bem ali, no céu, com raios e trovões, e muita água rolando. Não presenciar o fim do mundo me trouxe alívio e um pouco de decepção.
É claro que não queria tê-lo visto, ainda existe muito por fazer aqui, mas que ao menos uma transformação eu esperava, isso preciso admitir. Percebi que o que poderia ter deixado as pessoas melhores lhes deu um simples ar de deboche. Como se nem mesmo “Deus” fosse capaz de vencê-las, de tirar-lhes o mundo.
Acontece que muitas pessoas esquecem que cada pessoa vive em seu mundo particular, rodeado de amigos, valores, parentes, planos... E que para que este mundinho sucumba não é preciso que o planeta inteiro vire pó, um simples ato, ou até mesmo um pensamento constante pode fazer o meu, o seu, o nosso mundo ir por água abaixo.
Então, quando refletir sobre as pretensões para este ano novo, não espere nada do mundo ou do ano, não é preciso desejar que o mundo acabe ou se renove, que o ano seja melhor ou mais calmo, é simplesmente preciso desejar mudar. A transformação está em você, não no resto do mundo.
Quando o relógio badalou meia-noite no dia 01/01/2013, desejei com toda minha força ter um ano melhor que o anterior. Desejei viver rodeada por pessoas que amo, desejei perpetuar o amor que havia invadido meu mundinho no finalzinho do ano anterior e mais do que isso desejei que o mundo não acabasse, especialmente o meu mundo.
Pela primeira vez em cinco anos a minha lingerie não foi cor de rosa, escolhi o amarelo almejando novos rumos profissionais e quem sabe um pouco mais de conforto e viagens para este ano...
 Novos sonhos, novos planos, novos desejos que poderão começar a ser realizados dentro de um lugar muito particular, o meu mundo, onde as regras são por mim ditadas e onde sou a primeira a sofrer suas consequências.
Então é isso... É bom estar de volta, é bom poder refletir e iniciar 2013 em um mundo novo! Dias iluminados, repletos de realizações é o que desejo a todos! Bons ventos e Feliz Mundo Novo! 

Ilustração de: Carlos Ruas. Disponível em: http://www.umsabadoqualquer.com/