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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Tempo



"O tempo às vezes é a janela do encontro...
Às vezes a janela da solidão
Às vezes o motivo que precisamos
para encontrar nossos defeitos
ou tratar de escondê-los...
Tempo é desculpa também
como perdão e justificativa
O tempo não cura, te engana
com outras situações
e se curou, não tinha ferida...
Tempo é a chuva no sertão
Tempo é o canto de assum preto...
dolorido, porém lindo!
Tempo também é alívio
Tempo é respiro!
O tempo, na verdade, nada faz,
apenas espera as ordens
de quem a ele pertence".
(David de Oliveira Filho)

Dizem que o tempo é o senhor de tudo, capaz de levar toda a tristeza embora e eternizar amores, saudades, esperança. Dizem que ele é capaz de mudar tudo, inclusive pessoas.
Dizem que o tempo consegue transformar lugares, vidas e histórias de amor. Já ouvi dizer que ele é capaz, inclusive de construir amores e destruir até mesmo os sentimentos mais nobres.
Dizem que com o passar do tempo a dor se apazigua, fica amena e as coisas ganham novo sentido. Ouvi dizer que quanto mais o tempo passa, mais claras as coisas ficam, inclusive em dias nebulosos.
Pelo que me disseram ele é capaz de acabar com qualquer dor, inclusive aquelas da alma e que quando ele  custa a passar é porque precisa desacelerar os ponteiros para nos fazer pensar.
Dizem que quando passa voando é porque já aprendemos alguma lição e estamos mesmo conseguindo aproveitá-lo da melhor maneira.
Dizem que boas companhias, lugares e uma boa conversa são indícios de que estamos no caminho certo, assim o tempo nos deixa e corre em busca de alguém perdido por ai e é por isso que para nós parece que os ponteiros se adiantaram.
Quando o tempo custa a passar ouvi dizer que é melhor olhar ao redor, e às vezes até de dentro para fora para saber o motivo de seu apego, na certa alguma coisa anda nos incomodando tanto que nem mesmo o tempo foi capaz de afastar e decidiu ali ficar, nos guardando, até que tudo se resolva.
Dizem ainda que tempo é dinheiro e que ele custa caro. Mas geralmente quem tem tempo de sobra não lhe dá valor e a quem ele faz falta certamente deve dele estar fazendo mau uso, com coisas que podem até ter sua importância, mas não são essenciais. E se tempo é dinheiro, de que vale ganhar dinheiro, gastando tempo e não ter tempo para gastar o dinheiro?
Disseram-me que o tempo não nos cura, apenas nos engana com novas situações, novas pessoas, mas basta um cheiro, uma música, uma frase ou riso para fazer com que todo o tempo passado retorne em segundos com a lembrança e aquele ar nostálgico, cheio de saudade.
Dizem ainda que o tempo é vago, que é capaz de apresentar novos horizontes, mas que também pode magoar. Já ouvi falar inclusive que o tempo é um péssimo conselheiro para assuntos sentimentais. Geralmente afasta sentimentos, recolhe tristezas, mas a saudade...Ah! Essa nem ele é capaz de eliminar.
E quando escuto alguém dizer: “Calma, com o tempo passa...Nada como o tempo...O tempo cura tudo...Com o tempo você esquece...”. Fico me perguntando: será mesmo que as pessoas acreditam nisso?
Confesso que já me utilizei do tempo para muitas questões, inclusive na ânsia de esquecer um amor, de amenizar uma saudade, e seria injusta se dissesse que ele não me ajudou, mas fazer passar, esquecer mesmo, ah... Isso confesso que não. Até hoje a saudade aperta e insiste em me estranhar, com lembranças de coisas de dez, oito, cinco anos atrás...
Sinto como se o tempo fosse capaz de reduzir as sensações, deixá-las sem muita significância, mas não acredito que ele seja capaz de nos fazer esquecer algo, muito menos alguém.
Creio mesmo que permitir ou não que alguém esteja para sempre em nossas vidas não depende do tempo, neste quesito ele não tem poder de decisão, somos nós que escolhemos quem fica e quem sai, quem passa e quem permanece, seja em muito ou pouco tempo. O que vale mesmo, não é o tempo, mas o que se viveu em cada segundo que o define.
Tive o prazer de estar com alguém nesses últimos dias que soube fazer de uma semana um ano, de um dia um mês e das minhas horas dias completos. Vivi intensamente cada sorriso, cada abraço, cada beijo e sei que o tempo pode levá-lo embora, afastá-lo de mim, mas nunca será capaz de apagar da minha mente e do meu coração seu toque, seu cheiro, seu riso e suas palavras.
O tempo na verdade ao assumir-se tão relativo acaba perdendo-se em suas contradições e isso é maravilhoso, pois são nesses momentos de confusão que os sentimentos se reafirmam e nos gritam sua importância, dizendo para o coração: aqui não é o tempo quem manda, sou eu!
Independente de tempo ou espaço, o que permanece é o que se edificou, seja por um dia, um ano, uma vida ou o tempo que for... E é deste tempo que quero me lembrar sempre! Do tempo que ameniza a dor, mas traz a saudade, do tempo que não me deixa esquecer o que foi verdadeiro, o que foi bom e o que não deveria nunca ter tempo para acabar...

Foto de: Murilo Mendes.

domingo, 22 de julho de 2012

Desculpe-me...


"Mas sei também que esse pensamento é idiota; as coisas acontecem do jeito que acontecem e estão certas assim. Não me arrependo de nada. Mas vezenquando passa pela cabeça um “ah, podia ter sido diferente…”. (Caio Fernando Abreu)

Hoje o silêncio me engoliu. Fiquei sem palavras por horas, nem mesmo em pensamento encontrava frases para me expressar. Não, não fiquei afônica novamente. A falta de palavras nada tem a ver com a ausência de voz, para dizer a verdade, representa mais a vontade de ter evitado dizer algo que hoje me fez calar.
Não gosto de ser magoada por ninguém, não gosto de me sentir enganada ou traída, mas pior que todas essas sensações juntas é saber que fui motivo de tristeza para alguém.
Neste ano é a segunda vez que me sinto assim, envergonhada, ridícula, capaz de dar parte do meu coração para fazer o tempo voltar e evitar algumas palavras, quiçá todas elas.
Quando alguém nos faz mal sabemos que cabe apenas a nós perdoar e esquecer. Por mais que a mágoa fira e insista em nos perseguir em pensamentos, uma hora ela se afasta. Nós podemos colocá-la para fora de nossas vidas e por vezes determinamos que nunca mais se aproxime, sendo preciso às vezes nos afastar de alguns lugares e pessoas por certo tempo, até que tudo se esclareça.
Mas quando a mágoa é causada por nós... Ah! Como é difícil lidar com a sensação de impotência e arrependimento.
Pedir desculpas, dizer que sente muito, implorar perdão, pode ser um bom começo de se resolver a situação, mas a mágoa, mesmo depois de algumas tentativas, pode permanecer e já não cabe mais a nós afastá-la. A espera por esta dissolução pode demorar meses e às vezes nunca passar, pois algumas pessoas não sabem gritar com a mágoa e mandá-la embora.
Não as culpo por isso, mas sinto tanto, tanto, por não ter evitado essa dor. Tento diariamente ser uma pessoa melhor quando vou deitar do que quando acordei, mas quando coisas deste tipo acontecem vejo o quanto preciso evoluir.
Aprendi a perdoar ao abrir meu coração para uma das pessoas mais importantes da minha vida e, posso afirmar que não tem ninguém neste planeta de quem eu guarde rancor, mesmo as pessoas que mais me chatearam. Felizmente não sofri grandes decepções, mas confesso que preferia vivê-las todas novamente e em maior intensidade do que ter que conviver com a sensação de que magoei alguém, nem que por um minuto ou um dia.
Estou com uma sensação de desconforto e o pior é que o que me causa incômodo não é despistável, pois vive em mim.
E por vezes me pergunto: Será que um dia saberei lidar com situações deste tipo? Será que um dia vou dar de ombros e fazer de conta que a culpa não foi minha?
Espero que não, de todo meu coração, pois mais doloroso que o desconforto que sinto agora seria saber que deixei de acreditar no amor, no perdão e nas pessoas. E já que não posso controlar o mundo, é melhor começar por mim...
Desculpe-me, sinto muito e espero de coração que a dor passe. Tão rápido quanto a lágrima que me escorre dos olhos agora, tão forte quanto o vento frio do final da tarde, capaz de levar embora até mesmo a pior das culpas e as maiores mágoas....Assim eu espero...

Foto de: Murilo Mendes.

domingo, 15 de julho de 2012

Vai! Surpreenda-me!


“A cada manhã, exijo ao menos a expectativa de uma surpresa, quer ela aconteça ou não. Expectativa, por si só, já é um entusiasmo. Quero que o fato de ter uma vida prática e sensata não me roube o direito ao desatino”. Martha Medeiros.

Acordei com uma vontade sem tamanho de ser surpreendia. Abri os olhos e me espreguicei longamente, tentando relembrar um sonho que ainda deixava vestígios ao despertar. Olhei o celular no criado mudo, na ânsia de encontrar uma ligação perdida ou uma mensagem inesperada, mas o máximo que consegui foi escutar o despertador gritando pela segunda vez.
Levantei-me sem pressa e enquanto o chuveiro esquentava pensava no que este dia me reservaria. Ficava pensando em coisas do tipo: E agora? O que terei pela frente? Qual será a novidade?
Sentia-me como se estivesse em uma tela de videogame, ansiosa pela nova fase, a espera de novos obstáculos, novos prêmios e personagens. Só me esquecia de que a vida real não nos concede vida extra, nem password ou superpoderes, o que torna as coisas um tiquinho mais complicadas, quiçá sem graça muitas vezes.
Mas ainda assim vivo querendo passar de fase. E tem horas que resmungo, reclamo que tudo anda tão difícil e logo respiro e penso: é porque você está em um nível acima, logo você se acostuma. E é assim que vou vivendo dia após dia sempre esperando uma nova fase, uma boa surpresa.
E quando nada acontece fico inquieta. Passo a procurar uma surpresa nas mãos do porteiro ao sair, na ligação transferida no trabalho, no fiscal do ônibus que me pede pra dar um passo para lá, no senhor que me interrompe para perguntar a hora, na criança que me pergunta se eu tenho um cachorro.
Mas tem dias que nada acontece, nem mesmo contas recebo de correspondência, o telefone não toca nem pelo serviço de telemarketing da minha operadora e nenhuma pessoa nova cruza meu caminho. É então que fico com aquela vontade maluca de ser surpreendida... Ah! Mas tem dias que eu desejo tanto, tanto uma surpresa!
Queria receber uma carta inesperada (nos dias de hoje até um e-mail seria válido), uma ligação de alguém que não converso há tempos, a visita de alguém que tenha decidido fazer parte do meu espaço, um convite sem recusa, um presente com um cartão, ou só um cartão, uma rosa jogada no portão, uma declaração em um outdoor ou num bilhete escondido no meio de um livro ou jogado embaixo da porta... Enfim... É tão fácil me surpreender!
Ultimamente tenho até sido surpreendida, mas pelas minhas decepções e dessas confesso que já estou farta. Quero surpresas boas que me tirem o ar e me façam sentir o estômago doer e o coração acelerar por segundos. Quero novo enredo e personagens na minha história, quero passar de fase, mesmo que o próximo nível seja mais difícil e perigoso. Desta fase já vivi tudo o que era possível, não há mais segredos, nem histórias para contar.
Eu quero o novo e quero já! Vai! Surpreenda-me!...Foi assim que caminhei até em casa, desafiando o destino a cada passo: Surpreenda-me! Agora, já!
E qual não foi a minha surpresa ao chegar em casa e receber de uma vez logo dois presentes: Surpresa um: puf! Surpresa dois: puf! Duas lâmpadas queimadas em menos de um minuto.
Com certeza isso me surpreendeu e me fez perceber que não basta querer jogar uma nova fase, é preciso estar preparada para todas as circunstâncias, inclusive é preciso aprender a aceitar a mudança de nível, por mais que a desejemos, pois um desejo mal realizado pode se transformar em um grande pesadelo.
No meu caso o destino foi sutil, dois dias na escuridão até conseguir uma escada emprestada, e comprar duas lâmpadas novas... Mas tudo bem, eu ainda não desisti e continuo o desafiando: Vai destino! Surpreenda-me!
E, por favor, desta vez com algo que me faça sorrir, acelere meu coração, colora meus dias e deixe meus olhos brilhando por muito mais tempo que estas lâmpadas econômicas que acabei de trocar...

Foto de: Murilo Mendes.

domingo, 8 de julho de 2012

Castelos de areia


Existem dias em que o sol parece se apagar mais cedo. A noite chega rápido e deixa tudo cinza, nem mesmo a lua cheia se faz notar. Uma sensação estranha invade meu peito e domina todos meus sentidos, um nó na garganta que não se incomoda com a dor que causa, insistente, permanece frio e rijo.
Hoje a música que mais combina com meu dia é o silêncio. A ausência de barulho me consola e me faz pensar no que trouxe essa angustia de volta.  Não há conhecimento, não há reciprocidade, não há vínculo, não haveria de ser decepção, mas foi, mais uma, uma mais entre tantas criadas pelas expectativas construídas dia a dia.
Sinto-me tola, a maior de todas, toda vez que isso acontece. Chego a perder o sono, dominada por uma ansiedade sem tamanho, criando detalhes, fazendo planos, construindo histórias com pessoas que nem abriram a porta de suas vidas para mim.
Dói me sentir assim. Ingênua, ridícula até. Incomoda ser criticada pela minha razão toda vez que subo na altura do mais alto prédio e me jogo, sem proteção, sem medo, pronta pra levar outro tombo, pronta mais uma vez para bater com a cara no chão.
Lembro-me de quando era criança e ficava construindo castelos de areia com minha mãe na praia. Sempre queria ficar mais perto da água, sentir a onda se aproximar trazendo aquela brisa salgada e ela me alertava o tempo todo: seu castelo vai ruir, seu castelo vai se desmanchar, o coloque mais para cá, em solo seco, seguro.
Mas que graça tinha montar castelos de areia no concreto?! Que graça tinha não poder pingar água sobre as torres e deixa-las enfeitadas como confeites de bolo, gota a gota?
E quando o mar mostrava seu poder e direcionava uma onda bem ali, no caminho do meu castelo eu o via desaparecer em segundos e por vezes corria, outras chorava e até ria. Tanto tempo, tanto planejamento e dedicação para ser levado assim, em segundos. Por vezes não achava nada justo, mas quem era eu para brigar com o mar, o jeito era recomeçar ou inventar nova brincadeira.
Hoje entendo bem as palavras da minha mãe. Os castelos de areia costumam ruir facilmente e não é só o mar o causador de seus estragos. Expectativas são como castelos de areia, quanto mais as alimentamos mais dolorida é a frustação de não as ver realizadas.  Expectativas criadas sem reciprocidade são castelos de areia ruídos pelo próprio pé...
Aprendi nesta semana que quanto maior o castelo, maior a decepção ao vê-lo sumir, muitas vezes sem nem tê-lo aproveitado, sem nem tê-lo vivido, sem nem tê-lo finalizado. Um amigo me disse que aprendeu a não se decepcionar não se entusiasmando demais com as pessoas. E eu disse a ele: um dia eu chego lá!
 Ainda me falta equilíbrio. Por vezes me envolvo de corpo e alma, em outras nem com o dedinho do pé e a vida vai aos poucos me moldando com suas ondas, com sua ventania, destruindo castelos que queria tanto um dia se tornassem de concreto.
Até ontem era um sonho. Um sonho de vida, que cheguei quase tocar, que achei finalmente iria viver, acreditava mesmo que era uma história reservada para mim, mas foi bem aqui, no auge da minha ilusão que descobri, mais uma vez, que o castelo era de areia...

“Tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica...”.
 Caio Fernando Abreu.


Fotos de: Murilo Mendes.

domingo, 1 de julho de 2012

Alma gêmea,minha alma...



Já tinham me dito uma vez que algumas coisas só conseguem entrar nas nossas vidas na hora certa. Se ainda não é a hora, provavelmente não terá sentido ou importância e é assim que muitas coisas que são incríveis para algumas pessoas não tem sentido nenhum para outras.
Recebi das mãos de uma grande amiga um livro há uns 3 anos atrás, cujo conteúdo, ela dizia, era impressionante e tinha feito muito sentido para sua vida. Fiquei com aquele livro na minha cabeceira por meses, começava a lê-lo e adormecia, insistia em folhear as páginas e alguma coisa me desviava a atenção, tentei até ler capítulos soltos, mas faziam menos sentido ainda, então o guardei.
Tirei o livro da minha vista e segui minha vida sem ele. Muitas coisas aconteceram neste período, mudança de rotina, de casa, pessoas que entraram e saíram da minha história, sentimentos nobres e alguns bem desagradáveis invadindo minha vida e o livro guardado na gaveta.
No mês passado conclui a leitura de um livro que estava no meu criado-mudo há quase um ano e pensei: E agora? O que vou ler?
Tenho livros novinhos, lacrados na minha estante que nunca consegui abrir, mas naquele dia nem me lembrei deles. Pensei logo no livro guardado há 3 anos e que havia sido considerado impossível de ler.
Peguei o livro, li sua crítica, observei os detalhes da capa e comecei a lê-lo. Era uma leitura fácil, gostosa, que fluía sem pressão. Não podia acreditar que antes não havia conseguido passar nem do primeiro capítulo. Um livro que hoje me fazia tanto sentido. Devorei cada página e em menos de uma semana a leitura havia sido concluída. Sincronizado com o ponto final, meu olhar havia se ampliado tanto quanto as letras que cristalizavam as ideias do autor e meus pensamentos nas noites insones.
Não era um livro de ficção científica, tão pouco falava sobre teoria ou dava lições de moral. Alguns o rotulariam como um livro de autoajuda, mas para mim caiu mais como um livro de autoconhecimento. Era um livro simples, curto e o que mais me interessou é que não contava um conto de fadas, mas uma história real. Sim, era um livro real.
Era um livro que falava sobre pessoas, sobre amor, sobre o amor real e sobre o encontro de almas gêmeas. Aliás, descrevia principalmente o significado destes encontros em nossas vidas. E quanto mais o lia, menos me sentia sozinha. E a cada página virada uma nova perspectiva se formava. A cada palavra lida uma pessoa insistia em fixar-se em meu pensamento... Mas que coisa! Três anos engavetado e agora me trazendo tanta transformação, tanta descoberta, tanto sentido.
Descobri durante o vai e vem das palavras que estava totalmente enganada sobre meu conceito de alma gêmea, diria até que havia me enganado sobre meu conceito de amor. Ainda tinha a visão infantil e ingênua do amor ideal, de contos de fadas que se cristalizaria no altar ao lado da pessoa amada, da alma gêmea.
E confesso que busquei isso por muito tempo, me sentindo sozinha por tantas vezes, desacreditando do amor e das pessoas em tantas ocasiões e pedindo ao destino um encontro inesperado, um esbarrão na saída do prédio, um olhar longo que me fizesse perder o fôlego e ter a certeza de ter encontrado minha alma gêmea. E como isso não acontecia fui me entregando a solidão, perdendo a crença no amor e desacreditando do encontro das almas.
Mas depois que li esse livro entendi que o amor está acima do encontro entre duas pessoas, vai além do encontro físico, ele é a essência de tudo o que se constrói, de tudo o que se vive e para recebê-lo é preciso estar pronto, é preciso doar-se.
Mas a lição mais importante que encontrei foi a de que o amor é eterno e estará sempre presente no encontro de almas gêmeas (e até em seus desencontros). Descobri que existe mais de uma alma gêmea em cada existência, por vezes duas ou até quatro e que estão ao nosso redor no abraço de mãe, no colo de um amigo, na confiança de um irmão. Não é preciso encontrar o homem da sua vida para ter um encontro com sua alma gêmea. Até por que pode ser que tenham escolhido não se encontrar nesta existência, ou tenham escolhido casar-se com uma alma afim para poder desenvolver qualidades que ainda não possui.
Descobri que sou uma pessoa privilegiada e que já encontrei, nesta curta existência, pelo menos duas almas gêmeas. Não, não vou me casar com nenhuma delas, mas isso não me preocupa, nem entristece, pelo contrário, me alegra, pois sei que nosso laço é eterno! Depois que compreendi a essência do encontro de almas gêmeas, descobri que não tenho o direito de me sentir sozinha, porque já tive o prazer de encontrar almas gêmeas, almas amigas e ainda tenho muito tempo para concretizar novos reencontros.
Creio que meu maior presente durante esta leitura foi o encontro com minha alma. Nela pude descobrir meu medo de amar, minha busca pelo amor surreal e consegui, depois de muitas páginas, colocar as afinidades acima das promessas, o amor real sobre as ilusões, identificando assim minhas almas gêmeas.
O livro que me trouxe esta reflexão foi: Só o amor é real, de Brian Weiss. É um livro lindo. Eu recomendo e desejo que ao lê-lo, encontre o amor em cada página e no amor possa encontrar-se com suas verdadeiras almas gêmeas...

“Para cada um de nós, existe uma pessoa especial. Muitas vezes, existem duas, três ou mesmo quatro. Todas vêm de gerações diferentes. Atravessam oceanos de tempo para estarem conosco novamente. Podem parecer diferentes, mas nosso coração as reconhece.
O reconhecimento da alma pode ser sutil e lento. O toque que nos desperta pode ser de um filho, de um pai, de uma mãe, de um irmão ou de um amigo leal. Ou pode ser da pessoa amada, que atravessa séculos para nos beijar mais uma vez”.   Brian Weiss

Foto de: Murilo Mendes.